Em 17 de dezembro de 2010, Mohamed Bouazizi, um jovem tunisiano de 26 anos, ateou fogo ao próprio corpo. A autoimolação, motivada pelo descontentamento com a situação geral das condições de vida no país, tornou-se símbolo de uma revolução que, posteriormente, se espalhou por outros 16 países do Oriente Médio, numa série de eventos conhecida como Primavera Árabe e que prossegue até hoje.
Argélia, Egito, Líbano, Palestina, Bahrein, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Israel, Marrocos, Arábia Saudita, Síria, Iêmen e Emirados Árabes seguiram o exemplo da Tunísia e articularam suas próprias mobilizações.
Em meio às transformações no mundo árabe, dois nomes se destacam: Alaa Abd El-Fattah, blogueiro e ativista egípcio, e Nabeel Rajab, diretor do Centro de Direitos Humanos do Bahrein.
Julian Assange conversou com os dois ativistas para saber se eles acreditam que as manifestações foram bem-sucedidas e também para entender o que os motiva a continuar lutando, mesmo sob forte repressão.
Fotos Reprodução
Rajab havia sido sequestrado, torturado e preso pelo governo do Bahrein, país no qual atua como diretor do Centro de Direitos Humanos, causa que defende desde a década de 90. O ativista analisa o posicionamento de Arábia Saudita e Estados Unidos em relação ao seu país. “Eles querem que o Bahrein seja muito calmo e estável. E quando se trata do Bahrein, esta é a última coisa que os sauditas querem ver, uma revolução no Bahrein a poucas milhas de suas fronteiras. É por isso que os sauditas enviaram tropas para o Bahrein para participar da repressão, matar gente, deter pessoas.”
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Alaa, por sua vez, havia sido repentinamente detido antes da entrevista sob acusações de sabotagem e roubo de tanques, assassinatos, violência contra pelotões inteiros… “Eu tinha uma boa reputação e moral na prisão. Sabe, quando as pessoas são presas por roubarem carros… Mas eu fui acusado de roubar tanques”, ironizou na conversa. Hoje ele continua impedido de viajar.
O projeto “O Mundo Amanhã” foi produzido pelo WikiLeaks em parceria com o canal RT, da Rússia. A publicação foi autorizada pela Agência Pública.
A transcrição da entrevista também pode ser lida aqui.