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Carlos Alberto Jr.: morte impune de Cabo Anselmo representa falha como sociedade

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Diretor de 'Em busca de Anselmo' destaca que ex-militar infiltrado na esquerda confessou diversos crimes durante documentário; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-05-25T21:35:00.000Z

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A história de Cabo Anselmo (1942-2022), o mais "terrível" agente infiltrado pela ditadura civil-militar de 1964 em organizações de esquerda, foi o tema do programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (26/04). 

O jornalista Carlos Alberto Jr., roteirista e diretor da série documental em cinco episódios Em Busca de Anselmo (em cartaz na HBO Max), em conversa com Breno Altman, opinou que a sociedade falhou ao permitir que José Anselmo dos Santos, apelidado de Cabo Anselmo, morresse livre e impune aos 80 anos.

"Nós como sociedade falhamos em permitir que esse cara morresse de doença aos 80 anos de idade, sem nunca ser pego, como tantos outros”, declarou.

O documentarista ressaltou que na série Anselmo confessa vários crimes,  e atribui não só ao Poder Judiciário, mas a toda a sociedade a responsabilidade pela absolvição passiva a personagens como o Cabo Anselmo. Além disso, ele classificou a Lei de Anistia brasileira como uma das causas principais da impunidade dessas figuras até a morte. 

Repressão e Dops

Em 1973, Anselmo fazia parte de um núcleo que tentava reorganizar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) em Pernambuco e teria articulado uma emboscada da equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), contra os militantes. 

De acordo com Carlos Alberto, o “massacre" da Chácara São Bento, que deixou seis militantes da VPR mortos, aconteceu como consequência da descoberta, por integrantes da organização revolucionária, de que Anselmo era um delator infiltrado pela ditadura.

“Depois do massacre da Chácara São Bento, Anselmo continua vinculado à repressão. Ele dá palestras, cursos, convive, é praticamente um funcionário do Dops”, afirmou o diretor, que entrevista o Cabo Anselmo no documentário - o sergipano José Anselmo dos Santos morreu em março deste ano, aos 80 anos. 

Carlos Alberto observa que o agente infiltrado chegou a fazer palestra remunerada para generais chilenos no Rio de Janeiro, às vésperas do golpe de 1973 em Salvador Allende, e deu aulas a policiais do Dops. “Quando Fleury morre, em 1979, aquele pessoal todo fica abandonado. Fleury era o cara que protegia Anselmo, que pagou ou resolveu a cirurgia plástica para que Anselmo continuasse a se movimentar sem ser reconhecido”, disse.

Agente infiltrado da ditadura

Nascido em Itaporanga d’Ajuda, Anselmo entrou na Marinha em 1958 e se notabilizou como militante radical de esquerda e líder de uma rebelião de marinheiros às vésperas do golpe civil-militar que derrubou o presidente João Goulart em 1964. 

Os jornalistas discutiram a dúvida histórica sobre se Anselmo já era agente infiltrado antes de 1964 ou se foi cooptado mais tarde. Altman lembrou que o secretário-geral do Partido Comunista, Luiz Carlos Prestes, afirmava categoricamente que Anselmo já era infiltrado antes de 1964, e Carlos Alberto afirmou tender mais para outra hipótese.

“Ele ficou como um agente adormecido, que de tempos em tempos dá uma informação, recebe um benefício, uma vantagem. Enquanto esteve na Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, ele foi punido várias vezes. Ficou na prisão porque falava, dava entrevista, contrariava o regulamento. Sua carreira como marinheiro já estava comprometida”, disse o diretor da série.

Reprodução
Diretor de 'Em Busca de Anselmo' destaca que ex-militar infiltrado na esquerda confessou diversos crimes durante entrevistas ao documentário

Outro tema debatido foi a letargia da VPR em enfrentar com seriedade as denúncias que já corriam sobre Anselmo antes do episódio do "massacre". Altman citou Onofre Pinto, um dos fundadores da VPR, que protegeu o companheiro e que, para alguns, era ele próprio um agente duplo. Carlos Alberto lembrou que era muito complicado dentro da organização admitir que alguns de seus líderes poderiam ser traidores.

Com o golpe civil-militar, Anselmo foi expulso da Marinha e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. Nessa época, ele teria sido preso, fugido e enviado a Cuba para receber treinamento de guerrilha, hipóteses também cercadas de dúvidas. 

“Anselmo foi para a luta armada em termos, porque de fato nunca combateu a ditadura. Entrou na VPR porque foi a única maneira de conseguir sair de Cuba”, explicou o diretor, falando sobre a volta ao Brasil, em 1970. 

“Era um cara de projeção nacional, apontado como uma possível grande liderança de esquerda. Poderia ser um Marighella, um Lamarca, quem poderia imaginar?”, indagou Carlos Alberto, afirmando acreditar que sua série ajuda a mostrar o personagem como um “mitômano”, inclusive contando versões diferentes das mesmas histórias em momentos distintas dos depoimentos. 

Especulando sobre os motivos e circunstâncias que cercaram a consolidação do ex-marinheiro como um traidor dos movimentos de esquerda e sindicalistas, o jornalista imaginou o que pode ter acontecido se realmente houve nova prisão por Fleury na volta de Cuba, quando já se posicionava contra o combate de guerrilha à ditadura. 

“Em Cuba já tinha colocado na cabeça que, se voltasse ao Brasil e fosse preso, abriria o bico. Ele já tinha feito uma opção. De um lado era medo, morte, prisão, tortura, clandestinidade. Do outro lado era Fleury, uma das pessoas mais poderosas do Brasil naquele momento”, lembra Carlos Alberto.

"Só não achou quem não quis"

No período pós-ditadura, Anselmo reapareceu e voltou a sumir ao longo dos anos, e, a rigor, viveu escondido até a morte. O documentarista disse que encontrou seu personagem numa moradia muito simples, numa chácara nos arredores de Jundiaí. 

Indagado por Altman se setores da esquerda planejaram justiçar o traidor impune, Carlos Aberto observou que até ele próprio, sem ter poder de polícia, conseguiu encontrá-lo sem dificuldade. “Só não achou Anselmo quem não quis”, afirmou.

O diretor de Em Busca de Anselmo afirmou não ter percebido sinais de remorso do ex-agente pelo número indeterminado de militantes de esquerda que delatou, nem mesmo pela morte da companheira paraguaia Soledad Barrett Viedma, que estaria grávida quando foi assassinada. 

A gravidez é outro ponto controverso da história, pois Anselmo sustentava que quem estava grávida não era Soledad, mas outra integrante do grupo, Pauline Reichstul.

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Redação Opera Mundi

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(*) A primeira versão deste texto foi publicada em 17 de março de 2020, e está sendo atualizado constantemente nesta URL.

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