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20 Minutos

Luana Araújo: novas epidemias virão se ataque ao meio ambiente continuar

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Para infectologista, Bolsonaro e indústria da saúde são responsáveis por resposta desastrosa à covid-19 no Brasil; veja vídeo na íntegra

Pedro Alexandre Sanches

São Paulo (Brasil)
2022-07-04T20:45:00.000Z

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A médica infectologista Luana Araújo relacionou a probabilidade de o planeta atravessar novas epidemias e pandemias à destruição continuada do meio ambiente, em conversa como o jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (04/07). 

O avanço das fronteiras agrícolas e o desmatamento da Amazônia, por exemplo, estão diretamente relacionados com os desequilíbrios que fazem microrganismos como o coronavírus se adaptar à espécie humana. 

“Toda vez que invadimos ou maltratamos os biomas do planeta e, por isso, entramos em contato com microrganismos para os quais não temos nenhuma defesa, corremos o risco de que alguns ou muitos deles consigam se disseminar pela espécie humana, com a mesma complexidade que aconteceu com a covid-19”, explicou.

Demitida pelo governo federal em 2021, após 10 dias como Secretária Extraordinária de Enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, após confrontar o negacionismo praticado por Jair Bolsonaro, Araújo depôs na Comissão parlamentar de inquérito (CPI) da covid, no mesmo ano. 

Ela trata a pandemia a partir do conceito de saúde única, que abarca a saúde do meio ambiente, dos outros animais e dos humanos como integrantes de um mesmo sistema, cujo desequilíbrio atinge a todos indistintamente: “os microrganismos não saem correndo atrás da gente. Nós é que corremos atrás deles e damos essa chance, pela nossa própria estupidez”. 

Para a infectologista, o Brasil tinha todas as condições de desenvolver uma resposta-modelo à pandemia e não o fez, num concerto de ações (ou inações) combinadas entre o governo Bolsonaro, administrações estaduais e municipais, a indústria privada de saúde pública e a imaturidade da sociedade como um todo. “Em cima do que aconteceu, existe uma indústria privada que se compraz com o desespero e a morte das pessoas e ganha dinheiro com isso. Não é que existe um ponto fora da curva", disse. 

Essa combinação de fatores não é, para ela, um ponto fora da curva, mas antes um comportamento-padrão que faz com que, dois anos e meio mais tarde, ainda exista quem argumente que a chamada varíola dos macacos seja transmitida pela vacina contra covid-19. 

Araújo lamenta o abandono do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo governo no enfrentamento à pandemia e aponta as consequências disso: “o Brasil tinha toda a condição de ser totalmente exemplar, porque temos um sistema de saúde baseado na atenção primária, nos agentes comunitários de saúde, que é a coisa mais sensacional que temos. E não é que foi mal utilizado. Ele não foi utilizado. Nosso melhor recurso foi absolutamente alijado nessa resposta”. 

Apocalipse viral

O termo “apocalipse viral”, em sua avaliação, seria sensacionalista e pouco condizente com a realidade na descrição dos rumos da saúde pública mundial, mas isso não significa que o planeta não esteja sob risco real importante e já conhecido há algum tempo. A humanidade estaria hoje, em suas palavras, pisando num grande campo minado em relação à saúde pública. 

Ela explica o que entende por maturidade social, não particularmente no caso brasileiro, mas em nível global: "não se pode tapar o sol com a peneira, democracia exige maturidade, e as pessoas precisam se comportar como sociedade. O que aconteceu foi farinha pouca, meu pirão primeiro, ‘eu resolvo minha vida, você que se lasque’”. 

Sua avaliação é de que três quartos das mortes por covid-19 poderiam ter sido evitadas se o Brasil tivesse adotado uma resposta apenas mediana à pandemia, o que corresponderia a mais de 500 mil vidas poupadas. Quanto ao momento presente, sustenta que o vírus se mantém como ameaça e uma quarta dose será necessária para todos, assim como outros futuros reforços. 

Jefferson Rudy/Agência Senado
Araújo relacionou a probabilidade do planeta atravessar novas pandemias à destruição continuada do meio ambiente

A infectologista explica que a chamada varíola dos macacos, outra ameaça que hoje assusta a humanidade, não tem chance de causar o mesmo impacto que a covid-19 causou, por ser menos transmissível e porque tem se mostrado mais benigna até mesmo que a varíola original. Seria, então, uma doença benigna perigosa nos extremos (como entre crianças, idosos e imunossuprimidos), mas sem repercussão muito grave para a população em geral. 

Confrontada por Altman e por espectadores sobre as diferenças entre a esquerda que se preocupa com políticas públicas e a direita privatista na condução da saúde pública, Araújo sustentou que a relação é frequente, mas não direta. "A resposta de um sistema de saúde vai muito além dessa distopia reducionista entre direita e esquerda. O que faz a diferença é olhar para o que povo precisa”, disse, criticando a mistura de propósitos políticos com as necessidades da população. 

“A dualidade não é produtiva para ninguém. Pessoalmente você pode fazer o que quiser, mas saúde pública não é sobre você, é sobre o grupo, a sociedade. Colocar como direita ou esquerda é reducionista, a mesma coisa que perguntar se é favor ou contra aborto. Essa é uma pergunta idiota", defendeu.

