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20 Minutos

Walfrido Warde: leis anticorrupção de 2013 abriram portas do inferno para Lava Jato

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Advogado afirma que instituições brasileiras estão operando, mas politização do sistema de justiça criou crise em efeito dominó; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-06-27T20:49:00.000Z

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O jornalista Breno Altman conversou no 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (27/06) com o advogado Walfrido Warde, autor do livro O Espetáculo da Corrupção, sobre o funcionamento e a crise das instituições burguesas no Brasil pós-Operação Lava Jato. 

Em sua opinião, as instituições estão funcionando, ao mesmo tempo que o manejo do sistema de Justiça, com propósitos políticos, instalou uma crise que desarranja em efeito dominó: o poder Legislativo se judicializa, o Executivo passa a criar leis e assim por diante. 

“A democracia não é matemática, não é um centro cirúrgico. É o sambódromo, uma bagunça, mas ainda assim não há nada melhor do que ela. Aqueles que são paladinos da liberdade devem ser também da democracia. Ditadorzinho não pode ser paladino da democracia”, afirmou o presidente do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE). 

Segundo Warde, a Lei Anticorrupção e a Lei das Organizações Criminosas, aprovadas em 2013, atentam contra os princípios básicos do combate à corrupção. Ao não definirem concretamente o que é ou não é corrupção, permitiram a politização da Justiça e uma balbúrdia institucional que atinge os demais poderes. 

Ironicamente, foram aprovadas durante a gestão petista e se voltaram contra o governo, num processo que abriu “as portas do inferno” para o lawfare, a utilização do direito como instrumento de guerra para aniquilar o inimigo. “Nós não vamos combater a impunidade permitindo que as leis sirvam à guerra entre facções políticas, uma das causas da descrença no sistema de Justiça. É uma deslegitimação. Não há vencedores, todos perdemos, a democracia perde", disse.

O advogado expõe os quatro pilares básicos para um combate real à corrupção, frequentemente violados no contexto da Lava Jato: definir e conceituar o que é corrupção; criar instrumentos de detecção; levar regras de direito à concreção, ou seja, que produzam consequências e operem transformações sociais no mundo real; e permitir continuidade a empresas envolvidas em ilícitos, que não devem ser destruídas no processo de combate à corrupção. 

No Brasil, diz, não se sabe o que é ou não corrupção. Sem uma definição transparente, tudo tende a ser criminalizado, e o magistrado pode subjetivamente determinar caso a caso o que é corrupção. "Isso atribui ao magistrado um âmbito de interpretação e discricionariedade intolerável”, avalia. 

Warde explica que a Lei das Organizações Criminosas trouxe à baila o instrumento da delação premiada, que, combinado à prisão cautelar, dá a membros do Ministério Público a oportunidade de orientar as delações nas direções que convenham a interesses não necessariamente públicos. 

“Começam a acontecer prisões determinadas de maneira indevida, como tivemos muitas, prolongadas no tempo e só relaxadas quando alguém dizia o que seu algoz queria ouvir. Essa é uma técnica de tortura”, argumenta. Sem regramento, acordos de leniência impagáveis com empresas inviabilizam sua recuperação e a preservação de conteúdo nacional: “foram milhões de empregos perdidos direta ou indiretamente. Não faz sentido nenhum”. 

Divulgação
Advogado Walfrido Warde é o convidado de Breno Altman no '20 MINUTOS ENTREVISTA' desta segunda-feira (27/06)

“A Operação Lava Jato foi desbaratada e, diga-se de passagem, no governo de Jair Bolsonaro. Foi ele que fez isso, e fez bem, digamos a verdade, porque a operação passou como rolo compressor por cima das garantias constitucionais e do projeto contido na Constituição de 1988”, afirmou.

O combate irresponsável contra a corrupção colaborou para a demonização da política, destruíram-se empresas essenciais para a economia nacional, diminuiu-se drasticamente a arrecadação, milhões de empregos foram extintos e o PIB diminuiu. 

As consequências não se dissipam com o encerramento da Lava Jato e também envolvem contradições: “a operação acabou, e as leis de 2013 estão aí. Não são mais manejadas como foram de 2015 ao começo de 2019. O Supremo Tribunal Federal (STF) e, depois dele, tribunais inferiores passaram a manejar essas leis de uma maneira mais garantista”. 

Altman perguntou sobre a participação de interesses estrangeiros no desmantelamento parcial da indústria de construção civil e da cadeia produtiva de óleo e gás, e Warde lembrou que as leis anticorrupção se originam do FCTA (Foreign Corrupt Practices Act), um produto norte-americano de exportação, que constitui uma fórmula de integridade para os outros países e não para os próprios Estados Unidos. A legislação se disseminou pelo mundo inteiro e chegou ao Brasil em 2013. 

