O Comitê Central de Médicos do Sudão informou nesta segunda-feira (03/06) que forças militares deixaram ao menos 13 mortos após invadirem um acampamento de manifestantes em Cartum, capital do país.
A Associação de Profissionais do Sudão, organização defensora dos direitos trabalhistas, declarou que o governo de transição liberou tropas para dispersar os manifestantes do acampamento e que, após o episódio, teriam suspendido a cooperação com o Conselho Militar de Transição em relação às negociações sobre um governo civil.
À emissora catariana Al Jazeera, manifestantes relataram que as tropas do governo jogaram gás lacrimogênio para dispersar os que estavam protestando. Mohammed Elmunir, um dos manifestantes que estava no local, declarou ao veículo que os militares bloquearam saídas antes de atirarem contra as pessoas.
“Eles estavam atirando em todos de forma aleatória e as pessoas corriam por suas vidas. Eles bloquearam todas as estradas e a maioria das barracas no local foi incendiada”, afirmou Elmunir.
O acampamento foi instalado em frente ao quartel-general na capital sudanesa e era uma das frentes de manifestação contra o governo militar de transição sudanês.
Condenação ao ataque
A Organização das Nações Unidas (ONU) lembrou ao Conselho Militar de Transição sobre a responsabilidade em relação à segurança e à proteção dos cidadãos sudaneses e pediu a todas as partes que ajam com máxima contenção.
António Guterres, secretário-geral da ONU, condenou o uso da força para dispersar os manifestantes e afirmou estar alarmado pelos relatos de que as forças de segurança abriram fogo dentro de instalações médicas.
Guterres declarou que quer uma investigação independente sobre as mortes no acampamento e que os autores do ataque sejam responsabilizados.
Governo Militar
Desde a queda de Omar al-Bashir em 11 de abril, que foi deposto da presidência após três décadas no cargo, os militares estão no poder em uma “transição” de dois anos.
O movimento Aliança para a Liberdade e Mudança (ALC) convocou na última terça-feira (28/05), uma greve geral para exigir a transição do governo militar para um governo civil.
Até o momento, as negociações fracassaram e os protestos tornaram-se mais frequentes no país.
(*) Com Onu News.
Reprodução
ONU condenou o uso da força para dispersar manifestantes