Ainda por essa lógica, Araújo afirma que foi levada a tentar participar do governo Bolsonaro em 2021 por causa dos quatro mil mortos diários por covid-19 naquele momento: “eu ia me abster por quê? Porque é de direita ou de esquerda? Na minha cabeça, era uma sucessão de erros inacreditáveis, como por exemplo Manaus. Teoricamente, ali foi colocado no Ministério da Saúde um gestor que vinha da ciência”. 

De seu ponto de vista, era necessário tentar colaborar e não foi uma atitude totalmente infrutífera.

“Respondo a meu juramento e à minha consciência social. Deu certo? Não. A CPI não deu em nada em termos legais, mas despertou nas pessoas a ideia de que aquela condução estava muito errada em muitos outros níveis além do que estavam imaginando”, disse.

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Política e Economia

Alemanha reduz imposto sobre o gás em meio a alta dos preços

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Scholz afirma que imposto sobre valor agregado cairá temporariamente de 19% para 7% a fim de 'desafogar consumidores'. Governo alemão estava sob pressão após anunciar uma sobretaxa ao consumo de gás durante o inverno

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-08-18T22:00:00.000Z

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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou nesta quinta-feira (18/08) que o governo vai reduzir temporariamente o imposto sobre valor agregado (IVA) do gás, de 19% para 7%, a fim de "desafogar os consumidores" em meio a alta dos preços.

Em coletiva de imprensa, o líder alemão disse esperar que as empresas de energia repassem a economia possibilitada pela medida de maneira proporcional aos consumidores, que usam o gás, por exemplo, para aquecer suas casas em meses mais frios.

A medida deve entrar em vigor em outubro e durar ao menos até o fim do ano que vem. A ideia é diminuir o peso de uma sobretaxa ao uso de gás anunciada pelo governo alemão no início desta semana.

Essa sobretaxa, que também entrará em vigor em outubro para residências e empresas alemãs, foi fixada em 2,4 centavos de euros por quilowatt-hora de gás utilizado durante o inverno europeu.

O anúncio levou a indústria e políticos da oposição a pressionarem o governo alemão a tomar alguma medida para suavizar o aumento dos preços.

"Com essa iniciativa, vamos desafogar os consumidores num nível muito maior do que o fardo que a sobretaxa vai criar", afirmou Scholz.

Inicialmente, o governo alemão havia dito que esperava amenizar o golpe da sobretaxa ao gás tornando somente ela isenta do IVA. Mas, para isso, Berlim precisaria do aval da União Europeia (UE), que não aprovou a ideia.

Por outro lado, o que o governo de Scholz poderia fazer sem precisar consultar Bruxelas é alterar a taxa do IVA sobre o gás em geral. E foi o que ele fez.

O gás é o meio mais popular de aquecimento de residências na Alemanha, sendo usado em quase metade dos domicílios do país.

Alemanha corre para encher reservatórios

Além de planos para diminuir o uso de energia, a Alemanha também segue tentando encher suas reservas de gás natural liquefeito antes do início do inverno.

O vice-chanceler federal e ministro da Economia e da Proteção Climática, Robert Habeck, anunciou recentemente um plano para preencher os reservatórios com 95% da capacidade até 1º de novembro.

No momento do anúncio, as reservas estavam em 65% do total e, no fim de semana passado, chegaram a 75%, duas semanas antes do previsto.

Julian Stratenschulte/dpa/picture alliance
Redução no imposto sobre o gás ocorreu após pressão da indústria e de políticos da oposição

Ainda assim, o chefe da agência federal alemã responsável por diferentes redes, como redes de trens e de gás, disse nesta quinta-feira que tem dúvidas sobre o alcance da meta.

"Não acredito que vamos atingir nossas próximas metas de reserva tão rapidamente quanto as primeiras. Em todas as projeções ficamos abaixo de uma média de 95% até 1º de novembro. A chance de isso acontecer é baixa porque alguns locais de armazenamento começaram num nível muito baixo", disse Klaus Müller ao site de notícias t-online.

Ele também alertou que os consumidores provavelmente terão que se acostumar com as pressões no mercado de gás de médio ou longo prazo.

"Não se trata de apenas um inverno, mas de pelo menos dois. E o segundo inverno [a partir do final de 2023] pode ser ainda mais difícil. Temos que economizar muito gás por pelo menos mais um ano. Para ser bem direto: serão pelo menos dois invernos de muito estresse", afirmou Müller.

Plano de contingência

Em 26 de julho, a União Europeia aprovou um plano de redução do consumo de gás, com o objetivo de armazenar o combustível para ser usado durante o inverno e diminuir a dependência da Rússia no setor energético. O plano de contingência entrou em vigor no início de agosto.

Na Alemanha, o governo segue analisando maneiras de limitar o consumo de energia, antevendo a situação para o próximo inverno.

Prédios públicos, com exceção de hospitais, por exemplo, serão aquecidos somente a 19 ºC durante os meses frios. Além disso, diversas cidades na Alemanha passaram a reduzir a iluminação noturna de monumentos históricos e prédios públicos.

Em Berlim, cerca de 200 edifícios e marcos históricos, incluindo o prédio da prefeitura, a Ópera Estatal, a Coluna da Vitória e o Palácio de Charlottenburg, começaram a passar por um processo de desligamento gradual de seus holofotes no final de julho, em um processo que levaria quatro semanas.

Hannover, no norte do país, também anunciou seu plano para reduzir o consumo de energia em 15% e se tornou a primeira grande cidade europeia a desligar a água quente em prédios públicos, o que inclui oferecer apenas chuveiros frios em piscinas e centros esportivos.

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