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15 romances de esquerda que todo mundo deveria ler

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Obras de ficção e fantasia retratam grandes dilemas e lutas sociais; confira lista completa e assista ao vídeo na íntegra

Breno Altman

São Paulo (Brasil)
2021-12-14T19:14:00.000Z

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Claro que não existe um gênero literário com o recorte “romances de esquerda”. Em várias escolas e estilos, porém, podemos encontrar, na literatura, obras que retratam os grandes dilemas e lutas sociais de nosso tempo.

Um número expressivo de autores e autoras dedicou sua arte e talento para dar vida a livros que expressassem as causas populares.

Não estou falando de biografias ou ensaios, importante destacar, mas de ficção e fantasia, da imaginação a serviço da rebeldia. 

Resolvi listar, assim, quinze romances dessa tradição. Claro que será uma relação polêmica, cada leitor certamente tem suas próprias preferências. Creio, no entanto, que essas sugestões podem ser um ponto de partida para quem quiser conhecer melhor a prosa de barricada.


Critérios

Antes de mais nada, irei explicar meus critérios.

O primeiro deles é que os autores tenham alcance universal, à sua época ou depois. Ou seja, que tenham sido ou sejam referências tanto em seus países, quanto no resto do mundo. Isso pode ser mensurado, por exemplo, no número de traduções e na vendagem de seus livros.

O segundo critério era o de buscar não só representatividade literária (gênero e raça), mas também origem regional. Não se trata de uma tarefa simples: a literatura é atividade erudita, produto de conhecimentos historicamente monopolizados por colonizadores brancos, e a própria ficção de esquerda frequentemente brota de descendentes dessas elites, com raras exceções. 

O terceiro critério foi respeitar uma certa linha histórica, a partir do século 19, quando efetivamente as lutas sociais foram incorporadas à literatura. 

O quarto critério foi a exclusão de autores vivos, cuja obra ainda não está encerrada, embora possamos identificar que a saga da literatura de esquerda siga viva e pulsante. 

Por fim, quero salientar que adotei uma ordem cronológica, sem juízo de preferência ou qualidade, entre os quinze romances que estou sugerindo.

Abaixo, a lista completa dos quinze romances de esquerda. Clique nos títulos para ler os resumos:

1. Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell

2. Os Miseráveis, de Victor Hugo

3. Germinal, de Emile Zola

4. A Selva, de Upton Sinclair

5. A Mãe, de Máximo Gorki

6. Assim Foi Temperado o Aço, de Nikolay Ostrovsky

7. Terra e sangue, de Mikhail Sholokhov

8. Capitães da Areia, de Jorge Amado

9. As Vinhas da Ira, de John Steinbeck

10. Por Quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway

11. Os Donos do Orvalho, de Jacques Roumain

12. Sol sobre o Rio Sangkan, de Ding Ling

13. Os Mortos Permanecem Jovens, de Anna Seghers

14. Espártaco, de Howard Fast

15. Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez

1. Norte e Sul, de Elizabeth Gaskell

A autora, nascida na Grã-Bretanha em 1810, para muitos é a matriarca da literatura social. Por isso, iniciamos nossa lista com uma de suas obras. Norte e Sul, publicado em 1854, se passa em uma cidade industrial fictícia, no norte da Inglaterra, possivelmente inspirada em Manchester, e tem como personagem central uma jovem mulher, Margaret Hale. Ela testemunha o cenário brutal da Revolução Industrial, com os crescentes conflitos entre trabalhadores e empresários. Aos poucos, a protagonista se aproxima do movimento operário e estabelece uma relação de conflito aberto com John Thornton, dono de uma tecelagem, que lhe devota um amor doentio. 

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2. Os Miseráveis, de Victor Hugo

Publicado em 1862, é um dos livros mais vendidos da história, com inúmeras adaptações, até para quadrinhos. Conta a história de um condenado, Jean Valjean, da restauração monárquica, após a derrota de Napoleão na Batalha de Waterloo, até os anos subsequentes à Revolução de 1830, quando a burguesia liberal – com o apoio das massas populares – coloca fim ao novo ciclo de absolutismo real. Entre 1815 e 1832, Valjean era implacavelmente perseguido pelo inspetor Javert. Ascende ao trono, então, Luís Filipe I, da dinastia dos Orleans, em substituição aos Bourbons, que tinham governado de 1815 a 1830. Em junho de 1832, quando chega ao final a saga d’Os Miseráveis, ocorre uma revolta republicana em Paris, que uniria representantes da pequena-burguesia e massas trabalhadoras contra a coroa, em uma insurreição brutalmente reprimida. Esse é o pano de fundo desse incrível romance histórico, uma alegoria do permanente conflito entre o Estado repressor, alinhado às castas superiores, e os pobres da cidade e do campo. Certamente um dos maiores clássicos do chamado romantismo francês.

