A informante do Wikileaks Chelsea Manning encerrou nesta quarta-feira (14/09) uma greve de fome de cinco dias na prisão militar onde cumpre uma pena de 35 anos depois que o Exército dos Estados Unidos se comprometeu a facilitar seu tratamento e sua cirurgia de redesignação de gênero.
“Estou infinitamente aliviada porque o Exército está finalmente fazendo o correto. Aplaudo eles por isso. Isto é tudo o que queria, que me deixem ser eu”, disse Manning em comunicado divulgado no site que pede a liberdade da informante.
Manning, que começou a greve de fome na sexta-feira (09/09), manifestou sua satisfação depois que funcionários do governo anunciaram que ela vai ser submetida a uma cirurgia de redesignação de gênero, em conforme com as políticas que afetam os novos membros transgênero do serviço do Departamento de Defesa.
“Mas é difícil não se perguntar por que demorou tanto tempo. Também, por que eram necessárias medidas tão drásticas? A cirurgia foi recomendada em abril de 2016 (…). Em qualquer caso, espero que isto seja um precedente para os milhares de pessoas trans que esperam o tratamento de que necessitam”, acrescentou.
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Caso a cirurgia seja de fato realizada, a informante do Wikileaks será a primeira presa transgênero nos EUA a receber este tratamento medicamente recomendado, estabelecendo um precedente que poderia beneficiar milhares de prisioneiros, segundo o site.
Manning, de 28 anos, foi designada com o gênero masculino ao nascer, mas revelou que se identifica com o gênero feminino após a condenação em 2013 pelo vazamento de documentos secretos norte-americanos aos Wikileaks três anos antes.
Há dois meses, em julho, a ex-soldado Manning foi internada em um centro hospitalar após uma tentativa de suicídio que seus advogados vincularam à falta de tratamento.
“Necessito de ajuda. Necessitava de ajuda no começo deste ano. Me levaram ao suicídio pela falta de cuidado de que desesperadamente necessitei por conta do meu gênero”, disse Manning em comunicado ao anunciar o início de sua greve de fome.
Manning, analista de segurança do Exército no Iraque, vazou centenas de milhares de correspondências diplomáticas e documentos sobre a prisão de Guantánamo (Cuba) e as guerras do Iraque e Afeganistão, que foram publicados integralmente pelo Wikileaks.
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Chelsea Manning terá acesso a tratamento para a transição de gênero na prisão