Atualizada às 17:16
O governo de Israel decretou, nesta sexta-feira (01/07), o bloqueio das estradas que levam à cidade de Hebron, na Cisjordânia, onde vivem mais de 700 mil pessoas, e anunciou a retenção de impostos que deveriam ser transferidos para a ANP (Autoridade Nacional Palestina). As medidas foram tomadas no contexto do aumento da violência entre palestinos e israelenses, com uma série de assassinatos perpetrados nos últimos dias na região.
Nesta sexta-feira, um israelense de 48 anos morreu após ter seu carro alvejado por um atirador não identificado ao sul do assentamento de Kiryat Arba, perto de Hebron. O motorista perdeu o controle do carro e o acidente deixou sua mulher e dois filhos feridos. Já nesta quinta-feira (30/06), uma menina israelense de 13 anos foi morta a facadas enquanto dormia em Kiryat Arba. O agressor, segundo autoridades de Israel, teria sido um palestino de 17 anos, que foi morto pela polícia logo após o ataque.
O Exército israelense informou que enviará mais centenas de soldados para Hebron. Segundo o porta-voz das Forças Armadas, Peter Lerner, essa é a ação militar “mais substancial” desde 2014 na região. Ele afirmou que a entrada e a saída de pessoas da cidade estarão bloqueadas e somente serão liberadas em “casos humanitários”, sem especificar em que consistiriam tais casos.
Agência Efe
Equipes fazem atendimento a vítimas ao sul do assentamento de Kiryat Arba, perto de Hebron
No restante da Cisjordânia, segundo Lerner, o Exército deve operar normalmente, mas em “alerta máximo”.
O Gabinete de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, também determinou que deduzirá, do valor que repassa à ANP, o equivalente ao montante que a entidade transfere às famílias de militantes palestinos presos em Israel. Segundo o jornal Times of Israel, o valor corresponde a milhares de shekels, a moeda israelense.
Israel transfere, mensalmente, cerca de 127 milhões de dólares em direitos aduaneiros aos palestinos sobre mercadorias que transitam em portos israelenses.
“Israel acredita que o encorajamento do terrorismo pela Autoridade Nacional Palestina – no incitamento e pagamento para terroristas e suas famílias – constitui um incentivo para assassinatos”, disse o gabinete de Netanyahu.
Está prevista para este sábado (02/07) uma reunião de emergência do Gabinete de ministros para Assuntos de Segurança de Israel sobre a violência na região nos últimos dias.
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Desde o início em outubro do ano passado da onda de violência denominada de “intifada das facas”, 35 israelenses morreram durante ataques de palestinos utilizando principalmente facas e outras armas brancas. No mesmo período, pelo menos 200 palestinos foram assassinados pelas forças de segurança de Israel após os ataques ou durante manifestações na região.
Também nesta sexta-feira, uma palestina foi morta a tiros por agentes de segurança israelenses em Hebron. Segundo a polícia, ela teria sacado uma faca para agredir uma policial que a revistava.
Já no posto de controle de Qalandiya, próximo de Ramallah, também na Cisjordânia, um homem palestino morreu enquanto muçulmanos tentavam chegar a Jerusalém para participar das orações na cidade. De acordo com fontes do hospital onde a vítima foi atendida, ele sofreu um ataque cardíaco em decorrência de inalação de gás lacrimogêneo.
Também nesta sexta-feira, o Quarteto para o Oriente Médio – grupo formado por Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU – divulgou um relatório em que afirma que Israel deveria paralisar a construção de assentamentos que impedem o desenvolvimento palestino. O documento indica que pelo menos 570 mil israelenses vivem nos assentamentos, considerados ilegais de acordo com leis internacionais.
Segundo os membros do Quarteto, que mediam um processo de paz entre palestinos e israelenses atualmente paralisado, a política de Israel “está erodindo constantemente a viabilidade da solução de dois Estados”.
O texto afirma também que líderes palestinos deveriam condenar agressões de palestinos contra israelenses, o que, de acordo com o Quarteto, não vem ocorrendo.
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, também pediu mudança nas políticas de Israel em relação a palestinos no início da semana, quando visitou a região. “Não podemos ignorar as causas da violência: a crescente raiva dos palestinos, a paralisia do processo de paz, o meio século de ocupação. Elas não justificam o terrorismo, mas apenas serão resolvidas por ação política”, disse Ban a Netanyahu, acrescentando que o premiê israelense necessita de “esperança” e “horizonte político”.