Na última semana, diversos veículos da mídia internacional criticaram, por meio de reportagens, artigos de opinião e editoriais, a conduta do juiz federal brasileiro Sérgio Moro na Operação Lava Jato.
The Economist, The Guardian e Der Speigel são alguns dos veículos que publicaram editoriais ou reportagens afirmando que Moro estaria fazendo política ao divulgar para a mídia os áudios de uma conversa telefônica entre Lula e Dilma.
Camila Alvarenga/Opera Mundi
Mídia internacional acredita que juiz federal Sérgio Moro tenha 'passado dos limites'
“Nos últimos meses, o sucesso de Moro aparentemente subiu à cabeça. O juiz faz política — o que não é sua função”, escreveu a revista semanal alemã Der Spiegel na sexta-feira (19/03).
“A divulgação de escutas telefônicas entre Lula e a presidente Dilma Rousseff, poucas horas antes da noemação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil, persegue apenas um objetivo político, e é extremamente contestada juridicamente, para dizer o mínimo”, defendeu Jens Glüsing, autor do artigo.
Agência Efe
Manifestação em São Paulo na sexta-feira (18/03): ato pró-democracia
A revista norte-americana The Economist também acredita que Moro teria “ido longe demais”, afirmando existir um confronto entre o poder Judiciário e o Executivo que ficou “mais estranho e mais implacável” após o vazamento dos grampos.
“[Ainda que tenha interesse público] Liberar uma gravação de conversa em que uma das partes, não menos que a presidente, não está sob investigação e goza de forte proteção constitucional, parece uma invasão de privacidade. No passado, Moro já parecia ter ido longe demais em sua perseguição obstinada contra a corrupção”, diz a análise da revista, publicada na última quarta-feira (17/03).
NULL
NULL
“Surfando a onda de crescente popularidade na sua cruzada contra a corrupção, o juiz [Moro] avançou até ultrapassar todos os limites: primeiro no episódio do abuso na condução coercitiva do ex-presidente Lula (…), e, agora com a flagrante ilegalidade do vazamento de conversas telefônicas entre Dilma e Lula. A ilegalidade deste ato é indiscutível”, reverbera o jornal diário português Público em um duro artigo de opinião de Sylvia Debossan Moretzsohn, publicado no domingo (20/03).
Lula Marques/Agência PT
Manifestantes protestam em frente ao Palácio do Planalto após nomeação de Lula ao cargo de ministro
O jornal britânico The Guardian, em editorial na quarta-feira (16/03), afirma ser “verdade que perguntas podem ser feitas com relação às escolhas feitas por Moro, o juiz federal investugando Lula, da mesma forma que podem ser feitas perguntas sobre como e por que a polícia [federal] divulgou um áudio ambíguo e explosivo”.
O jornal enxerga ainda que a direita brasileira, principal defensora do impeachment da presidente Dilma, vê oportunidades de ganho político se “Lula e seus sucessores acabarem encurralados”. Para o Guardian, entretanto, o resultado pode ser determinado não apenas por juizes, mas pelas manifestações populares, que vêm acontecendo no Brasil desde domingo passado (13/03) tanto em apoio, quanto contra o governo Dilma.