Em tempos de zumbis em alta, um filme desponta no cenário do cinema cubano, tão pouco ligado aos gêneros – ou, isso, a gente imagina. O ponto é que, se é para dedicar tempo a vampiros e mortos vivos – que o filme seja B (e latino-americano, por que não?). Ou, isso, digo eu.
Divulgação
“Juan de los muertos” é o nome da história. Dirigido por Alejandro Brugués, jovem, porém experimentado cineasta nascido em Buenos Aires e cubano de nacionalidade, o filme foi apresentado ao público brasileiro durante o último Festival do Rio, onde, por sinal, foi bastante aplaudido.
A sinopse: Juan, um pescador de quinquilharias, sobreviveu a inúmeras crises cubanas e continua achando que sua ilha é um paraíso. Surpreendido por um ataque de zumbis (que o governo se esforçou em esconder, até que perdeu controle da situação), ele enxerga a oportunidade de ser patriota – eliminando os tais “dissidentes” e ainda embolsar uma grana. “Juan de los muertos, mato a sus entes queridos, en qué le puedo ayudar?”, diz ao atender ligações ao telefone.
Sem falar em boa fotografia e atuação competente, o longa ganha pontos com a tiração de sarro da política internacional, do embargo estadunidense e do cotidiano da ilha de Fidel. Se o tema é a moda dos zumbis, como uma metáfora do fim do mundo – e da fragilidade da moral humana diante disso –, nada mais interessante que situar essa crise em Cuba (e nos personagens que lutaram por ela, contra ela e os que ficaram no “meio” dela).
E, comentários estendidos, é de chamar a atenção a onda de filmes de terror, suspense e afins que anda tomando conta de algumas cinematografias da região. Basta reparar no Peru e no sucesso que os filmes nacionais desses gêneros conseguem em termos de público (um caso recente é este aqui). Para que não digam que o cinema latino-americano não se esforça por maiores bilheterias.
Publicado originalmente no blog La Latina
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