Cerca de 147 milhões de brasileiros vão às urnas neste domingo (28/10) para o segundo turno das eleições de 2018. A disputa presidencial será entre Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT. O pleito ganhou destaque na imprensa internacional.
Segundo o jornal argentino Página/12, “desde 1985 – quando João Baptista Figueiredo se converteu no último general do regime militar -, nunca se havia instalado com a mesma força que agora a dicotomia entre democracia e ditadura. Isso é corroborado por uma investigação do instituto de pesquisas Datafolha, divulgada em 19 de outubro: 50% da população está convencida de que o Brasil está caminhando para uma nova forma de ditadura”.
O diário ainda afirma que “se as projeções eleitorais forem confirmadas (…) uma onda de candidatos neofascistas que se espalha pelo mundo terá uma influência notável em todo o continente. Não seriam apenas 208 milhões de brasileiros afetados”.
Segundo o também argentino Clarín, as últimas pesquisas mostram que Bolsonaro “não terá, como esperava, um triunfo ‘arrasador’. Em sua volta havia uma expectativa: de que o presidenciável superaria 60% dos votos no segundo turno de domingo. Conforme revelado pelo Datafolha, a distância com o petista Fernando Haddad foi encurtada”.
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Eleições ocorrem neste domingo (28/10)
O jornal mexicano La Jornada ressaltou as pesquisas divulgadas ontem: “houve uma forte recuperação de Haddad e agora é possível que, em uma mudança espetacular, ele tenha conseguido mudar o resultado. Daí seu esforço em levantar uma onda de otimismo e a cautela de Bolsonaro”.
O periódico diz que “entre as aberrações comuns de seu amplo repertório de ameaças, Bolsonaro optou por uma reviravolta feroz” em seu discurso. “O que você tem é um candidato que, na véspera da disputa na qual ele continua como favorito, parece mais perdido do que um pobre cego no meio de um tiroteio entre bêbados”.
Segundo o diário chileno La Tercera, “Jair Bolsonaro foi durante quase três décadas um deputado irrelevante […]. O ultradireitista posa como crítico dos homossexuais e do aborto, ao mesmo tempo que defende as privatizações e a criação de um bloco liberal para a região. O jornal ainda lembrou uma série de frases ditas pelo candidato, como a de que ele seria incapaz de amar um filho homossexual.
A Al Jazeera, maior emissora do Catar, diz que “Bolsonaro tem uma agenda de extre-adireita, uma propensão a retórica que é misógina, racista e ameaçadora, e uma campanha que tem sido alimentada pelas mídias sociais, principalmente pelo WhatsApp.
Segundo a reportagem, a campanha de Bolsonaro“foi secretamente impulsionada por várias corporações não identificadas”. “Em uma campanha repleta de desinformação, as empresas de mídia social demoraram a reagir. Nos últimos três meses, o Facebook retirou centenas de contas e páginas do que chamou de ‘uma rede coordenada’ construída para ‘semear a divisão e a disseminar desinformação’. Estas são medidas que parecem ser muito pequenas e, no caso desta eleição, tarde demais”, afirma.
O norte-americano The New York Times diz que “Bolsonaro, 63, ex-capitão do Exército, foi eleito para o Congresso em 1991. Durante a maior parte de sua carreira legislativa, ele era uma figura marginal conhecida por falar nostalgicamente sobre a ditadura militar de 1963-1985 e por fazer comentários incendiários sobre as mulheres e minorias”.