Uma loja de armas na cidade de McHenry, no Estado de Illinois, nos EUA, decidiu se unir aos esforços para arrecadar fundos para as vítimas do ataque à boate gay Pulse, em Orlando. A iniciativa dos donos da loja, divulgada esta semana, foi rifar um fuzil AR-15, similar ao utilizado pelo atirador Omar Mateen para matar 49 pessoas dentro da boate no último dia 12.
Segundo os administradores da loja Second Amendment Sports, a intenção da rifa não é causar controvérsia ou promover o estabelecimento, mas ajudar as vítimas do massacre armado com mais vítimas da história dos EUA. “Nós queríamos fazer algo pela perda de vidas e pelas feridas causadas às pessoas em Orlando”, disse na quarta-feira (29/06) Bert Irslinger Jr, um dos donos da loja, ao jornal norte-americano Chicago Tribune.
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Loja rifará AR-15 para arrecadar fundos para vítimas de Orlando
A rifa custa 5 dólares e seu vencedor será anunciado no dia 31 de julho. A iniciativa foi anunciada na página do Facebook da loja e tem sido alvo de diversas críticas por parte dos usuários da rede social. Alguns observaram que o modelo da arma sendo rifada é idêntico ao que foi utilizado no ataque armado na cidade de Aurora, no Colorado, em 2012, em que um homem entrou atirando a esmo em um cinema, matando 12 pessoas.
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Kathleen Larimer, cujo filho foi morto em 2012, afirmou que a ação da Second Amendment Sports é “ofensiva”. “Armas não são brinquedos, devem ser levadas a sério. Rifar uma arma é não levar seu poder de matar a sério”, disse ela ao Chicago Tribune.
Colleen Daley, diretora do Conselho de Combate à Violência Armada de Illinois, disse ao jornal que aprecia a vontade de colaborar com a causa, mas que a iniciativa da loja é “desagradável e ofensiva”. “Estas são armas de guerra, feitas para matar um grande número de pessoas, que é o que aconteceu em Orlando.”
Agência Efe
Pessoa visita em memorial improvisado no centro de Orlando em homenagem a vítimas de ataque a boate gay Pulse
“Será que a Second Amendment Sports não tem nenhum senso de decência?”, questionou à agência Reuters a diretora legislativa da ONG Violence Policy Center, Kristen Rand, que luta pelo fim da violência com armas e por sua regulação.
Em resposta às críticas, Irslinger Jr afirmou que esta não é uma “questão de armas, é uma questão de terrorismo e crime de ódio”.
Logo após o ataque à boate Pulse, o presidente dos EUA, Barack Obama, visitou Orlando e pediu uma mudança nas leis que regulam a venda e a posse de armas do país. Na ocasião, o mandatário ainda instou o Congresso a “fazer a coisa certa” e aprovar medidas para evitar que pessoas sob investigação federal por suposta ligação com redes terroristas – como era o caso de Mateen – possam comprar legalmente no país “armas extraordinariamente perigosas”.