Breno Altman: BRICS precisa se fortalecer após ataques contra Irã
Para jornalista, Estados Unidos ainda têm força de pressão sobre membros do bloco, que está sendo colocado à prova por suas debilidades
“O BRICS não vai ruir, mas está sendo colocado à prova, já que um dos seus membros [Irã] foi atacado”, afirmou o jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS ANÁLISE. Para o fundador de Opera Mundi, a debilidade do bloco em não ter reagido ou emitido uma nota após os bombardeamentos de Israel e Estados Unidos contra Teerã mostra uma fragilidade e não se posiciona como uma força geopolítica.
“Em uma situação como essa do ataque norte-americano e sionista contra o Irã, sendo o Irã membro do BRICS, é nesse momento que vemos as debilidades e que não podemos escondê-las. Eu concordo que o futuro é do BRICS, mas isso não quer dizer que o presente já seja do BRICS”, disse.
Segundo ele, o BRICS não é um bloco geopolítico no sentido pleno, é uma “articulação econômica e um campo geopolítico em maturação”. E não pode ser comparado com o G7, por exemplo, ou uma aliança formal entre os países, já que o agrupamento “ainda está em um grau baixo de amadurecimento e por isso não se comporta como um bloco”.
Porém, mesmo que aponte uma vulnerabilidade do BRICS, Altman não vê a organização “ruindo”.
Influência dos EUA
A influência dos Estados Unidos nas “peças moles”, para Altman, confirma a debilidade do BRICS em não se posicionar e se comportar como um bloco. O jornalista ainda afirmou que há possibilidades do governo norte-americano tentar operar dentro do Brasil para tentar impedi-lo de consolidar o agrupamento.
O especialista decreta que o endurecimento será uma “luta que passará pelas articulações internas de cada país e dentro do cenário internacional”.
Nesse sentido, o fundador de Opera Mundi também apontou a aliança entre o governo indiano de Narendra Modi com os Estados Unidos como reflexo dessa influência norte-americana: “embora a Índia tente buscar a construção de menor subalternidade no sistema capitalista, ainda segue sendo uma aliada ao governo republicano. Apesar de ter uma relação próxima à Rússia, o Modi não é uma peça de antagonismo com a liderança de Trump, já que possuem interesses geopolíticos e ideológicos em comum”.
“O BRICS se consolidará se nos estados que integram tiverem governos anti-imperialistas e da classe trabalhadora. A China é firme, justamente pela revolução que criou um Estado que não é controlado pela burguesia. Ter um governo anti-imperialista conduz que os países tenham atitudes firmes em rumo a consolidação do BRICS, sem ser afetado pela pressão da força, economia e capacidade de amedrontamento dos Estados Unidos”, complementou.