Os argentinos vão às urnas neste domingo (27/10) para renovar metade da Câmara de Deputados para o período 2013-2017 e um terço do Senado para 2013-2019. No total, serão escolhidos 127 deputados federais pelos 24 distritos eleitorais do país e 24 senadores distribuídos igualmente entre Capital Federal, Chaco, Entre Ríos, Neuquén, Rio Negro, Salta, Santiago del Estero e Tierra del Fuego. Algumas províncias (estados) também renovam parte de seu legislativo local, como é o caso de Buenos Aires e da Capital Federal.
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Oficialmente, a campanha eleitoral para os cargos nacionais começou em meios de comunicação audiovisual no dia 2 de outubro, mas há quatro meses as legislativas de 2013 são comentadas em programas televisivos, jornais, rádios e mesas de bar. Em razão das primárias de 11 de agosto, desde princípios de junho, quando encerraram os prazos para apresentação das alianças e das listas de candidatos, o país está envolvido no clima eleitoral, marcado no último mês por acontecimentos que movimentaram o cenário político argentino.
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Operação da presidente
A três semanas do pleito, a presidente Cristina Kirchner teve que se ausentar dos comícios de seu partido, a FpV (Frente para a Vitória), por razões de saúde. Cristina foi submetida a uma operação para extrair um coágulo no cérebro no dia 8 de outubro e, desde então, está em repouso, o que impede a mandatária de acompanhar os eventos de campanha. Enquanto Cristina se recupera, o vice-presidente Amado Boudou, criticado inclusive por setores da base de apoio da presidente, está a cargo do país.
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Agência Efe
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Três dias depois do procedimento cirúrgico de Cristina, um acidente de helicóptero matou Margarita Ferra de Bartol, deputada federal pela província de San Juan, e deixou gravemente feridos o deputado federal Daniel Tomas e o governador da província, o também kirchnerista José Luis Gioja. Ambos os deputados eram candidatos a reeleição pela FpV e acompanhavam o governador, que continua internado, mas com evolução favorável, segundo informe médico. San Juan vai eleger neste domingo três deputados federais para sua bancada no Congresso nacional.
Atentados
No mesmo dia desse acidente de helicóptero, o governador de Santa Fe, Antonio Bonfatti, sofreu um atentado a tiros em sua casa na cidade de Rosario, a principal da província. O porta-voz de Bonfatti revelou que, às 21h15 de 11 de outubro, quatro homens encapuzados atiraram 14 vezes contra a casa onde o governador e sua mulher estavam.
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O atentado é atribuído a disputas relacionadas ao tráfico de drogas, que tem crescido em Rosario e é um dos principais assuntos da campanha eleitoral local. Nenhum dos disparos efetuados atingiu o político ou sua mulher.
Em Jujuy, província que faz fronteira com a Bolívia, a candidata a deputada estadual Milagro Sala, líder da organização Tupac Amaru, denunciou que, na tarde da última segunda-feira (21/10), ela e seus correligionários sofreram um atentado durante ato de campanha. Os militantes da Frente Unidos e Organizados pela Soberania Nacional, alinhada com o kirchnerismo, foram atacados com pedras e armas de fogo. Segundo a candidata, o objetivo era assassiná-la. Várias pessoas ficaram feridas, entre elas dois militantes atingidos por tiros.
Acidente de trem
A uma semana das eleições, no sábado (19/10) outro acidente de trem na cidade de Buenos Aires voltou a trazer à tona o debate sobre a qualidade do transporte público. Sem deixar vítimas fatais, uma composição da linha Sarmiento atravessou a plataforma na estação de Once, mesmo lugar onde um acidente similar matou 51 pessoas em fevereiro de 2012. Em junho deste ano, outro trem da mesma linha bateu contra outro que estava parado na estação de Castelar, no oeste da província de Buenos Aires, e deixou três mortos e centenas de feridos.
Três dias depois, o ministro de Interior e Transporte, Florencio Randazzo, anunciou a aceleração do processo de estatização da linha Sarmiento, que desde quinta-feira (24/10) passou a ser “operado plenamente pelo Estado” argentino. Em coletiva de imprensa, Randazzo afirmou que o governo decidiu que na linha onde ocorreram três acidentes em pouco mais de um ano “não vai mais haver gerenciador privado.”
O governo de Cristina Kirchner já havia anunciado em setembro o processo de estatização da Sarmiento e da linha MItre, que deveriam passar a mãos da SOFSE (Operadora Ferroviária Sociedade do Estado), mas o último acidente antecipou o processo. Em junho deste ano o governo já havia anunciado a rescisão de contrato para duas linhas ferroviárias que faziam transporte de cargas operadas por empresas privadas, entre elas a brasileira ALL (América Latina Logística).