Após renunciar a uma segunda reeleição, deixando lugar para John
Kennedy, recentemente eleito na disputa contra o republicano Richard
Nixon, o presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower pronuncia em 17
de janeiro de 1961 um discurso de fim de mandato, retransmitido por
rádio e televisão.
Eisenhower expõe as tensões políticas e
econômicas ligadas ao complexo militar industrial que se reforçou
consideravelmente após a Segunda Guerra Mundial. O antigo general que
comandou as tropas ocidentais na invasão da Europa dirige uma última
advertência ao país que havia governado durante oito anos (1952-1960)
afirmando que “nada, na verdade, está definitivamente garantido”.
Conservador quanto à política fiscal,
Eisenhower se disse preocupado com o tamanho e custo crescente do
“establishment” da Defesa desde que assumiu o cargo em janeiro de 1953.
Em seu último pronunciamento presidencial, expressou essa preocupação em
termos que chocou abertamente muitos de seus ouvintes.
Leia mais:
Hoje na História – 1954: McCarthy acusa CIA de ter comunistas infiltrados
Hoje na História – 1952: Revolução derruba rei do Egito e proclama a república
Hoje na História: 1939 – Revelada carta de Einstein a Roosevelt sobre bomba atômica
Eisenhower começou descrevendo a mudança da
natureza do sistema norte-americano de defesa desde a Segunda Guerra
Mundial. Os EUA não poderiam mais “se permitir ao luxo de uma
improvisação de emergência” que caracterizou sua preparação de guerra
contra a Alemanha e o Japão. Em vez disso, o país era “compelido a criar
uma indústria permanente de armamentos” e a “montar uma enorme força
militar”.
Admitiu que a Guerra Fria deixava clara a
“imperativa necessidade de seu desenvolvimento”, mas se mostrou
gravemente preocupado sobre a “injustificada influência que o complexo
militar-industrial estava crescentemente conquistando.” Em especial,
pediu à nação a se precaver contra “o perigo que esta política pública
poderia tornar-se prisioneira de uma elite científico-tecnológica.”
Reações
A linguagem franca de Eisenhower aturdiu seus
apoiadores. Eles acreditavam que o homem que comandara o país “à
vitória em campos da Europa e do Oriente na Segunda Guerra Mundial” e
chefiou a nação em meio a “alguns dos momentos mais delicados da Guerra
Fria” pudesse mostrar-se tão pessimista face ao complexo
militar-industrial que se constituía.
Para a maioria dos ouvintes, contudo, parecia
claro que Eisenhower estava simplesmente expondo o óbvio. A Segunda
Guerra Mundial e a subsequente Guerra Fria resultaram num enorme e
poderoso sistema de interesses políticos. Quão necessário o
desenvolvimento do sistema de defesa pudesse ser, alertou Eisenhower, “o
novo complexo militar-industrial poderia enfraquecer ou destruir as
instituições e princípios que estavam destinados constitucionalmente a
proteger.”
Outros fatos marcantes da data:
17/01/1961: Patrice Lumumba é assassinado no Congo
17/01/1945: Exército Vermelho entra em Varsóvia
17/01/1966: Cientistas dos EUA protestam contra uso de desfolhantes químicos em plantações vietnamitas
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL