A Batalha de Pusan foi um confronto de grande escala entre as forças da ONU (Organização das Nações Unidas), comandadas pelos Estados Unidos, e as da Coreia do Norte que teve lugar entre 4 de agosto e 18 de setembro de 1950. Na ocasião, um exército de 140 mil soldados das Nações Unidas, empurrado à beira da derrota, foi reunido para resistir ao Exército Popular de Pyongyang, que havia invadido a Coreia do Sul com 98 mil soldados.
As forças das Nações Unidas montaram a resistência no Perímetro de Pusan, para onde foram empurrados, uma linha defensiva de 225 quilômetros, ao redor de uma área na ponta sudeste da península da Coreia, rechaçando repetidos ataques norte-coreanos durante seis semanas de combate em torno das cidades de Taegu, Masan e Pohang e o rio Nakdong.
As tropas norte-coreanas, apesar dos problemas logísticos e de pesadas perdas, lançaram-se ao ataque com o objetivo de penetrar no perímetro e destroçar a linha de defesa. A força inimiga, porém, valeu-se do porto para reunir uma esmagadora vantagem numérica, além de armamento moderno e fluxo logístico, a par do apoio da armada e da força aérea.
Depois de seis semanas, a força norte-coreana retrocedeu derrotada após o contra-ataque em Incheon em 15 de setembro. A batalha seria o avanço mais profundo levado a cabo pelas tropas do norte, já que os combates subsequentes acabariam levando a guerra a um ponto morto.
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Tropas da ONU lideradas pelos EUA tentam atingir posições de Exército norte-coreano nos arredores da cidade de Pusan
Com a eclosão da guerra, o Conselho de Segurança da ONU, na ausência proposital da União Soviética que teria direito ao veto, decidiu enviar tropas em apoio da Coreia do Sul. As forças norte-americanas no Extremo Oriente tinham diminuído desde o fim da Segunda Guerra Mundial e as tropas mais próximas eram a 24ª Divisão de Infantaria do 8º Exército, que tinha seu quartel-general no Japão.
Esta divisão foi a primeira unidade enviada à Coreia com a missão de resistir ao ataque inicial do inimigo, contendo-o de modo a permitir a chegada de novas tropas aliadas. A divisão permaneceu sozinha por várias semanas, até que duas divisões de infantaria, uma de artilharia e outras unidades do 8º Exército conseguissem se posicionar.
No primeiro mês, após a derrota da força-tarefa Smith, os soldados da 24ª Divisão foram derrotados repetidamente e forçados a retroceder para o sul ao redor de Chochiwon, Chonan e Piongtaek, quase completamente destruídos. Houve certa resistência na Batalha de Taejon o que impediu que o norte parasse de avançar até 20 de julho, permitindo que forças tropas frescas de diversos países ali chegassem.
Tendo capturado Taejon, as forças norte-coreanas passaram a cercar o perímetro de Pusan. Duas divisões de infantaria avançaram desde o sul numa ampla manobra. Estavam coordenadas para bloquear o flanco esquerdo das tropas das Nações Unidas e fizeram-nas retroceder repetidamente.
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No leste, o Exército norte-coreano de 98 mil soldados avançou sobre o sul com 6 colunas, tomando o Exército sul-coreano de surpresa. Numericamente superiores, destruíram a resistência de 38 mil soldados sul-coreanos em marcha batida para o sul. Em 28 de junho, já haviam capturado a capital da Coreia do Sul, Seul, forçando o governo a recuar ainda mais para o sul.
Ainda que obrigadas constantemente a recuar, as tropas sul-coreanas aumentaram a resistência com o objetivo de retardar o inimigo o mais possível. Nesse momento, os combates levaram a fortes baixas dos dois lados. Defendendo ferozmente Yongdok, o Exército sul-coreano conseguiu repelir as tropas do norte na Batalha de Andong, antes de recuar mais.
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No oeste, forças estadunidenses do 29º Regimento de Infantaria, recém chegados ao país, foram varridas em Hadong numa emboscada coordenada pelos norte-coreanos em 27 de julho, deixando uma passagem aberta para a área de Pusan.
[Militares dos EUA desembarcam em Pusan para participar de batalha]
Posteriormente unidades norte-americanas conseguiram derrotar e fazer retroceder o inimigo no flanco sul na Batalha de Notchel de 2 de agosto.
A ONU estabeleceu em julho e agosto de 1950 um perímetro em torno da cidade portuária de Pusan, de cerca de 225 quilômetros, indo do estreito da Coreia ao mar do Japão a oeste e norte de Pusan.
Salvo o delta do rio Nakdong e o vale entre Taegu e Pohang-dong, o terreno era extremamente íngreme e montanhoso. Desse modo, o comando aliado estabeleceu o Perímetro Pusan numa localização delimitada pelo mar do Japão ao sul e ao leste, o rio Nakdong a oeste e o terreno montanhoso ao norte, usando-o como defesa natural.
As forças da ONU também sofreram baixas relacionadas com o calor do verão, já que a região de Nakdong tinha pouca vegetação e água potável. Uma severa seca, combinada com temperaturas de 40°C, contribuíram com grande quantidade de mortes.
As forças do Exército Popular da Coreia do Norte dispunham de uma estrutura de dez divisões mecanizadas, originalmente com 90 mil soldados bem treinados e equipas com centenas de tanques T-34. No entanto, as ações defensivas levadas a efeito pelas tropas norte-americanas e sul-coreanas haviam retardado significativamente os norte-coreanos, custando a eles 58 mil baixas e uma boa quantidade de tanques.
A fim de refazer as perdas, tiveram de recorrer a conscritos menos experientes, muitos dos quais tomados das regiões conquistadas da Coreia do Sul. No curso da batalha, os norte-coreanos criaram um total de 13 divisões de infantaria e uma divisão blindada para que combatessem no Perímetro de Pusan.
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As forças da ONU estavam sob o comando do Exército dos Estados Unidos. O 8º Exército servia como quartel-general e estava aquartelado em Taegu. Sob esse comando se encontravam três debilitadas divisões norte-americanas, quando chegaram duas divisões frescas de infantaria entre 14 e 18 de julho. Estas forças ocuparam o segmento ocidental do perímetro, ao longo do rio Nakdong. O exército da Coreia do Sul, com 58 mil soldados, estava organizado em dois corpos e cinco divisões.
Uma reconstituída divisão de infantaria foi colocada sob o controle direto do Exército sul-coreano. A moral entre as unidades das Nações Unidas era baixa devido à grande quantidade de derrotas sofridas até então. As tropas estadunidenses haviam sofrido mais de 6 mil baixas durante o mês anterior, enquanto o Exército sul-coreano havia perdido cerca de 70 mil soldados.
A quantidade de tropas de cada lado foi difícil de estimar em investigações subsequentes. O Exército norte-coreano tinha em torno de 70 mil soldados comprometidos no Perímetro de Pusan em 5 de agosto, com a maioria de suas divisões com extremamente baixas dotações.
Havia provavelmente menos de 3 mil soldados nas unidades mecanizadas e em torno de 40 tanques T-34 no front, devido a grandes perdas sofridas. O comandante-chefe Douglas Mac Arthur informou que havia 142 mil soldados das Nações Unidas em 4 de agosto, dos quais 47 mil eram tropas de combate terrestre estadunidenses e 45 mil, tropas de combate sul-coreanas.
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Tanques norte-coreanos é destruído por bombardeio de forças aéreas norte-americanas na cidade de Waegwan
Destarte, a força de combate terrestre das Nações Unidas sobrepujava em número as forças norte-coreanas que eram de 98 mil combatentes. As tropas aliadas mantiveram completo domínio do ar e do mar e unidades da força aérea e armada dos Estados Unidos proporcionaram apoio às unidades em terra, sem virtualmente nenhuma oposição.
O comando da guerra naval foi assumido pela 7ª Frota dos Estados Unidos e o grosso do poder naval também era estadunidense. O Reino Unido também contribuiu com pequena força-tarefa naval, incluindo porta-aviões e cruzadores.
A Austrália, o Canadá, a Holanda e a Nova Zelândia também entraram com navios. Algumas centenas de caças-bombardeiros da 5ª Força Aéreas foram posicionados justo em frente a costa e a bordo do USS Valley e do USS Philippine Sea. No final da batalha, o 8º Exército já contava com mais apoio aéreo que teve o 12º Grupo de Exércitos dos Estados Unidos do general Omar Bradley durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante setembro de 1950, à medida que a batalha se desenvolvia, mais tropas chegaram dos Estados Unidos e outros países. A 2ª Divisão de Infantaria, o 5º Regimento de Combate, a 1ª Brigada de Infantaria da Marinha e a 27ª Brigada da Commonwealth britânica chegaram a Pusan já no final dos combates, junto com grande quantidade de equipamento bélico, incluindo mais de 500 tanques. No final da batalha, o tamanho do 8º Exército havia passado das 3 divisões originais sem suficiente dotação e não preparadas para 4 formações bem equipadas e prontas para a guerra.