Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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O ex-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula, José Dirceu, lembrou nesta segunda-feira (16/06) que, apesar do acúmulo de força da direita brasileira evidenciado nas últimas eleições presidenciais, a ala conservadora possui “vários candidatos” e, Jair Bolsonaro, ainda que com uma liderança “consolidada”, está inelegível. 

“A entrevista do Flávio Bolsonaro na Folha de São Paulo [publicada no sábado, 14 de junho] traz uma luz”, afirmou o ex-ministro durante entrevista ao programa 20 MINUTOS com o fundador de Opera Mundi, Breno Altman. Dirceu mencionou que o senador dá “inclusive condições de vencer a eleição”, uma vez que defende uma agenda autoritária que inclua um candidato que assuma condições como anistia, indulto, além de medidas contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

“A questão democrática volta disfarçada, e o Flávio Bolsonaro na entrevista da Folha deixa claro que inclusive pode recorrer à força”, afirma, relacionando essa postura a propostas como privatizações e cortes em políticas sociais.

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Sobre a queda na popularidade do governo brasileiro em 2025, Dirceu atribuiu a fatores como inflação de alimentos, que depende de políticas agrícolas mais estruturadas; segurança pública, com atraso na criação de uma pasta dedicado à pauta; precarização do trabalho, apesar da redução da taxa de desemprego; e crises climáticas.

Em relação ao arcabouço fiscal, o ex-ministro defendeu a manutenção da regra, mas com foco na reforma tributária progressiva: “O problema do Brasil é a concentração de renda. Não adianta cortar gastos sociais enquanto há isenções para o capital financeiro”.

Política externa de Lula

Questionado sobre a avaliação referente à política de não alinhamento de Lula, Dirceu destacou que, embora se trate de um governo de minoria no Parlamento e pressionado pela direita, o país mantém uma política externa alinhada ao Sul Global, com relações estratégicas com China e Rússia, tanto no campo comercial quanto diplomático.

Em relação ao genocídio na Faixa de Gaza, o ex-ministro enfatizou o fato de o presidente brasileiro ter sido um dos primeiros chefes de Estado a condenar as ações do regime sionista à comunidade internacional. Avaliou como positivo também a defesa pela reforma das Nações Unidas (ONU) e as críticas ao trumpismo.

Em sua exposição, Dirceu expressou discordância em relação ao veto brasileiro à entrada da Venezuela nos BRICS.

“Se fosse esse parâmetro, teríamos que romper relações com metade dos países com os quais negociamos”, afirmou. Para ele, o Brasil deveria manter relações com a Venezuela independentemente de questões internas, já que o país é um parceiro estratégico. “Adotar critérios de democracia seletivos, como fazem os EUA, é contra o interesse nacional”, acrescentou.

Veja a entrevista na íntegra: