Foto por antonella.beccaria
Os tremores que têm sacudido a região de Emilia-Romagna, no nordeste da Itália, desde o dia 20 de maio, deixaram 23 mortos: seis no primeiro tremor, dia 20, e 17 no segundo, dia 29. Muitos foram vítimas do desabamento de estruturas danificadas no primeiro terremoto – operários, alguns imigrantes, soterrados enquanto trabalhavam. O jornal italiano Il Fatto Quotidiano questiona porque estes trabalhadores estavam fechados em prédios e galpões e não ao ar livre, como tantas outras pessoas, mantendo-se a salvo dos desabamentos em lugar de se preocupar com os balanços, a produtividade, o salário. “Voluntários desafiando as leis da natureza?”
Não. Em muitas empresas, especialmente as pequenas, com dez, quinze funcionários, o patrão exigiu que os empregados voltassem ao trabalho. “Nós estamos aqui”, seria a mensagem passada aos operários. “Um 'nós estamos aqui' que em muitos casos soou como 'é melhor que vocês voltem, porque se não trabalhamos hoje é problema meu; amanhã, é problema de vocês'”, comenta o jornal.
O marido de uma operária disse que ela foi reconvocada já na manhã do dia 21, logo em seguida ao primeiro terremoto. “Ela foi 'gentilmente' convidada a voltar ao trabalho. E se salvou (do desabamento do galpão da fábrica no dia 29) por milagre: foi a última a sair pela porta de emergência. O caso do meu tio é ainda mais significativo: seus colegas ligaram dizendo que era melhor que ele lesse o cartaz pregado na entrada da empresa. Um convite muito harmonioso e gentil: 'o terremoto passou, a vida continua. Quem quer, trabalha; quem não quer, pode se considerar de férias. São todos livres para fazê-lo'.”, contou.
Segundo o Fatto, seria esta a razão para que muitas das vítimas fossem mortas no desabamento de galpões de fábricas e prédios que abrigavam escritórios, enquanto poucas morreram dentro de suas casas – o jornal conta pelo menos 13 mortos enquanto trabalhavam, entre eles um indiano e um marroquino. O procurador da Repubblica de Modena, Vito Zincani, afirmou que “os trabalhadores estavam onde não deviam estar”, e pretende investigar porque em Medolla os operários permaneceram nas fábricas se quase toda a cidade tinha sido evacuada.
Fonte: Il Fatto Quotidiano
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