Pela segunda vez na história do Mundial de Futebol, o Brasil é o país anfitrião do maior evento esportivo do planeta. Talvez a principal diferença entre o torneio de 1950 e o de 2014 esteja no alcance e na instantaneidade com que bilhões de pessoas acompanham os jogos, resultados e fatos relacionados à Copa.
Ao mesmo tempo em que o futebol e as Copas ganharam cada vez mais adeptos e torcedores, maior passou a ser a cobertura da mídia do evento que acontece a cada quatro anos. No caso do Brasil de 2014, são cerca de 20 mil jornalistas de todos os cantos do mundo relatando, fotografando e mostrando o que acontece no país.
A Samuel, agora em sua versão eletrônica, também dedica o período da Copa a trazer o que a mídia independente do Brasil e do mundo vem registrando sobre o antes, o durante e o depois do evento, seus participantes e espectadores. Textos e vídeos postados diariamente darão a medida dos diferentes olhares e observações que irão marcar o cotidiano dos 32 países representados no evento.
Veja todo o material do especial Samuel na Copa:
A intimidade dos brasileiros com a essência do futebol
Seleção australiana tem música oficial gravada por cantora pop
“Allez les bleus! Viva l'Algérie!”
Pikachu pega carona na seleção japonesa
Honduras: onde o futebol explica a sociedade
Um amor tão grande pela Itália
Somos gigantes, somos fortes, somos os nigerianos
O bem-humorado fantasma uruguaio
As surpresas da seleção da Rússia
Cinco falácias e cinco verdades sobre a Copa
Contra o separatismo, Diabos Vermelhos
Moreno Berti
Estátua de Sir Alex Ferguson, o “Furioso”: o técnico do Manchester ganhou homenagem permanente no estádio
Qual é o nome da figura alta, com olhar metálico, que não serve para técnico do Manchester United? Não, não se trata do ex-técnico David Moyes, mas da estátua de bronze de Sir Alex Ferguson [técnico do Manchester por 27 anos antes de Moyes], instalada em uma das áreas do estádio Old Trafford.
Em abril deste ano, a demissão de Moyes foi a maior notícia internacional sobre futebol e, dentre outras coisas, a presença imponente do Furioso – apelido dado a Ferguson – no estádio Old Trafford foi que recebeu a culpa pela queda do antigo técnico do Everton.
A estátua de bronze de 2,75 metros, localizada do lado de fora da arena Sir Alex Ferguson, é um ótimo exemplo de como o técnico foi imortalizado no Theatre of Dreams, como é conhecido o estádio inglês.
Isto é sinal de um fenômeno bastante moderno, o das estátuas sobre pessoas e temas ligados ao futebol. Oportunamente, um cara em Sheffield acaba de compilar o primeiro banco de dados de esculturas desse tipo em todo o mundo.
Desde que a grande estátua de Ferguson foi inaugurada, em novembro de 2012, quatro outras esculturas similares foram instaladas em todo o Reino Unido, o que eleva a cifra britânica a 80. Isto é mais do que Espanha, Brasil e Holanda juntos, e quase um quarto de todas as mais de 350 estátuas ligadas ao futebol de 56 países do mundo todo.
Jogador anônimo
Algumas das mais icônicas estátuas britânicas incluem “Os Campeões”, em Newham (cidade que faz parte da Grande Londres) e que representa Bobby Moore [capitão da seleção vencedora do Mundial em 1966] segurando a taça nos ombros de seus colegas Martin Peters, Sir Geoff Hurst e Ray Wilson e Jock Stein, que ganharam o primeiro Campeonato Europeu, em 1967, no Celtic Park; a obra que representa Bill Shankly, o técnico que levou o Liverpool da Segunda Divisão até o topo do campeonato nacional, do lado de fora da geral, no estádio Anfield; bem como dos jogadores Duncan Edwards, Sir Bobby Robson e Brian Clough, dentre muitos outros.
A primeira estátua de um jogador anônimo, “O Futebolista”, pode ser encontrada em Copenhague, na Dinamarca, e data de 1903, enquanto a primeira homenagem do tipo no Reino Unido é dedicada ao jogador Harold Fleming, da equipe do Swindon Town (atualmente, na terceira divisão inglesa) tendo sido inaugurada em 1956.
Pouco surpreendentemente, o jogador com o maior número de estátuas individuais é o atacante brasileiro Pelé, com seis em seu país natal e uma sétima a ser inaugurada em junho. Diego Maradona e Eusébio possuem duas cada um; já Alfredo Di Stefano, Marco van Basten e Jimmy Hill têm uma estátua cada.
Matt Brown
“Os Campeões”: monumento em Newham lembra a primeira vitória inglesa no Campeonato Europeu
Glória e identidade
Estas estátuas já se tornaram comuns em cidades historicamente relacionadas ao futebol, de Glasgow a Madri, de Londres ao Rio de Janeiro, embora quase todas as esculturas tenham aparecido ao longo das últimas décadas.
“Quase 95% das estátuas de jogadores de futebol foram criadas depois de 1990, e mais da metade delas na última década, o que mostra que se trata de um fenômeno majoritariamente moderno”, diz Chris Stride, estatístico da Universidade de Sheffield, que criou um banco de dados de todas as estátuas ao redor do mundo comemorando heróis do futebol.
“A razão básica por trás desse fenômeno são as estratégias de marketing dos clubes, que se baseiam na promoção pela nostalgia e autenticidade, bem como no desejo dos fãs de projetar a identidade única de seus times em um jogo cada vez mais globalizado”, sustenta Stride. “As estátuas também estão sendo colocadas por cidades e organizações comerciais, que buscam refletir a glória e a identidade de seu patrimônio esportivo local.”
Tradução Henrique Mendes
Texto originalmente publicado em The Big Issue, revista impressa semanal de jornalismo independente, vendida exclusivamente por moradores de rua e desempregados em cidades inglesas.
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