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20 Minutos

Gabriel Boric está longe de ser Allende, afirma Joana Salém

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Historiadora aponta o atual presidente chileno como uma tentativa social-democrata de se afastar do neoliberalismo; veja vídeo na íntegra

Camila Alvarenga

Madri (Espanha)
2022-04-21T20:17:22.000Z

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No programa 20 MINUTOS INTERNACIONAL desta quinta-feira (21/04), o jornalista Breno Altman entrevistou a professora, historiadora e especialista em desenvolvimento econômico e reforma agrária no Chile, Joana Salém, sobre o início do governo do presidente chileno Gabriel Boric.

Apesar de o ex-líder estudantil significar o retorno da esquerda ao poder pela primeira vez desde o golpe de Estado em 1973, na opinião da historiadora ele está longe ser Salvador Allende ou de representar uma retomada do caminho socialista, interrompido pelos militares. 


“A conjuntura dos anos 70 e a contemporânea são muito diferentes — tanto mundial quanto latino-americana. Nos anos 70, a revolução estava na ordem do dia, a Revolução Cubana estava em seu auge e o socialismo era um tema concreto na agenda da esquerda. Hoje, o socialismo não está na ordem política, nem nas agendas de esquerda, embora existam setores que ainda mencionem a revolução”, explicou.

Ela identifica o presidente como parte de uma esquerda antineoliberal, mas que não tem o socialismo como um horizonte imediato, “tanto que ele fala que o que ele quer é construir um Chile com dignidade popular. Existe uma diferença importante entre quem era Allende e quem é Boric”.

Por outro lado, “existe uma conexão simbólica com Allende” e, para ela, o presidente representa uma ruptura com a Concertação, a coalizão que governou o Chile por 24 anos. “Ele tem a missão de romper com o legado que em muitos aspectos aprimorou o modelo pinochetista, em busca de um projeto mais social-democrata”, diz.

Essa ruptura, segundo Salém, viria da aprovação da Constituinte, que busca superar a Constituição implementada pelo ditador Augusto Pinochet. “Até lá, acho que a estratégia dele é ganhar tempo e administrar o modelo que a Concertação instaurou. Ele precisa da aprovação da Constituinte para conseguir respaldo para criar um governo de ruptura”, ponderou.

Aliás, a historiadora lembrou que o discurso de Boric é “ir lento porque vamos longe”, justificando ter um governo que caminha em direção ao centro agora para poder alcançar um horizonte de ruptura no futuro, o que, contudo, pode ter consequências negativas na visão da professora.

Arquivo Pessoal
Joana Salém foi a entrevistada desta quinta (21/04) do 20 MINUTOS INTERNACIONAL

O Partido Comunista, por exemplo, que foi uma das principais bases do presidente, mal figura em seu gabinete e já está havendo impasses.

“Vamos ter que ver se o programa dele será de fato um programa ou apenas uma carta de intenções. Ou será um governo que vai entrar em conflito com as classes dominantes ou que vai ser engolido pelo modelo que foi eleito para derrubar. Mas acho que para o Partido Comunista rachar com Boric, algo muito grave precisa ocorrer, no sentido de uma regressão programática muito profunda. Acho que o PC está sendo pragmático e mirando na mudança da Constituição. Vão aceitar as posições ao centro do presidente”, refletiu.

Referendo de 4 de setembro

A nova Constituição chilena, que está sendo elaborada por uma assembleia de maioria progressista, deve ser aprovada até o dia 5 de julho e então passará por um referendo popular, que será realizado no dia 4 de setembro. 

De acordo com Salém, aprová-la é a grande batalha que Boric tem pela frente: “se não a aprovar, vai ser como se ele tivesse perdido as eleições retroativamente, porque, vale a gente lembrar, o segundo turno das eleições presidenciais, apesar de ter havido recorde de participação, não o elegeu porque as pessoas estavam realmente votando nele, estavam votando contra Kast [o candidato da extrema-direita]”.

