Atualizada às 22:22
A polícia argentina cumpriu nesta quinta-feira (30/06) mandados de busca em imóveis da empresa Los Sauces, da qual Cristina Kirchner possui ações, no âmbito de uma investigação sobre um suposto esquema de corrupção durante seu mandato como presidente. Para ela, trata-se de “abuso de poder e perseguição política” com o “claro objetivo” de levá-la à prisão.
Cristina se pronunciou através de seu perfil no Facebook após a operação em pelo menos dez imóveis da empresa em diferentes cidades da província de Santa Cruz, no sul da Argentina. “Devo ser a única cidadã na história judicial argentina que é investigada por dois juízes federais simultaneamente sobre o mesmo processo”, escreveu a ex-presidente na rede social.
O juiz Claudio Bonadío, que ordenou a operação desta quinta-feira, investiga se houve pagamento de propinas relacionadas a licitações de obras públicas à ex-presidente através do aluguel de imóveis da empresa Los Sauces. Bonadío também é o responsável por outra causa contra Cristina, em que ela é investigada por “fraude contra administração pública” por supostas irregularidades na venda de dólar a futuro pelo Banco Central durante seu mandato.
A ex-presidente, que em abril acusou Bonadío de perseguição política e de ser “arbitrário, parcial, orientado politicamente”, disse hoje que a polícia “arrombou a porta” de um dos imóveis, alugado a terceiros, e que “fazia tempo – décadas, diria – que não se via um abuso de poder e perseguição política semelhante” contra alguém na Argentina.
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Ela também criticou a cobertura feita por alguns veículos de imprensa do país sobre o assunto. “Transmitirão ao vivo as inspeções, arrasando com os códigos vigentes e os mais elementares direitos e garantias que a Constituição Nacional reconhece a qualquer cidadão?”, questionou.
“Este não é o primeiro nem tampouco será o único processo que inventarão, nem a última ‘excursão de pesca’, estão fazendo isso desde 2003 até hoje”, disse a ex-presidente em referência ao início do mandato de Néstor Kirchner, seu falecido marido, como presidente.
Agência Efe/ Arquivo
A ex-presidente Cristina Kirchner durante seu mandato; 'não estamos nos Panama Papers', disse em referência a Mauricio Macri
Para Cristina, Néstor e ela são os chefes de Estado “mais denunciados e investigados” do país. “Como nunca tivemos contas ocultas ou bens não declarados no exterior, subtraindo-os do fisco argentino, sempre inventaram sobre as DDJJ [declarações patrimoniais juramentadas], que sempre foram apresentadas ao Fisco para pagar os impostos em dia”, afirmou.
Cristina também se referiu diretamente ao envolvimento de Mauricio Macri, atual presidente da Argentina, no escândalo dos Panama Papers, com a exposição de várias empresas não declaradas no exterior no nome de Macri e de seus parentes. “Não estamos nos Panama Papers nem em nenhum outro escândalo internacional. A propósito, alguém sabe se houve mandados de busca contra o presidente e sua família em suas casas, suas empresas ou seus escritórios?”, questionou.