“É evidente que a ideia dos Estados Unidos é utilizar o combate à corrupção no estrangeiro como técnica de guerra comercial, para vencer a concorrência”, conclui o advogado.

Para ele, há elementos na Operação Spoofing, da Polícia Federal, e na chamada Vaza Jato, que levam para esse lado, de uma influência norte-americana em concreto sobre a Lava Jato: “são indícios de que aquilo que se pensava uma teoria da conspiração não é uma teoria da conspiração, que a teoria se verifica em concreto e é prática da conspiração”. 

Warde afirmou a urgência de uma ampla reforma do sistema de justiça, que interrompa o funcionamento perverso de um judiciário que produz injustiça. “Temos um sistema que discrimina pretos e pobres em favor de brancos e ricos e afasta o Estado de sua ingerência necessária para inviabilizar ou reverter injustiças. Esse sistema produz e reproduz discriminação, pobreza e diferenciação social e incita crise e ruptura social. Isso precisa ser revertido", declarou

O advogado critica a compreensão de que democracia e autonomia sejam sinônimos: “é frouxa e idiota a ideia de que há independência de órgãos de Estado. Banco Central independente, Polícia Federal independente, independente de quem?”. 

Opõe-se, por exemplo, à prática adotada pelos governos petistas de nomear para a Procuradoria Geral da República o primeiro da lista de mais votados pela categoria. “O presidente deve nomear para procurador-geral alguém que se sinta confortável com as políticas daquele governo. Aprendemos com Bolsonaro. O ministro Aras tem agido de maneira compatível com políticas de Bolsonaro, que foi eleito pela maioria do povo, democraticamente”, lembrou. 

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Saúde

OMS alerta para transmissão da varíola dos macacos de humanos para animais

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Ciência registra primeiro caso de infecção de homem para cachorro, soando alerta da organização internacional

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T19:55:00.000Z

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um alerta nesta quarta-feira (17/08) para que os infectados com varíola dos macacos evitem expor animais ao vírus, após o relato do primeiro caso de transmissão de humanos para um cachorro.

O caso envolvendo dois homens e um cão da raça galgo italiano, que vivem juntos na mesma residência, foi registrado em Paris, na França, e descrito na revista médica The Lancet.

"Este é o primeiro registro de transmissão de humano para animal [...] e acreditamos que seja o primeiro exemplo de um canino sendo infectado", afirmou Rosamund Lewis, diretora técnica da OMS para varíola dos macacos.

Segundo a diretora, especialistas já estavam cientes do risco teórico da possibilidade desse tipo de transmissão, e agências públicas de saúde já haviam lançado apelos para que infectados isolassem seus pets.

Além disso, diz Lewis, o manejo adequado do lixo é fundamental para diminuir o risco de contaminação de roedores e outros animais externos. Segundo ela, é vital que as pessoas saibam como proteger seus animais de estimação, assim como manejar corretamente o lixo, "de maneira que os animais, em geral, não sejam expostos ao vírus".

Mutações

Quando os vírus conseguem "pular" a barreira das espécies, surgem preocupações de que possam passar por mutações em sentidos mais perigosos.

NIAID/AP/picture alliance
Cientistas temem que o vírus da varíola dos macacos, ao se transportar para espécies diferentes, possa sofrer mutações

Lewis ressaltou que, até o momento, não há registros de que isso esteja ocorrendo, mas reconheceu que "certamente, tão logo o vírus se transporte para um ambiente e uma população diferente, existe, obviamente, a possibilidade de que venha a se desenvolver e se desenvolver de maneira diferente".

Para ela, a preocupação maior gira em torno dos animais externos ao ambiente doméstico.

"A situação mais perigosa [...] seria aquela na qual o vírus consegue se movimentar em uma população de pequenos mamíferos com alta densidade de animais", afirmou o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan.

Segundo ele, as infecções de um animal a vários outros poderiam gerar uma rápida evolução do vírus.

Ryan, entretanto, considera que não há grandes preocupações quanto aos animais domésticos. Ele minimizou a possibilidade de evolução do vírus em um único animal e disse que os pets não estão em risco.

Mais de 35 mil casos no mundo

A varíola dos macacos recebeu esse nome por ter sido inicialmente identificada em primatas utilizados em pesquisas científicas na Dinamarca, em 1958. No entanto, o vírus é encontrado em uma variedade de animais, com frequência maior nos roedores.

A doença foi detectada em humanos pela primeira vez em 1970, na República Democrática do Congo, e se espalhou para outras nações na África Central e Ocidental.

Em maio, as infecções começaram a se espalhar com rapidez pelo mundo. Mais de 36 mil casos da varíola dos macacos já foram confirmados em 92 países desde o início do ano, com 12 mortes registradas, segundo dados da OMS. A entidade classificou a doença como uma emergência global de saúde.

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