O embaixador da Itália, Antonio Bernardini, disse ao presidente eleito Jair Bolsonaro, durante uma reunião nesta segunda-feira (05/11), que Roma quer a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti.
“O caso Battisti é muito claro. A Itália está pedindo a extradição. O caso está sendo discutido agora no Supremo Tribunal Federal. Esperamos que o Supremo tome uma decisão no tempo mais curto possível”, disse o embaixador. O diplomata também entregou ao eleito uma carta do presidente italiano Sergio Mattarella.
Após a vitória de Bolsonaro nas eleições no dia 28 de outubro, o futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), já havia confirmado que o novo governo quer extraditar o ex-ativista italiano.
No final de semana, veículos da imprensa italiana noticiaram uma suposta fuga do italiano, que não aconteceu. Em comunicado, o ex-ativista disse que não planeja sair do Brasil e que confia “nas instituições democráticas brasileiras.” “Reafirmo minha confiança nas instituições democráticas brasileiras, que desde que me encontro aqui garantiram o pleno funcionamento do Estado de Direito. Estado de Direito este que no presente momento faltou em minha ex-pátria, a Itália”, disse, em comunicado.
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O caso no Brasil
Battisti é acusado na Itália de quatro assassinatos que supostamente teria cometido durante sua participação em um grupo guerrilheiro nos anos 1970. Num julgamento à revelia, foi sentenciado à prisão perpétua em 1993. Exilado, viveu na França e no México antes de vir para o Brasil em 2004, onde foi preso em 2007.
A permanência de Battisti no Brasil foi determinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, após o STF ter aprovado a extradição, mas ter deixado a cargo do mandatário a resolução final do caso. A defesa do italiano alegou que a negativa de extradição seria irrevogável.
Battisti foi solto da Penitenciária da Papuda, em Brasília, em 9 de junho de 2011, onde estava desde 2007. Em agosto daquele ano, o italiano obteve o visto de permanência do Conselho Nacional de Imigração.
No começo de outubro de 2017, Battisti foi detido na fronteira com a Bolívia ao tentar atravessar com euros e dólares não declarados. Segundo o ex-ativista, o dinheiro encontrado em sua posse não era apenas dele: junto com mais dois amigos, estava indo comprar casacos de couro e pescar na região, e não tentando fugir do Brasil.
Battisti foi solto pela Justiça Federal brasileira após ter sido preso e indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Após o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o caso voltou a ser discutido pela Justiça, quando o governo italiano enviou ao presidente Michel Temer um novo pedido de extradição.
(*) Com Agência Brasil