Logo na terceira semana como presidente dos Estados Unidos, Barack Obama enfrenta os primeiros problemas para conseguir aprovar o pacote de recuperação econômica. E já avisou: se não tirar o país da crise em três anos, não haverá segundo mandato.
Depois da aprovação na Câmara sem o voto dos republicanos, o democrata Obama quer apoio total no Senado, mas está difícil. Como sabem que os democratas controlam as duas casas legislativas, os republicanos não estão interessados em facilitar a vida do presidente. Isso porque, como a bancada é minoritária, o pacote será aprovado de qualquer maneira e eles não serão comprometidos frente ao eleitorado.
A grande crítica ao plano de Obama é que ele se concentra mais na recuperação de empresas e na criação de empregos do que na crise habitacional e na diminuição dos impostos. Segundo o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, faz falta injetar mais dinheiro no setor privado, cortando tributos das empresas.
Consciente da situação, Obama passou a manhã de hoje (2) reunido com republicanos dissidentes que ocupam diversos postos, como governadores e deputados, numa tentativa de conseguir aumentar sua base de apoio parlamentar.
“Não acho que pequenas diferenças, diria que muito modestas, devem atrasar a aprovação do pacote”, disse o presidente quando recebeu o governador de Vermont, o republicano Jim Douglas, vice-presidente da Associação Nacional de Governadores, que acredita que os planos de Obama devem receber o apoio do seu partido.
“Temos diferenças, mas muito sutis. Isso não importa agora, porque a essência desse plano é a intenção de por a economia nos trilhos de novo”, disse Douglas.
De modo geral, os governadores republicanos revoltaram-se no fim de semana com a direção do partido, porque sabem que o pacote de Obama beneficia diretamente os estados.
Mudando o discurso
É o caso de Charlie Crist, governador da Flórida que, até as eleições de novembro, não perdeu sequer uma oportunidade para referir-se à “incapacidade” de Obama para ser presidente, mas sábado veio a público pedir ao partido que aprove rapidamente o pacote.
“Este pacote vai nos permitir limpar o déficit orçamentário e assim melhorar os serviços de saúde e educação”, disse Crist. Nos últimos dois anos, a Flórida teve um déficit de US$ 1 bilhão e teve de cortar a maioria dos subsídios educacionais e programas de ajuda sanitária. Se o pacote não for aprovado, em 2010 o déficit será de US$ 5 bilhões.
Crist passou o fim de semana ao telefone, tratando de convencer os senadores e deputados federais republicanos eleitos pela Flórida a apoiarem os planos de Obama. E não esteve sozinho. Sarah Palin, governadora do Alasca e ex-candidata a vice na chapa de John McCain, que a usou para atacar diretamente Obama com todo o arsenal político possível, também defendeu o plano do atual presidente e disse que é muito favorável ao Alasca.
Palin fez um discurso na reunião do Comitê Nacional Republicano, em Washington, e apelou ao partido. “Se não aprovarmos o plano, não vamos ter muitas chances no futuro frente ao povo norte-americano”.
O pacote de Obama é de US$ 819 bilhões. Mas na semana passada, a Câmara elevou o valor para US$ 822 bilhões, e sem um único voto republicano. Hoje, o pacote começou a ser discutido no Senado com valor superior: US$ 900 bilhões. Estas diferenças são normais no Congresso, uma vez que a Câmara e o Senado são independentes e seus membros sempre gostam de cortar ou acrescentar recursos em função das necessidades dos seus estados. A versão aprovada no Senado é a que será enviada para sanção presidencial.
A necessidade de aprovação é tão urgente que poderia ter impacto no futuro pessoal do presidente. “Se não resolver isso em três anos, então vamos ter um só mandato”, disse Obama ontem, numa entrevista à NBC News, mostrando que já contempla uma reeleição em 2012.
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