O clima de insegurança e violência voltou às ruas do Egito nesta quinta-feira (03/02), após confrontos entre manifestantes e forças de segurança do país. No protesto, milharem de pessoas acusaram a Junta Militar, que governa o país provisoriamente, de ser a grande responsável pela tragédia que matou pelo menos 74 pessoas em um estádio de futebol de Port Said, na última quarta-feira (02).
Pelo menos duas pessoas morreram e cerca de 400 ficaram feridas durante os protestos realizados nas cidades de Suez e na capital Cairo. Os manifestantes pedem a renúncia imediata da Junta Militar, pois alegam que a confusão de quarta-feira foi motivada por questões políticas.
Efe
Duas pessoas morreram em Suez vítimas de tiros, segundo testemunhas
Na ocasião, após vitória sobre o Al Ahly, torcedores do Al Masry invadiram o campo para agredir os jogadores e a comissão técnica do time rival. Como os atletas conseguiram fugir para o vestiário, os torcedores voltaram-se contra a torcida adversária. A tragédia causou a morte de 74 pessoas e deixou centenas de feridos.
No Cairo, milhares de pessoas foram às ruas para protestar e acusar a Junta Militar por administrar mal o país no período de transição, imposto desde a queda do ex-presidente Hosni Mubarak há um ano.
Além disso, os manifestantes criticaram a atuação da polícia e do exército que, segundo eles, nada fez para conter a violência no estádio de Port Said na última quarta. Grupos de oposição afirmam que os ataques contra os simpatizantes do Al Ahly aconteceram porque os torcedores participaram ativamente dos protestos que levaram à queda de Mubarak no ano passado.
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Manifestação levou milhares de pessoas às ruas
“O que ocorreu ontem (quarta-feira) não tem outra explicação senão a de que é parte de um plano do Conselho Militar e do Ministério do Interior para jogar o país no caos e nos forçar a aceitar o regime militar”, afirmou Engy Hamdy, representante do Movimento Jovem 6 de Abril, um dos líderes da Primavera Árabe no país.
Durante sessão do novo Parlamento do país, 143 deputados assinaram um documento no qual acusam o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, pela tragédia. Os deputados pediram ainda que Ibrahim deixe o cargo, que deveria ser ocupado por um civil, segundo os deputados. “A relutância dos militares e policiais foi intencional”, acusou o presidente do Parlamento, Saad el-Katatni, da Irmandade Muçulmana.
Por fim, os deputados exigiram a instauração de processos contra ministros, dirigentes do Al Masry e o governador de Port Said. A pressão deu resultado e o primeiro-ministro Kamal El-Ganzouri assumiu a responsabilidade pelas mortes, dissolveu a Federação de Futebol do país e anunciou que o chefe de segurança de Port Said será preso.
Efe
Cerca de 400 pessoas ficaram feridas durantes os protestos contra o governo
Cerca de 50 pessoas foram presas por conta da tragédia no estádio, mas a Junta Militar, pressionada, afirmou que continuará em busca dos culpados. Apesar disso, os protestos continuam nesta sexta-feira (03/01) na Praça Tahrir, palco principal dos protestos do ano passado. O local fica próximo à sede do Ministério do Interior, principal alvo dos manifestantes. Membros do gabinete pediram que os egípcios não sigam as “chamadas maliciosas que pretendem propagar o caos e a instabilidade”.
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