O príncipe Juan Carlos torna-se o chefe de Estado de fato em 30 de outubro de 1975 após o general Francisco Franco, o ditador da Espanha desde 1936, confirmar que estava muito doente para poder governar. O ditador de 83 anos passava por sérios problemas de saúde fazia perto de um ano. Três semanas após Juan Carlos assumir o poder, Franco morre de ataque cardíaco. Dois dias mais tarde, em 22 de novembro, Juan Carlos era coroado rei.
O avô de Juan Carlos era Alfonso XIII, o ultimo monarca governante da Espanha, que foi obrigado a se exilar em 1931 após a Espanha ter sido declarada república. Nascido na Itália em 1938, Juan Carlos retornou à Espanha em 1955 a convite de Franco, tendo recebido uma educação militar. Em 1969, Franco designou Juan Carlos seu sucessor. A despeito de ter jurado fidelidade ao regime despótico de Franco, o rei Juan Carlos deu início imediatamente à transição à democracia após a morte de Franco em 1975.
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O herdeiro ao trono de Espanha seria Juan de Borbón, filho do falecido Alfonso XIII. No entanto, Franco via-o com extrema desconfiança, acreditando que ele fosse um liberal que se opunha ao seu regime. Franco considerou então entregar o trono ao primo Juan Carlos, duque de Anjou e Cádiz. Afonso tinha se casado com uma neta de Franco em 1972 e era conhecido por ser um fervoroso franquista. Em resposta, Juan Carlos começou a utilizar o seu segundo nome Carlos para fazer valer o pedido à herança do ramo carlista da sua família.
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Nascido na Itália em 1938, Juan Carlos retornou à Espanha em 1955 a convite de Franco, tendo recebido uma educação militar
Finalmente, Franco decidiu ignorar aspectos geracionais, escolhendo como sucessor o príncipe Juan Carlos. Franco esperava que o jovem príncipe poderia ser preparado para assumir a nação, embora continuando a manter a natureza ultraconservadora do seu regime. Em 1969, Juan Carlos foi oficialmente designado herdeiro e dado a ele o título de Príncipe de Espanha e não o tradicional de Príncipe das Astúrias. Como condição de ser designado herdeiro da chefia de Estado, ele teve de jurar fidelidade a Franco e ao Movimento Nacional, o que não hesitou em fazer.
Juan Carlos reuniu-se com Franco e consultou-o muitas vezes ao mesmo tempo que o presunto herdeiro amiúde desempenhava funções oficiais e cerimoniais de Estado, a parte do ditador, o que provocava irritação nos republicanos moderados e entre os liberais, que esperavam que com a morte de Franco, ingressariam numa era de reformas institucionais. Durante esses anos, Juan Carlos apoiou publicamente o regime. No entanto, à medida que os anos avançavam, Juan Carlos começou a reunir-se privadamente com líderes da oposição política e exilados, que voltavam ao país para continuar sua luta. Teve também teve conversas secretas com o seu pai, que vivia no exílio, pelo telefone. Franco aparentemente desconhecia as ações do príncipe e negava que Juan Carlos era desleal à sua visão do regime.
Nos períodos em que Franco esteve incapacitado temporariamente de governar, em 1974 e 1975, Juan Carlos foi agindo como chefe de Estado. Perto da morte, em 30 de outubro de 1975, Franco entregou o controle total a Juan Carlos. Em 22 de Novembro, após o falecimento de Franco, as Cortes Gerais proclamaram Juan Carlos como Rei de Espanha e, em 27 de Novembro, Juan Carlos ascendeu ao trono espanhol numa cerimónia chamada de Unção do Espírito Santo, uma missa equivalente a uma coroação, na Igreja dos Jerónimos, em Madrid.