As armas de fogo são a principal causa de mortes violentas e lesões em todo o mundo. Além das regiões em guerra civil aberta, países das Américas e da África têm níveis de violência letal em números que superam o de uma epidemia — definida pela Organização Mundial de Saúde como mais de 10 homicídios por 100 mil habitantes.
Como forma de denunciar o efeito que os conflitos armados e especificamente as armas têm na vida da população, fotógrafos de Síria, Quênia, Ucrânia, Egito e Índia (que registrou o conflito no Sri Lanka) — que desenvolveram o trabalho como bolsistas da Magnum Foundation — registraram, em suas próprias comunidades, as marcas dessa violência. O ensaio fotográfico que a Revista Samuel apresenta a seguir foi publicado originalmente pela Revista Sur da ONG de direitos humanos Conectas.
Alepo, Síria – agosto de 2013
Loubna Mrie
“Um integrante do Exército Livre Sírio em Aleppo, Síria, repousa dentro de sua base militar, que anteriormente havia sido uma casa. Atrás de sua cama, o homem desenhou um mapa da Síria e gravou os nomes de seus companheiros combatentes mortos”. (Loubna Mrie – Síria).
Alepo, Síria – agosto de 2013
Loubna Mrie
“A imagem, tirada por um franco-atirador de dentro de um buraco, mostra uma rua que separa a área onde estão os combatentes opositores da área onde está o Exército do governo, na cidade de Aleppo, Síria. É raro ver alguém andando por estas ruas, uma vez que essa pessoa seria imediatamente alvejada. Na linha da frente de Aleppo, apenas alguns metros separam as áreas controladas pelos opositores das áreas controladas pelo governo. A batalha é travada janela a janela, parede a parede”. (Loubna Mrie – Síria).
Debaltseve, Donetsk Oblast, Ucrânia, 22 de janeiro de 2015
Anastasia Vlasova
“A visão do quarto de um jardim de infância atingido por um lançador de foguetes Grad, na cidade de Debaltseve, Donetsk Oblast. Segundo relatos, separatistas teriam atingido o jardim de infância vazio em vez do suposto alvo, um centro de comando militar ucraniano nas proximidades” (Anastasia Vlasova – Ucrânia).
Debaltseve, Donetsk Oblast, Ucrânia, 3 de fevereiro de 2015
Anastasia Vlasova
“Uma residente sentada em um ônibus de evacuação, após ser retirada da cidade sitiada de Debaltseve, Donetsk Oblast, em 3 de fevereiro de 2015. A mulher descreveu como foi ferida após o telhado de sua casa desabar por conta de um bombardeio em Debaltseve” (Anastasia Vlasova – Ucrânia).
Mathare, Nairóbi, Quênia, 07 de junho de 2007
Boniface Mwangi
“Mulher carrega bebê inconsciente após a polícia ter atacado sua casa com gás lacrimogêneo durante uma operação contra membros da seita Mungiki em Mathare, Nairobin. Acreditava-se que a favela seria um dos principais esconderijos de membros da seita, pretensamente religiosa. Quando as armas se calaram, 14 pessoas estavam mortas, a maioria atingida à queima-roupa, tendo se rendido ou sido encurraladas pela polícia”. (Boniface Mwangi – Quênia)
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Mathare, Nairóbi, Quênia, 17 de janeiro de 2008
Boniface Mwangi
“Opositores recuam ao serem cobertos por fumaça de gás lacrimogêneo em Mathare, Nairóbi, no Quênia. Relatos dão conta de que a violência matou mais de mil pessoas e deixou mais de 500 mil desabrigadas” (Boniface Mwangi – Quênia).
Praça Tahir, Cairo, Egito, 25 de janeiro de 2011
Eman Helal
“Manifestantes egípcios fugiram após o batalhão de choque ter disparado uma grande quantidade de gás lacrimogêneo na Praça Tahrir, no primeiro dia da Revolução Egípcia, no Cairo, Egito. A polícia usou muita violência para controlar a praça e tentou forçar os manifestantes a saírem, mas eles se recusaram e permaneceram até o início da manhã do dia seguinte” (Eman Helal – Egito).
Cairo, Egito, outubro de 2013
Eman Helal
“Mulher egípcia pede a soldado do Exército para deixá-la atravessar a Praça Tahrir para ir para casa, mas ele recusa. A polícia egípcia, usando equipamento antimotim, removeu dois extensos acampamentos de partidários do presidente islâmico deposto do país, Mohamed Morsi (da Irmandade Muçulmana), com veículos blindados e bulldozes (tratores). O Exército fechava as ruas cada vez que ouvia alguma notícia sobre marchas da Irmandade Muçulmana e não permitia que as pessoas caminhassem nas ruas fechadas”. (Eman Helal – Egito).
Pudukudirrupu, Sri Lanka, 17 de julho de 2012
Pattabi Raman
“Mulheres e crianças dentro de casa depois da extração de minas em Pudukudirrupu, no norte do Sri Lanka, uma das áreas mais afetadas pela guerra entre as forças governamentais e os Tigres de Liberação do Tamil Eelam (também conhecidos como os Tigres Tamil)” (Pattabi Raman – Índia).
Sri Lanka, 23 de novembro de 2011
Pattabi Raman
“Jardim de infância em funcionamento no distrito de Jaffna, norte do Sri Lanka, uma das regiões mais afetadas durante a guerra” (Pattabi Raman – Índia).