O partido “A Esquerda” (Die Linke, herdeiro do antigo SED, que governava a Alemanha Oriental) teve, nas eleições municipais realizadas neste domingo (18/09) em Berlim, seu melhor resultado desde 2001, quando ainda concorria com o nome PDS. Ao obter 15,6% dos votos, ficou em terceiro lugar, subindo 3,9 pontos percentuais em relação ao último pleito, de 2011.
Os votos dados para “A Esquerda” provêm, majoritariamente, da região leste da cidade, até 1990 capital da Alemanha Oriental. Nos bairros da antiga Berlim Ocidental, no entanto, o partido amarga, normalmente as últimas posições quando a análise é feita bairro a bairro.
A eleição deste domingo também representou uma queda para os dois partidos que, juntos, governam a capital e o país (a União Democrata-Cristã – CDU – e o Partido Social-democrata da Alemanha – SPD), e o crescimento do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para Alemanha), que terá assentos na câmara regional.
Os resultados finais colocam o SPD, do atual prefeito, Michael Müller, com 21,6% dos votos (-6,7 p.p. em relação a 2011); a CDU, da chanceler Angela Merkel, com 17,6% (-5,7 p.p.); A Esquerda, com 15,6% (+3,9 p.p.); Verdes, com 15,2% (-2,4 p.p); AfD, com 14,2% (partido foi fundado só em 2013); e FDP (Liberais), com 6,7% (+4,9%). Com este resultado, SPD e CDU não conseguem mais formar governo sozinhos.
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'A Esquerda' teve melhor resultado em Berlim desde 2001; na foto, evento de encerramento de campanha na cidade
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Como foram vencedores, os social-democratas têm preferência para tentar montar gabinete, e a imprensa local fala em uma possível aliança SPD-Esquerda-Verdes, vista com bons olhos por estes dois últimos partidos. Essa aliança já existe em outro lugar da Alemanha e sustenta o governo do Estado federado da Turíngia, comandado por Bodo Ramelow (A Esquerda). Também é possível formar um gabinete estável nas eventuais coalizões SPD-CDU-Verdes e SPD-CDU-FDP.
Sou responsável, diz Merkel
A chanceler Angela Merkel assumiu nesta segunda-feira (19/09) a responsabilidade pelo revés eleitoral sofrido pela CDU em Berlim e admitiu que o mesmo se deve, em parte, à defesa de sua política de refugiados.
A frase de “nós conseguiremos” (“Wir schaffen das”), com que reiteradamente se referiu à capacidade da Alemanha para acolher os solicitantes de asilo chegados ao país, foi entendida “por mais de um como uma provocação”, apesar de que esta não era sua intenção, disse a chanceler. Segundo Merkel, a frase foi desconstruída até “perder seu sentido” e ficar “vazia”.
Merkel qualificou de “muito amargos” os resultados obtidos por seu partido ontem, assim como os que a CDU teve 15 dias atrás nas eleições do Estado federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde fez carreira política. A chanceler disse que estes tinham “sem dúvida” um “componente regional”, mas que isso não tira sua parte de “responsabilidade” direta nesses resultados, já que é a presidente do partido.