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3. Germinal, de Emile Zola

Lançado em 1885, provavelmente é o mais famoso livro do célebre escritor francês, da escola naturalista, que passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se familiarizar. Sentiu na carne o trabalho sacrificado que era necessário para escavar o carvão, além da promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Acompanhou de perto uma grande greve da categoria. Sua obra conta a história de Etienne, um jovem que vagava na miséria pelo interior francês, até encontrar ocupação na mina de Montsou, uma das mais importantes do país. Aos poucos, o personagem adquire consciência da exploração, se aproxima das ideias socialistas e se transforma em líder grevista, comandando uma revolta de mineiros que enfrentaria as forças de segurança do Estado. 

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4. A Selva, de Upton Sinclair

O autor é um celebrado jornalista e escritor norte-americano, representante dos chamados “Muckrackers” (caçadores ou arrastadores de lixo), termo utilizado pelo presidente Theodore Roosevelt para identificar quem se empenhava em denunciar as chagas do capitalismo. O romance, escrito em 1906, retrata as brutais condições às quais estavam submetidos os trabalhadores de Chicago, especialmente os imigrantes, nos frigoríficos daquela cidade. O livro teve tal impacto que provocou um movimento por reformas nesse ramo econômico, incluindo a Lei de Inspeção de Carne. Sinclair diria sobre a reação à sua obra: “mirei no coração do público e, por acidente, acertei-o no estômago”. 

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5. A Mãe, de Máximo Gorki

Escrito em 1907, foi inspirado em acontecimentos reais: a manifestação de jovens trabalhadores no 1º de maio de 1902, violentamente reprimidos pela polícia czarista. Os principais personagens são o jovem Piotr e sua mãe, Anna. O enredo central trata da evolução política e da transformação dessa mulher, a mãe à qual se refere o título, por muitos anos oprimida pelas relações do patriarcado, rumo à participação engajada na luta revolucionária, já em sua idade madura. Máximo Gorki, nascido Aleksei Maksimovitch Piechkóv, integrante do naturalismo russo, é considerado um dos pais da literatura soviética. 

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6. Assim Foi Temperado o Aço, de Nikolay Ostrovsky

Muitos críticos consideram que esse seria o livro seminal do chamado realismo socialista, impulsionado após o triunfo da Revolução de Outubro, de 1917, na antiga Rússia. A obra, publicada em 1932, relata a vida do protagonista Pavel, da época em que os bolcheviques tomaram o poder até o final da década de 1920. O personagem é castigado pelos acontecimentos históricos, da guerra civil às dificuldades da construção do socialismo, em um retrato das esperanças e dos sacrifícios dos trabalhadores no período pós-revolucionário. Escapa várias vezes da morte, mas sua saúde fica debilitada. Aposentado, converte-se ao trabalho intelectual e jornalístico, embora não tivesse sequer completado o ensino fundamental. 

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7. Terra e sangue, de Mikhail Sholokhov

O livro, de 1932, relata o processo inicial de coletivização da terra na União Soviética, apontando suas contradições: pequenos proprietários, como Andreiev e Davidov, por exemplo, personagens do livro, doam seus lotes para o Estado e se integram às forças bolcheviques contra latifundiários e camponeses ricos, que resistiam à reforma agrária decidida pelo governo Stálin no final dos anos 20 do século passado. Embora a simpatia do autor pela coletivização seja nítida, a obra expõe as contradições e as dores desse processo decisivo na consolidação do primeiro Estado socialista.
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8. Capitães da Areia, de Jorge Amado

Poderiam ser incluídas várias obras do escritor brasileiro, como o engajado Subterrâneos da Liberdade, a trilogia que narra a resistência ao Estado Novo. Mas Capitães da Areia, publicado em 1937, talvez seja seu livro mais emblemático. Conta as peripécias de adolescentes marginalizados em Salvador, organizados em um grupo cujo nome deu origem ao título.  Sob o comando de Pedro Bala, filho de um grevista assassinado, vários personagens das camadas populares se integram à cena, enquanto o personagem central, cada vez mais fascinado pelas histórias do pai sindicalista, transita à militância revolucionária, substituindo a marginalidade pela luta social. 

