No programa 20 MINUTOS ENTREVISTAS desta sexta-feira (07/05), o jornalista Breno Altman entrevistou a presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos. Durante a conversa, ela defendeu a frente ampla como a medida mais importante para isolar e derrotar Bolsonaro.
A dirigente considera que, diante da taxa de aprovação consideravelmente alta que o presidente ainda possui, é preciso conversar com todos os que se opõem à ideologia bolsonarista de alguma forma.
“No PCdoB queremos construir o socialismo no Brasil, mas temos a compreensão que para atingir esse objetivo é necessária uma correlação de forças que nos permitam implementar um projeto soberano, de equidade, que foi o que o Lula percebeu que era necessário fazer quando era presidente”, ponderou Santos.
Por isso, ela vê como positivos os movimentos de Lula visitando Renan Calheiros e Rodrigo Maia, por exemplo, porque “vão na direção dessa tática do pressuposto de que para derrotar Bolsonaro é preciso isolá-lo”.
A frente ampla, contudo, não se estenderá necessariamente à construção eleitoral, ressaltou a dirigente: “Imaginamos uma candidatura liderada pela esquerda, composta também por setores de centro dissidentes de Bolsonaro”. Santos reforçou a necessidade de estar em constante diálogo com o centro para garantir a governabilidade de um futuro governo de esquerda. Para ela, a convivência é inevitável.
“Não podemos dispensar nenhum tipo de apoio que nos leve a derrotá-lo, mas sem confundir compromissos democráticos importantes para nós, nossa ideologia e nossos objetivos”, refletiu.
Por isso ela defendeu como necessário constituir uma mesa única, para firmar as proposições inegociáveis do campo progressista e promover um projeto de reconstrução para o Brasil que possa atrair outros setores dissidentes.
“Precisamos ser mais propositivos que nunca. A palavra de ordem é investimento público e temos autoridade para fazer proposições desse tipo porque foi no nosso ciclo político que fizemos políticas de saneamento, de fortalecimento do SUS, construímos moradia, geramos vagas no ensino superior, e tudo isso ainda esteve aquém do necessário. Agora a gente vai ter que reconstruir e recuperar o pouco que conquistamos”, ressaltou.
Entre as bandeiras da líder nacional do PCdoB estão a inclusão de metas de curto prazo, como programas emergenciais, e metas de longo prazo, como a construção de uma base política popular, também necessária para garantir governabilidade. “Porque para atender as necessidades do povo, vamos ter que contrariar os grandes interesses e precisaremos de força para isso”.
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Luciana Santos, presidente do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, foi a entrevistada de Breno Altman no 20 Minutos
Polarização Lula e Bolsonaro
Pensando nas eleições de 2022, Santos admitiu que a reabilitação dos direitos políticos de Lula “alterou de maneira qualitativa a perspectiva de retomada do governo”.
“Como isso vai se dar não sabemos ainda. O próprio Lula se coloca de maneira muito parcimoniosa e tranquila, dizendo que o que quer agora é ajudar a construir um projeto político. Acho que esse deve ser o espírito e a conduta, de muito diálogo”, elogiou a presidente do PCdoB.
Para ela, o retorno de Lula garante uma perspectiva de vitória, mas ressaltou que candidaturas ainda estão em discussão.
“Estamos avaliando nossas opções. Não nos faltam nomes no partido para indicar, mas ainda estamos avaliando as possibilidades. Mas acreditamos na diversidade entre a esquerda e na construção de um caminho comum que faça frente e isole a extrema direita”, argumentou.
Por isso, ela não quis falar ainda em consolidação da polarização entre Lula e Bolsonaro, apontando para a importância de tentar dialogar com o núcleo duro da base social de Bolsonaro: “Temos que incidir sobre ela, não podemos desistir”.
“Por um lado está Bolsonaro e sua base, e por outro está Lula e aqueles que defendem sua liderança e o seu legado. Mas o nosso desafio está em buscar o que vai decidir o processo eleitoral, que são os segmentos do centro, não apenas político, mas social para consolidar uma reversão desse cenário tão obscuro”, defendeu.