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Aluna da escola Ariel conversa com Regina Beach, educadora que promove alfabetização financeira com crianças do pré-escolar
Qual a diferença entre economizar dinheiro e investi-lo? Como se faz um orçamento? Para a secretária da Fazenda de Chicago, Stephanie Neely, essas questões básicas de finanças são melhor abordadas pela primeira vez não com os adultos: na realidade, essas perguntas deveriam ser feitas às crianças.
“Se você leva essas questões para elas no ensino médio, nessa altura é muito tarde para mudar comportamentos”, disse Neely durante entrevista em seu gabinete da Prefeitura. “Em se tratando de conhecimento financeiro, nunca é realmente muito cedo para começar.”
Neely, que está no meio do seu segundo mandato de quatro anos, lançou recentemente uma campanha para tornar o conhecimento financeiro uma matéria regular do currículo da grade escolar em Chicago. Ela importou um programa criado pela Fundação Canadense para Educação Econômica em parceria com o Grupo Financeiro BMO, intitulado “Dia de Falar com Nossas Crianças sobre Dinheiro” (Talk With Our Kids About Money Day). No fim de abril, Chicago se tornou a primeira cidade dos EUA a adotar a iniciativa, que está começando em cerca de 100 escolas da cidade.
O programa, custeado pela BMO, inclui currículo e atividades para professores usarem durante todo o ano. Educadores receberam um guia de educação financeira, que é uma ferramenta para professores incorporarem conceitos de finanças pessoais em seu currículo de matemática e estudos sociais. O gabinete de Neely também sediou uma mesa redonda com 50 defensores locais e nacionais da educação financeira, incluindo membros do Conselho Consultivo sobre Competência Financeira da Presidência, para discutir o guia.
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Como observa Neely, os eleitores estão preocupados com serviços – quando eles enfrentam dificuldades com as próprias contas, é difícil se interessar pelas escolhas da administração municipal. “Eles não estão perguntando sobre a classificação de crédito da cidade”, disse ela.
Então, por que a encarregada das finanças municipais está envolvida com o currículo de crianças em fase escolar? Porque ela diz que isso se conecta diretamente com um problema comum em grandes cidades: falta de serviços financeiros adequados para pessoas de baixa renda. Chicago se uniu a outras cidades do país para lançar o programa “Bank On”. Uma parceria entre autoridades do governo local, instituições financeiras e organizações de cunho comunitário, o Bank On concede a pessoas de baixa renda e pessoas com pouco ou nenhum acesso a serviços bancários um início gratuito ou de baixo custo, uma “segunda chance” em contas bancárias e acesso a educação financeira. São Francisco foi a primeira cidade nos EUA a lançar esse tipo de programa, em 2006.
De acordo com uma pesquisa feita em 2011 pela Federal Deposit Insurance Corporation, quase 1 em cada 10 domicílios americanos não utiliza serviços bancários, o que significa recorrer a casas de penhor e serviços de troca de cheque por dinheiro rápido. Cerca de 20% dos estadunidenses têm pelo menos “serviços bancários insuficientes”, o que significa que usam serviços financeiros alternativos e caros, tais como empréstimos vinculados ao dia do pagamento de salário.
“Eu costumava dizer: ‘Vamos nos livrar de credores de dia de pagamento”, disse Neely. “Mas então eu entendi que eles de fato atendem a uma necessidade: não é todo mundo que pode ir a um banco e abrir uma conta corrente com talão de cheques.”
Tradução: Maria Teresa de Souza
Matéria original publicada no site Governing, publicação com foco em política e gestão que cobre temas como finanças públicas, transporte e desenvolvimento econômico.