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9. As Vinhas da Ira, de John Steinbeck

Trata-se da mais afamada obra do escritor norte-americano, publicada em 1939. O livro conta a história dos Joads, uma família de meeiros pobres, durante a Grande Depressão, entre 1929 e 1934, expulsos da propriedade que ocupavam no Oklahoma. Junto com muitas outras famílias, os Joads migrariam para a Califórnia, em um relato épico que vai desnudando o chamado “sonho americano” e demonstrando o pesadelo no qual o capitalismo, no pré-guerra, havia transformado a vida das classes trabalhadoras dos Estados Unidos. 

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10. Por Quem os Sinos Dobram, de Ernest Hemingway

Considerado pela crítica uma das melhores obras do escritor norte-americano, esse romance foi publicado em 1940. Narra a história de Robert Jordan, um jovem estadunidense integrado ao Batalhão Lincoln das Brigadas Internacionais, que lutavam ao lado dos republicanos contra os nacionalistas de Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola (1936-1939). O romance traz comentários desfavoráveis a práticas de ambos lados, rompendo com uma certa divisão moral entre o bem e o mal, sobressaindo uma narrativa complexa sobre a condição humana, especialmente a partir desse professor de espanhol, Jordan, que se torna especialista em explosivos e recebe uma importante missão militar. O próprio Hemingway, aliás, foi voluntário nessa guerra, combatendo pelos republicanos. 

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11. Os Donos do Orvalho, de Jacques Roumain

O autor, nascido no Haiti, foi um dos principais intelectuais de seu país e fundador do Partido Comunista. O livro, publicado em 1944, conta a história de Manuel, que retorna ao Haiti depois de quinze anos trabalhando nos canaviais de Cuba, de onde regressa com um forte compromisso revolucionário, dedicando-se, em seu retorno, a promover a união e a rebelião dos camponeses haitianos. 

Estão muito presentes referências às matrizes africanas da cultura haitiana, ao ponto de alguns críticos considerarem essa obra uma precursora do que seria o realismo mágico. 

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12. Sol sobre o Rio Sangkan, de Ding Ling

Militante comunista e integrante da Liga de Escritores de Esquerda, essa autora chinesa foi marcante para a literatura de seu país, ainda que tenha sido perseguida durante a Revolução Cultural, nos anos 60, e posteriormente reabilitada na década seguinte. O livro que escolhi foi publicado em 1948. Relata a vida e a luta dos camponeses durante a implementação da reforma agrária. Mistura personagens dos mais distintos grupos sociais – dirigentes comunistas, camponeses pobres, intelectuais, latifundiários – com muita complexidade e riqueza de caracterização, para extrair dessas vivências pessoais um painel de época. 

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13. Os Mortos Permanecem Jovens, de Anna Seghers

Talvez seja a principal obra da renomada autora alemã. De origem judaica e militante comunista, fugiu para o México durante a 2º Guerra e retornou para viver na Alemanha Oriental. Publicado em 1949, o livro é um fenomenal retrato histórico da Alemanha destroçada pela I Guerra Mundial até o terror do nazismo, da traição social-democrata que sufocou a revolução alemã de 1919 à barbárie hitlerista. 

Desde as primeiras páginas, quando relata o assassinato de um jovem comunista por militares, forma-se uma narrativa repleta de personagens complexos, de ambos lados da trincheira, entre os quais oficiais ou suboficiais formados pela antiga política imperial envenenados pelo anticomunismo. Para quem quiser entender a ascensão do nazismo a partir da literatura, certamente essa obra é imprescindível.

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14. Espártaco, de Howard Fast

Lançado em 1951, o livro conta a história da revolta de escravos liderada pelo personagem-título em 71 a.C. A obra retrata, além da lendária rebelião, as condições materiais e morais da escravização no Império Romano. Embora possa ser criticado, à luz do presente, por certos preconceitos – por exemplo, a forma pela qual trata a homossexualidade, ao contrário de como era abordado no próprio período histórico do livro -, é inegável que Fast escreveu um dos principais romances históricos do século 20, com uma incrível riqueza de detalhes, dilemas e emoções.

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15. Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez

Uma das obras latino-americanas de maior repercussão mundial, foi publicada em 1967. Narra a história da fictícia cidade de Macondo, a partir da ascensão e queda de seus fundadores, a família Buendía. Um clássico do realismo mágico, dramatiza a história da Colômbia através de dois grandes eventos: a Guerra dos Mil Dias (1899-1902), que levaria à separação do Panamá, com apoio dos Estados Unidos, e o massacre dos trabalhadores bananeiros em Ciénaga (1928). São seis os personagens centrais, mas um caleidoscópio de outras figuras vai se formando para compor um dos livros primordiais da história da literatura.

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Literatura

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Eleições 2022 na Colômbia

Quem são os candidatos favoritos das eleições presidenciais da Colômbia?