A historiadora reforçou que a vitória da nova Constituição não está garantida, apesar de ela não enxergar a possibilidade de sua reprovação, já que a população apostou numa ampla reforma, dado o perfil da constituinte. Além de que, em sua opinião, não aprová-la seria "catastrófico" e representaria "a vitória de um fantasma que não sai do país e que precisa ser exorcizado", que é Pinochet.

Assim, ela vê no presidente uma estratégia de acalmar os setores conservadores para conseguir sua aprovação, "de passar um verniz nas posições mais radicais ou incômodas, por exemplo com relação ao aborto, às propriedades e a plurinacionalidade do país. Ele tem uma função de amortecimento”.

Entretanto, isso faz dele “um poço de contradições”. Vale lembrar que Boric vem de tradição estudantil, participou da onda de protestos de 2011, e foi eleito também por ter um programa mais combativo. “Só que ele está fazendo um governo sem medidas contundentes. Fala de reformar, mas onde estão as reformas? Ele ainda está num período de adaptação, é verdade, mas há uma falta de contundência que não dá para saber para onde vai esse governo”, afirma.

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Guerra na Ucrânia

Rússia diz que assumiu o controle total de Lugansk

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Ministério da Defesa da Rússia afirma que suas tropas tomaram a cidade estratégica de Lysychansk, assegurando o controle da região de Lugansk, no leste da Ucrânia

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-07-03T20:53:00.000Z

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A Rússia reivindicou neste domingo (03/07) o controle de toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, após a conquista da cidade estratégica de Lysychansk, que foi palco de intensos combates.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o titular da pasta, Serguei Shoigu, informou oficialmente "o comandante em chefe das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Lugansk".

Mais tarde, o Estado-Maior da Ucrânia confirmou em um comunicado publicado no Facebook que as tropas ucranianas foram forçadas a se retirar de Lysychansk,

"Depois de intensos combates por Lysychansk, as Forças de Defesa da Ucrânia foram forçadas a se retirar de suas posições e linhas ocupadas", disse o comunicado.

"Continuamos a luta. Infelizmente, a vontade de aço e o patriotismo não são suficientes para o sucesso - são necessários recursos materiais e técnicos", disseram os militares.

Lysychansk era a última grande cidade sob controle ucraniano na região de Lugansk.

Na manhã deste domingo, o governador ucraniano da região de Lugansk, Serguei Gaidai, já havia sinalziado que as forças da Ucrânia estavam perdendo terreno em Lysychansk, uma cidade de 100.000 habitantes antes da guerra. "Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk, a cidade está em chamas", disse Gaidai no Telegram. "Eles estão atacando a cidade com táticas inexplicavelmente brutais", acrescentou.

A conquista de Lysychansk - se confirmada - pode permitir que as tropas russas avancem em direção a Sloviansk e Kramatorsk, mais a oeste, praticamente garantindo o controle da região, que já estava parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

Militärverwaltung der Region Luhansk/AP/dpa/picture alliance
Lysychansk está em ruínas após combates entre as forças russas e ucranianas

No sábado, um representante da "milícia popular de Lugansk" havia afirmado que os separatistas e as tropas russas haviam cercado completamente Lysychansk, algo que foi inicialmente negado pela Ucrânia

Explosões em cidade russa

Ainda neste domingo, a Rússia acusou Kiev de lançar mísseis na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.

"As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa", informou o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em explosões naquela cidade.

As acusações levantadas por Moscou foram divulgadas um dia depois de a Ucrânia denunciar o que chamou de "terror russo deliberado" em ataques na região da cidade ucraniana de Odessa.

Segundo autoridades militares e civis ucranianas, pelo menos 21 pessoas, incluindo um menino de 12 anos, foram mortas na sexta-feira por três mísseis russos que destruíram "um grande edifício" e "um complexo turístico" em Serhiivka, uma cidade na costa do Mar Negro, a cerca de 80 km de Odessa, no sul da Ucrânia.

"Isso é terror russo deliberado e não erros ou um ataque acidental com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na noite de sexta-feira, enquanto as autoridades locais asseguraram que "não havia qualquer alvo militar" no local dos ataques.

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