A executiva retratada como Hitler, com o símbolo da JPMorgan no lugar da suástica nazista; ao fundo, os EUA devastados pela crise. Imagem Wikimedia Commons
Blythe Masters pode ser considerada a exceção que confirma a regra. Responsável pela divisão de matérias-primas da JPMorgan, uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos, ela é a mulher mais poderosa de Wall Street, em um meio dominado por homens engravatados. Sob a sua liderança, os lucros de seu departamento triplicaram no período de um ano, chegando a 2,8 bilhões de dólares em 2011.
Masters, nascida em Oxford e amiga e “sponsor” de Hillary Clinton, não só é a maior movimentadora de petróleo, gás natural e cereais do mundo, como também é a inventora dos derivados financeiros. Segundo a revista italiana Studio, tudo nasceu graças a um desastre ecológico: em março de 1989 o navio petroleiro Exxon Valdez encalhou no Alasca, causando o segundo maior derramamento de petróleo na história dos Estados Unidos. A empresa pediu um empréstimo de 5 bilhões de dólares à JPMorgan, que se viu sob o risco de perder cerca de 400 milhões de dólares – os 8% de liquidez, de acordo com as regras bancárias da época. Entre perder o dinheiro e perder o cliente, Masters teve a ideia de vender o risco a terceiros, no caso a Banca Europeia para Riconstrução e Desenvolvimento (Bers).
O sistema foi aperfeiçoado ao longo dos anos e deu origem aos CDO, “armas financeiras de destruição em massa”, segundo o banqueiro e bilionário Warren Buffett. A carreira de Masters decolou desde então, e ela é uma das poucas executivas financeiras a ter prosperado durante a crise, graças também à sua discrição: ela não costuma dar entrevistas, e a última vez em que falou com um veículo de comunicação foi em 2008, ao jornal britânico The Guardian.
Em 2009, um estudo da Universidade de Cambridge concluiu que se o mundo das finanças fosse liderado por mulheres, a crise não teria acontecido. A carreira de Blythe Masters parece desmentir esta teoria.
Leia o perfil completo da executiva, em italiano, no site da revista Studio.
Assine a revista Samuel. Apoie a imprensa independente.
NULL
NULL