A ex-deputada e ex-candidata a vice-presidente Manuela D’Ávila foi a entrevistada desta quarta-feira (06/11) do programa 20 MINUTOS. Na conversa com o jornalista Haroldo Ceravolo Sereza, ela analisou os cenários pós-eleitorais tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e a influência que o retorno de Donald Trump à Casa Branca pode ter na disputa pelo Palácio do Planalto em 2026.
Logo no começo da entrevista, Manuela afirmou que a vitória do magnata representa um estímulo à extrema direita brasileira e a de muitos outros países, devido ao “magnetismo que ele exerce entre as forças retrógradas do mundo inteiro”.
Segundo a militante comunista, o cenário político brasileiro está se tornando muito parecido ao norte-americano, especialmente por dois fenômenos, que ela descreveu como “a naturalização da disputa entre direitas” e “a naturalização da presença de um setor antidemocrático na disputa eleitoral”.
“Para um país que vive sob a influência ideológica da extrema direita, como é o caso do Brasil, um país que tem a extrema direita na ofensiva política – na minha interpretação, ainda hoje ela está na ofensiva, mesmo com a derrota de 2022 –, a naturalização da extrema direita no cenário eleitoral não é pouca coisa”.
Manuela também criticou o fato de que “a direita brasileira tenta importar dos Estados Unidos um ideário sobre liberdade e democracia, com políticos brasileiros defendendo leis norte-americanas sobre liberdade de expressão como se fossem as regradas pela constituição brasileira, e são (leis) completamente diferentes, regradas em tempos históricos diferentes, são consequências de processos históricos diferentes”.
Sobre as eleições municipais no Brasil, Manuela acredita que há uma leitura equivocada por parte do campo progressista, que acreditou que a vitória de Lula em 2022 significou uma recuperação da força eleitoral do setor, e que essa análise levou a esquerda a desenhar uma estratégia que não deu certo na disputa eleitoral deste anos.
“Na verdade, o que aconteceu (em 2022) foi que se constituiu uma frente amplíssima, com setores expressivos da sociedade, uma frente muito além dos partidos, que é algo que a gente também ignora, que houve uma frente social, com a Xuxa e as Paquitas na frente, que foi o símbolo da amplitude do que foi construído ali, e mesmo assim tivemos uma vitória estreita”, analisou a ex-deputada.