O ex-comandante do Exército chileno Juan Emilio Cheyre foi preso nesta quinta-feira (07/07) acusado de cumplicidade na morte de 15 pessoas em 1973, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) no país.
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Juan Emilio Cheyre foi preso acusado de cumplicidade na morte de 15 pessoas em 1973 em La Serena
Além dele, outros oito ex-oficiais foram levados ao primeiro regimento de polícia da capital, Santiago.
As 15 mortes, ocorridas no regimento “Arica” na cidade de La Serena (norte) em 1973, foram parte da chamada “Caravana da Morte”, ação de extermínio criada após o golpe que levou Pinochet ao poder no mesmo ano. A missão do operativo era perseguir e assassinar funcionários de administrações regionais do governo do presidente deposto, Salvador Allende, além de militantes de partidos de esquerda, sindicalistas e líderes comunitários.
De acordo com dados da organização Memória e Justiça, a Caravana da Morte passou por 16 cidades e foi responsável pela morte de 97 pessoas entre 30 de setembro e 22 de outubro de 1973.
Em entrevista à emissora CNN, o deputado do Partido Comunista chileno, Hugo Gutiérrez, disse que há provas sobre a participação do ex-comandante nas mortes. “Os sobreviventes diziam que viram [Cheyre] presente no dia em que foram fuziladas essas 15 pessoas. Cheyre esteve nesse regimento. Há testemunhos categóricos”, afirmou.
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Segundo o juiz Mario Marroza, que determinou a detenção, a decisão foi baseada no “conhecimento [de Cheyre] sobre o que estava acontecendo” em La Serena.
O indiciamento de Cheyre foi solicitado pelo programa de Direitos Humanos do Ministério do Interior do Chile em junho do ano passado.
O advogado do ex-comandante, Jorge Bofill, disse que seu cliente “esteve sempre disponível, mas é raro que alguém seja perseguido por 16 anos, isso é completamente extraordinário”.
A presidente regional do Grupo de Desaparecidos Políticos, Ana Merino, afirmou que a abertura do processo contra Cheyre é “um grande avanço” para esclarecer o que ocorreu no regimento em La Serena.
“Voltamos a acreditar na justiça”, afirmou”. “Que as pessoas intocáveis também vão para a prisão”, acrescentou.