Thiago Ávila afirma que Flotilha da Liberdade vai continuar: 'será maior até quebrar cerco'
Ativista brasileiro reafirma luta contra bloqueio de Israel e destaca papel simbólico da missão humanitária; veja entrevista na íntegra
O ativista Thiago Ávila, um dos 12 tripulantes da Flotilha da Liberdade que tentava romper o bloqueio a Gaza, afirmou que, a partir de agora, a embarcação humanitária assume um “papel essencial no imaginário das pessoas” devido à visibilidade que alcançou.
O brasileiro anunciou que pretende retornar à embarcação em breve: “estamos trabalhando para conseguir um novo barco, enfrentando limites financeiros e organizativos, e expandindo as campanhas em diversos países”.
Veja a entrevista na íntegra:
Ao programa 20 MINUTOS com o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, Ávila deu detalhes sobre a operação e a interceptação israelense em águas internacionais. A embarcação, que levava suprimentos humanitários, foi interceptada a cerca de 100 milhas náuticas da costa de Gaza por navios da Marinha israelense. O programa contou também com a participação da esposa de Ávila, Lara Souza.
Segundo o ativista, a próxima missão traz uma nova responsabilidade, e os organizadores estão buscando mais embarcações: “queremos que cada missão seguinte seja um pouco maior que a anterior — uma escalada até que consigamos romper o cerco e fortalecer a solidariedade”.
Em razão desse processo de crescimento, Ávila ressaltou a importância de “formar politicamente a nossa militância” de forma que “não percamos nossa essência, disciplina e capacidade de ação”. Para ele, os próximos passos devem estar à altura da projeção que o movimento alcançou.
Interceptação
Após a interceptação, ele e os demais ativistas foram mantidos em condições precárias e em isolamento por dois dias. “Quando cheguei ao Brasil, descobri que os ferimentos eram sarna”, relatou, referindo-se ao diagnóstico que recebeu após a detenção.
Ávila explicou que se recusou a assinar o documento de deportação, já que as Forças Armadas de Israel alegaram entrada ilegal no país: “esse crime nós não cometemos, e por isso não assinamos”.
Durante a detenção, ele protagonizou um protesto silencioso: “fiz greve de fome e até de sede”. Ele ressaltou que não voltaria a se alimentar enquanto crianças palestinas continuassem passando fome em Gaza, comparando as condições enfrentadas pelos prisioneiros palestinos, muitos dos quais permanecem sem acesso à alimentação, e recusou qualquer serviço alimentar oferecido pelos militares israelenses.
O ativista também afirmou que, ao ser levado a julgamento em Israel, reafirmou seu posicionamento. Citou as leis internacionais que garantem a legalidade de missões humanitárias em mar aberto e reiterou que não houve qualquer entrada ilegal no país, reforçando que o episódio deve ser caracterizado como um sequestro em águas internacionais.