O diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Yukiya Amano, pediu nesta quinta-feira (17/11) ao Irã que esclareça a possível dimensão militar de seu polêmico programa nuclear. Apesar de não existir qualquer indício de desvio de urânio — necessário para a fabricação de bombas atômicas — no relatório da AIEA divulgado em 8 de novembro, Teerã teve seu programa nuclear colocado em questionamento pelas potências ocidentais.
“A informação (recebida de mais de dez países) indica que o Irã desempenhou atividades relevantes para o desenvolvimento de uma bomba nuclear”, garantiu o diretor-geral. “Peço ao Irã que instaure contatos substanciais com a AIEA sem demoras e que forneça os esclarecimentos exigidos sobre as possíveis dimensões militares de seu programa nuclear”, acrescentou.
O Conselho de Governadores, reunido entre esta quinta e sexta-feira para deliberar sobre o programa nuclear iraniano, deve adotar uma resolução que condene a República Islâmica por suas atividades.
A Agência Efe teve acesso à minuta da resolução, que expressa uma “profunda e crescente preocupação” com o Irã, embora não faça menção de uma nova denúncia perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o caso iraniano é abordado desde 2006. Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha se colocaram de acordo sobre a resolução, considerada por alguns diplomatas como um “ato simbólico”, mas sem consequências legais para o Irã.
Controvérsia
Após a publicação do último relatório sobre o Irã, Rússia e China criticaram a AIEA por considerar que o documento se baseia em “especulações”, em referência às informações entregues à agência pelos serviços de inteligência de cerca de dez países.
Amano respondeu às críticas dizendo que é seu dever compartilhar informação importante com os países-membros (da AIEA) que passou por uma análise rigorosa. “Durante os últimos três anos recebemos informações adicionais que nos dão uma imagem mais plena sobre o programa nuclear iraniano e que aumentam nossas preocupações sobre possíveis dimensões militares”, disse o diplomata japonês.
Dúvidas quanto à imparcialidade de Amano no comando da AIEA vieram à tona após divulgação de despachos diplomáticos dos Estados Unidos pelo Wikileaks, que revelaram uma promessa de alinhamento de Amano com os norte-americanos quanto ao programa nuclear iraniano.
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