Após 11 dias de um protesto de professores no sul do México ter sido duramente reprimido pela polícia, terminando com pelo menos 9 mortos e mais de 100 feridos, docentes mexicanos continuam mobilizados contra a reforma educacional imposta pelo governo de Enrique Peña Nieto – que, por sua vez, afirma que não irá dialogar com os manifestantes enquanto haja barricadas bloqueando estradas pelo país.
Os protestos, organizados pela CNTE (Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação), ocorrem há pelo menos 45 dias em várias cidades do México.
Além de marchas, os professores, junto a pais de alunos e apoiadores do movimento, mantêm diversas estradas bloqueadas.
Nesta quarta-feira (30/06) os manifestantes levantaram parcialmente os bloqueios que mantinham em pontos do estado de Chiapas, no sul do país, permitindo a passagem de carros particulares, veículos de transporte público e caminhões com gasolina e itens de necessidade básica.
Agência Efe
Em Chiapás, professores bloqueiam pontos para pressionar governo a diálogo sobre reforma educacional
Manuel Mendoza, representante da CNTE, afirmou à emissora Telesur que o objetivo dos professores é “evitar a falsa ideia de que o combustível e os produtos básicos estão acabando por culpa dos bloqueios que levam adiante para exigir suas reivindicações”.
Eles querem discutir a reforma educacional com o governo, especialmente a avaliação docente, a que foi atrelada o aumento dos salários dos professores. Segundo a CNTE, a exigência da avaliação já causou milhares de demissões de profissionais.
Governo quer fim de bloqueios
O governo, por sua vez, exige que os professores acabem com os bloqueios nas estradas. O titular da Secretaria de Governo, Miguel Ángel Osorio Chong, disse nesta quinta-feira (30/06) que não haverá negociação com os professores se os protestos forem mantidos.
“A última vez que estivemos com eles [professores] deixei claro que não haveria mesa [de conversas], por isso não há datas enquanto não puserem algo para demonstrar que há interesse em seguir adiante [nas negociações]”, afirmou Chong em entrevista ao site Enfoque Notícias.
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O segundo encontro entre o governo e a CNTE ocorreu na terça-feira (28/06) e terminou sem acordo.
Chong disse já ter informado aos professores que, em caso de diálogo, eles não deverão realizar nenhum tipo de protesto.
Na tarde desta quinta-feira (30/06), Chong se reunirá com familiares de vítimas do confronto em Nochixtlán, em Oaxaca, no sul do México, que deixou pelo menos 9 mortos e mais de uma centena de feridos em 19 de junho.
Segundo a agência France Press, os disparos na ocasião ocorreram quando cerca de 800 policiais federais e do Estado tentavam liberar a pista Oaxaca-México, bloqueada por professores e manifestantes. Na ação, pelo menos 25 pessoas foram presas.