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País vizinho vai às urnas neste domingo tendo chapa progressista de Gustavo Petro como favorita

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-05-27T12:30:10.000Z

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No próximo domingo (29/05), a Colômbia realiza eleições para eleger um novo presidente e seu vice, em meio a expectativas de mudanças após quatro anos de gestão do Centro Democrático, com Iván Duque, que deixa o cargo com 67% de reprovação. Cerca de 39 milhões de colombianos são convocados a participar do processo.

Restam seis candidaturas inscritas, após dois postulantes, Luis Pérez (Colômbia Pensa) e Ingrid Betancourt (Partido Verde Oxigênio), abandonarem a corrida eleitoral quando faltavam 15 dias para o pleito.

Foram habilitadas 27 missões de observação eleitoral, tanto de organismos regionais — a Organização dos Estados Americanos (OEA) e União Europeia — como de especialistas, entre eles a Transparência Eleitoral, o Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (Ceela) e Associação de Órgãos Eleitorais Mundiais (A-WEB, na sigla em inglês). Estas seriam as eleições com a maior supervisão internacional da história do país, segundo o chefe do Registro Civil Nacional, Alexander Vega. 

O voto é impresso e facultativo. Caso nenhuma chapa obtenha mais de 50% da votação no dia 29 de maio, o 2º turno será realizado no dia 19 de junho e a posse está prevista para 7 de agosto. A legislação colombiana ainda determina que os segundos colocados terão uma vaga garantida no Senado e na Câmara de Representantes.

Um levantamento da empresa Atlas Intel, publicado no dia 20 de maio, aponta que para 66% dos colombianos o principal problema do país é a corrupção. Em segundo lugar estão a pobreza e a falta de oportunidades, elencados como flagelos para 12% dos entrevistados.

Para ocupar a presidência, de acordo com as últimas pesquisas de opinião, três coalizões estão na frente. Pelo campo progressista, Pacto Histórico, de Gustavo Petro e Francia Márquez, lidera com cerca de 40 a 41% das intenções de voto. Já pela direita, duas alianças disputam uma vaga num possível 2º turno: a Equipe pela Colômbia, com Federico Gutiérrez e Rodrigo Lara, que possuem em torno de 27 a 30% da preferência; seguidos da coalizão Liga de Governantes Anticorrupção, com Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, com cerca de 20%.

Petro e Francia também aparecem como vencedores num eventual 2º turno com cerca de 45% das intenções de voto contra 41 e 42% dos oponentes de direita.

Pacto Histórico

A dupla favorita para vencer as eleições na Colômbia representa uma aliança de centro-esquerda, que aglutinou os maiores partidos de oposição (Colômbia Humana, Polo Democrático Alternativo, Partido do Trabalho, Partido Comunista, União Patriótica, Comunes) e movimentos populares colombianos. 

Petro é senador pelo Colômbia Humana, disputou as eleições presidenciais em 2018, ficando em segundo lugar, com 25% dos votos, 14 pontos percentuais atrás de Iván Duque.

Na chapa com Francia Márquez, advogada, líder comunitária e ex-representante do Conselho Nacional pela Paz, Petro propõe combater a fome, reativar as negociações de paz com setores insurgentes, investigar os casos de violência contra líderes sociais e camponeses, reconhecer o direito ao território dos povos indígenas e quilombolas, assim como diversificar a base econômica do país, com uma perspectiva de desenvolvimento sustentável.

No último final de semana, o Pacto Histórico realizou seu encerramento de campanha com um ato multitudinário na praça Bolívar, centro da capital Bogotá. "Este 29 de maio é o grito da liberdade da Colômbia. Sem medo, sem temor, com alegria e decisão, vamos escrever essa nova página da nação colombiana, Somos povo livre para construir a Colômbia que queremos", declarou Petro.

O Pacto Histórico também propõe a criação de uma comissão independente de investigação, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), para investigar a situação de violência e os casos de falsos positivos — civis mortos pelas forças de segurança do Estado que são acusados de fazer parte de movimentos insurgentes.

Somos millones los que tenemos el sueño de un país en paz, donde podamos vivir en dignidad y con garantía de derechos. Por eso nos hemos tomado de las manos, para empezar a escribir juntxs una nueva historia para Colombia este 29 de mayo.

¡Gracias, Bogotá!
¡Gracias, Colombia! pic.twitter.com/QnZHqJ2Z84

— Francia Márquez Mina (@FranciaMarquezM) May 23, 2022

Na última terça-feira (24/05), o Pacto Histórico publicou um chamado à comunidade internacional para proteger a apuração dos votos e destacam que somente os juízes eleitorais devem ser responsáveis pelo escrutínio da votação.

