O clérigo islamita e líder do movimento social-religioso HIzmet, Fethullan Gülen, exilado nos EUA, disse neste domingo (25/09) ter “certeza” de que foi o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, quem planejou a tentativa de golpe de Estado ocorrida no país em julho contra si mesmo.
“Com todas as provas que saíram, que ele [Erdogan] planejou [o golpe] se tornou uma certeza. Ele está aproveitando o golpe para se reforçar”, afirma Gülen em entrevista ao jornal espanhol El País.
O clérigo, que vive no estado norte-americano da Pensilvânia desde 1999, explicou que antes via apenas como uma possibilidade o fato de Erdogan ter planejado um “autogolpe”.
Agência Efe
Gülen acusa Erdogan de ter planejado golpe contra si mesmo
Erdogan, por sua vez, acusa Gülen de ser o mentor da tentativa de derrubá-lo do poder. Por isso, a Turquia pediu aos EUA a extradição do clérigo — pedido reforçado pelo presidente durante a Assembleia Geral da ONU. “Se me acusam de algo, deveriam provar”, disse o líder do Hizmet.
Gülen já foi aliado de Erdogan, mas hoje é considerado um terrorista pelo mandatário turco. Após a tentativa fracassada de golpe, Ancara deu início a uma série de demissões de pessoas que estariam supostamente ligadas ao clérigo e ao Hizmet.
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Na entrevista, Gülen afirma que, embora sempre tenha desconfiado que Erdogan e seus aliados eram “intolerantes desde o princípio”, sempre apoiou líderes que prometem “melhorar a democracia, os direitos humanos e as liberdades na Turquia”.
Por esse motivo, o clérigo disse defender a entrada da Turquia na União Europeia (UE). Segundo ele, a adesão “consolidará a democracia turca e evitará futuros golpes militares ou o governo de um homem, que é o que busca Erdogan”.
Perguntado se Erdogan deve renunciar ao poder, Gülen, no entanto, não deu sua opinião. “Corresponde ao povo turco [a decisão] de mantê-lo ou forçar sua saída com seus votos”, afirmou ao El País.
Gülen pede que UE, EUA e Otan pressionem Erdogan para restabelecer a democracia, inclusive adotando sanções se necessário. Além disso, reivindica a realização de uma investigação internacional sobre a tentativa de golpe, que deixou 283 mortos.
“Se tal investigação concluir apenas um décimo do que Erdogan afirma, compro minha passagem e vou para a Turquia”, disse o clérigo, apesar de admitir que não há expectativas de um julgamento justo no país enquanto o atual presidente estiver no poder.