O candidato da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), Mauricio Funes, venceu a eleição presidencial em El Salvador. Com 99,4% das urnas apuradas, ele obteve 51,3% dos votos (1.349.142), contra 48,7% (1.280.995) de Roberto Ávila, da Aliança Nacionalista Republicana (Arena), que governa desde 1989. Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), o resultado oficial será divulgado dentro de dois dias.
O presidente do TSE, Walter Araújo, disse que o país viveu uma “jornada exemplar”, sem atos violentos. Afirmou que o processo eleitoral foi “transparente” e “democrático”, e convidou quem advertiu sobre possíveis fraudes que reconheça o trabalho do órgão.
Funes proclamou vitória ontem (15) mesmo e fez um apelo à unidade do país. “Como presidente eleito de todos os salvadorenhos e salvadorenhas,
buscarei beneficiar a maioria da população, independentemente de suas
preferências políticas. Saudação a meus adversários com respeito”,
declarou.
“Esta noite deve ter o mesmo sentimento de esperança e reconciliação
que tornou os acordos de paz possíveis”, disse, referindo-se ao fim da guerra civil, em 1982. Hoje, firmamos um novo acordo de
paz, de reconciliação do país consigo mesmo. Por isso, convido todas
as forças sociais e políticas para construirmos um futuro juntos”,
afirmou.
Veja o discurso:
Ávila reconheceu a derrota e declarou: “Em uma democracia,
temos que reconhecer todos que às vezes se alcança o objetivo e às
vezes não. Fomos e seremos uma oposição construtiva”.
Relatórios preliminares indicam que a participação superou 60% dos cerca de 4,2 milhões de eleitores.
Veja os principais desafios do novo presidente:
– Violência: El Salvador tem a taxa mais alta de mortes violentas da América Latina devido à ação dos maras ou pandillas (gangues juvenis armadas). Mas a estatística vem baixando: em 2008, foram registrados 3.179 homicídios, contra 3.928 em 2006;
– Pobreza: afeta 37% da população. Cerca de 10% se encontra abaixo da linha da pobreza. A taxa de analfabetismo em 2005 era de 18,9%;
– Economia: o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 3,2% em 2008 e a inflação, 5,5%. As exportações se concentram nas manufaturas e no café e a balança comercial apresenta déficit de US$ 5,2 milhões;
– dependência dos Estados Unidos: o país norte-americano é o principal sócio comercial e receptor de mais de 2,5 milhões de imigrantes salvadorenhos. As remessas que estes enviam se converteram na segunda fonte de subsistência do país (17% do PIB), atrás dos serviços (60%).
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Funes usou imagem de Lula
(Reportagem atualizada às 11h44)
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