Francia Marquez/Twitter
Apesar das ameaças, Gustavo Petro e Francia Márquez se mantiveram na dianteira das pesquisas de opinião durante todo o processo eleitoral

"Há uma evidente intervenção político-eleitoral do presidente, seus ministros e do comandante do exército, alienação dos mecanismos de a controle, Procuradoria, Controladoria e Defensoria com o governo, exibindo a falta de garantias à oposição", denuncia a coalizão. 

Equipe pela Colômbia

A chapa liderada por Federico Gutierrez, ex-prefeito da cidade de Medellin, e Rodrigo Lara, ex-prefeito da cidade de Neiva, realizou sua última atividade de campanha na capital do estado Antioquia, no Parque del Río. Com a promessa de frear a ameaça do "populismo de esquerda", "Fico" Gutiérrez promete combater a desigualdade social criando empregos e aumentando o escoamento da produção no interior do país, através de ferrovias e hidrovias. 

"Aqui os únicos que não são bem vindos são os corruptos e violentos. Devemos entender que há 20 milhões de colombianos que passam fome, é urgente realizar várias mudanças, mas não podemos dar um salto ao vazio, como na Nicarágua e na Venezuela", disse Gutiérrez durante o ato final de campanha.

Gracias Medellín, gracias Colombia. Vamos a ganar la Presidencia!!!🇨🇴🇨🇴🇨🇴💪🏻💪🏻#FedericoEsColombia pic.twitter.com/5j3TpTENSR

— Fico Gutiérrez (@FicoGutierrez) May 22, 2022

Em contraposição à reforma da previdência, defendida por Iván Duque, Gutierrez promete aumentar o subsídio aos aposentados. De acordo com o levantamento da empresa Atlas Intel, a maior parte do eleitorado que apoia Gutierrez tem entre 45 e 65 anos.

Apesar de tentar se distanciar do chamado uribismo — corrente fundada pelo ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, padrinho político do atual presidente —, a chapa de Gutierrez engloba a maior parte do setor tradicional da direita colombiana, com os partidos União pela Gente (PUG), partido Conservador Colombiano, partido Político Mira, os Movimentos, Avante Colômbia, País de Oportunidades e Acreditamos na Colômbia. 

O partido de Iván Duque, Centro Democrático, não entrou na formação da chapa, mas já declarou apoio a Gutiérrez depois que a candidatura de Óscar Iván Zuluaga não deslanchou. A pesquisa divulgada pela empresa Atlas também aponta que 37,9% dos colombianos se identifica como anti-uribista, 13,9% como uribista, enquanto 41,9% nem pró e nem contra o uribismo.

Desde 2002, com a primeira gestão de Uribe, até o momento atual, a Colômbia é governada por presidentes próximos ao uribismo. Ainda que Juan Manuel Santos tenha assinado os Acordos de Paz com as FARC-EP, em 2016, antes ele foi ministro de Defesa de Uribe. Já o atual mandatário, Iván Duque, é considerado seguidor político de Álvaro Uribe Vélez. 

A Justiça Especial para a Paz (JEP) afirma que há evidências de ao menos 6.400 casos de falsos positivos durante os primeiros seis anos da gestão de Uribe como presidente e de Santos como ministro de Defesa.

"O setor representado por Alvaro Uribe Vélez pode estar em decadência eleitoral, mas não está em decadência no seu papel ante a direita mundial, que vê na Colômbia a plataforma de controle hegemônico do poder político [na região]", defende a ex-prefeita de Apartadó e defensora de direitos humanos, Gloria Cuartas Montoya.

Entre as propostas centrais de Gutiérrez estão a luta contra a corrupção e a garantia de segurança no país.

Liga de Governantes Anticorrupção

Em terceiro lugar nas pesquisas e também no campo da direita, está o ex-prefeito da cidade de Bucaramanga, Rodolfo Hernández, e a bióloga Marelen Castillo. Com o lema "não roubar, não mentir, não trair", a dupla apoia sua campanha em cima do combate à corrupção, como o próprio nome da aliança sugere, e no fato de serem uma alternativa à "velha política". A chapa é apoiada pelo Movimento Cívico Lógica, Ética e Estética. 

Hernández é engenheiro civil e dono da HG Construtora. Com um forte discurso contra os movimentos insurgentes, Rodolfo Hernández assegura que teve familiares sequestrados no passado pela FARC-EP e o ELN.

Durante sua gestão como prefeito, foi suspenso por três meses após agredir um vereador da oposição. Apesar do histórico, 58% dos colombianos afirmaram ter uma avaliação positivo de Hernández, segundo pesquisa da empresa Atlas Intel.

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