O Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos), da Argentina, divulgou nesta quarta-feira (28/09) os primeiros dados sobre pobreza no país desde 2012. Segundo o relatório, 32,2% da população no segundo trimestre de 2016 era pobre – e, desse total, 6,3% estavam abaixo da linha de indigência.
Esses índices indicam, na prática, que 8,78 milhões de argentinos são pobres – e 1,7 milhão, indigentes.
O que define se uma pessoa é pobre ou não depende de cálculos que envolvem o número de membros da família e a necessidade básica de alimentação de cada um desses grupos. O valor, então, é projetado em cima do preço da cesta básica.
Agência Efe
Presidente Mauricio Macri disse que dados sobre a pobreza na Argentina divulgados hoje são 'honestos'
De acordo com o jornal Página/12, por exemplo, uma família constituída por um casal de 30 anos de idade e três filhos menores de cinco anos precisa, por mês, de 13.136 pesos argentinos (cerca de R$ 2.750) para sobreviver. Se a renda for menor do que essa, ela é considerada pobre. Uma renda menor que 5.444 pesos (R$ 1.140) coloca a pessoa na indigência.
Em pronunciamento na Casa Rosada, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, classificou a pesquisa como “honesta” e disse que o Indec “colocou a verdade sobre a mesa”.
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“Vocês sabem que acabamos de obter o dado que estávamos esperando por parte do Indec, o da pobreza. Depois de anos de negociação, hoje sabemos qual é a realidade. (…) Hoje o Indec colocou a verdade sobre a mesa e disse o que é que está acontecendo na Argentina. Chega de mentiras e de ter que sofrer com a falta de respeito de nos dizerem que na Argentina há menos pobres que na Alemanha”, disse Macri em referência a uma declaração feita no ano passado pelo chefe de gabinete da ex-presidente Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, de que a taxa de pobres argentina era menor que a alemã.
Segundo o mandatário, o governo trabalhará para combater a pobreza no país por meio do desenvolvimento de planos de infraestrutura e igualdade de oportunidades. Afirmou também que “quer e aceitará ser avaliado” por sua capacidade de reduzir ou não a pobreza, mas não colocou metas de redução.
“Estou aqui para fazer todas as autocríticas. O que estamos começando a ter é uma informação estatística real. Hoje os números são os que refletem a realidade do país. O que tínhamos antes era uma ficção de cifras que não respeitavam a realidade. É óbvio que não se alcança a pobreza zero em quatro anos. Estamos fixando um caminho”, disse Macri.
Durante o governo da presidente Cristina Kirchner, que se encerrou em dezembro do ano passado, as pesquisas estatísticas sobre pobreza foram interrompidas em 2013, em meio a acusações de manipulação dos dados — negadas pelo governo. O último levantamento que se tinha até o momento era de 2012, que registrava que apenas 5,4% da população da Argentina era pobre.
Entretanto, no fim do ano passado a Universidade Católica Argentina realizou um estudo privado em que afirmava que 29% da população do país era pobre. Desse total, 5,3% estavam abaixo da linha de indigência.
Pobreza na América Latina
A nível regional, na América Latina 29,2% dos latino-americanos — cerca de 175 milhões de pessoas — eram pobres no final de 2015, segundo uma pesquisa divulgada em março pela Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) com informações fornecidas por cada país.
Em 2014, este número era de 28,2%. De um ano para o outro também houve um aumento na quantidade de indigentes; de 11,8% em 2014 para 12,4% em 2015. Ou seja, 75 milhões de latino-americanos vivem na extrema pobreza.