Combinando questões gerais e outras bastante pessoais, Opera Mundi traz o especial A Pandemia no Mundo. O objetivo é verificar o impacto da covid-19 em diferentes países. Trata-se de uma enquete: as mesmas 27 perguntas são repetidas para moradores deles, de modo que as respostas possam ser acompanhadas e comparadas.
Quando a pandemia começou, dizia-se muito que o coronavírus era “democrático”, atacando igualmente pobres e ricos, brancos, asiáticos e negros, homens e mulheres.
O que a realidade mostrou é que os pobres são mais vítimas da covid-19, como a condução das políticas de saúde por governos de todo o mundo resultou em radicais diferenças no número de contaminados e de mortos.
Quem responde as perguntas hoje é a artista visual Paula Nishijima, de Diemen (Holanda).
1. Descreva o grau máximo de isolamento social praticado onde você está.
Durante a quarentena mais restrita, as pessoas que tinham condições deveriam trabalhar remotamente e permanecer em casa. Restaurantes e centros de entretenimento (cinemas, museus etc.), assim como grandes comércios, fecharam. No entanto, havia transporte público e pontos de comércio de alimentos.
2. Quando começou sua quarentena?
A quarentena foi oficialmente anunciada no dia 12 de março de 2020.
3. Quem está com você?
Eu vivo com o meu marido.
4. É fácil conviver assim?
Não é a situação ideal, mas já estávamos acostumados a trabalhar de casa e a eventualmente conviver muito tempo juntos.
5. Quando você sai de casa?
Saio principalmente para fazer compras de alimentos e, no momento atual, restaurantes e centros comerciais estão reabrindo, então aos poucos começo a frequentar esses espaços novamente.
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6. Teve ou conhece alguém no país em que está que teve covid-19?
Não conheço ninguém próximo nos Países Baixos que tenha tido covid-19, mas soube de amigos que moram nos EUA e Reino Unido que sofreram algum tempo com o vírus.
7. Como viu a ação do governo do país em que está em relação ao coronavírus?
A quarentena aqui foi declarada pelo governo razoavelmente cedo, de maneira que, desde o início, se falava em um tipo de ‘quarentena light’, ou seja, as medidas não chegavam a ser tão restritivas como na Itália ou na Alemanha. O objetivo era diminuir a velocidade de contaminação para que uma certa imunidade ‘coletiva’ fosse criada a passos mais lentos. Acredito que seja muito difícil analisar os países europeus entre si e concluir qual foi a melhor estratégia adotada, pois todos são diferentes em tamanho, população, cenário social e político, assim como culturalmente. Talvez, com mais tempo e clareza sobre o atual contexto, será possível fazer um julgamento razoável.
8. Ela mudou muito com o tempo?
Não. Por enquanto, a estratégia é a mesma.
9. Você está neste país por que motivo?
Vim para cursar o mestrado em 2018.
10. Acompanhou a situação brasileira?
Sim, acompanho os jornais e o que as pessoas próximas de mim que estão no Brasil me relatam.
11. A embaixada brasileira se comunicou com você ou com pessoas que você conheça?
Não.
12. O governo brasileiro ofereceu algum tipo de ajuda?
Não.
13. Como você acompanha as notícias do Brasil?
Principalmente por meio de veículos de imprensa, como jornais online.
14. Gostaria de voltar ao Brasil? Por quê?
Não tenho esse desejo, por enquanto. Mas não me fecho a essa possibilidade. Sinto falta da minha cidade e de estar mais perto da minha família.
15. Sua vida profissional mudou durante a pandemia? Como?
Sim e não. Eu não tinha um emprego fixo e tenho uma empresa que presta serviços. Contudo, com o fechamento das instituições de arte e o sucateamento do setor cultural em geral, acredito que os próximos anos ainda serão de recuperação dessa área.
16. Sua vida afetiva (inclusive sexual, se quiser tratar disso) mudou durante a pandemia? Como?
Não mudou muito. Já estávamos acostumados a conviver bastante tempo juntos e como meu marido tem um emprego fixo, o qual não foi muito afetado pela pandemia, existe um ponto de estabilidade nas nossas vidas.
17. Você engordou, emagreceu ou manteve o peso?
Eu mantive meu peso e comecei a praticar exercícios físicos em casa.
18. Você bebe mais ou menos durante a pandemia?
Não bebo muito em geral.
19. O que tem feito para ocupar o tempo durante a quarentena?
Não tenho problemas de ter muito tempo livre. A ansiedade e as expectativas de um futuro desconhecido me mantêm trabalhando por bastante tempo.
20. Desenvolveu, voltou a praticar ou abandonou algum hobby durante a pandemia?
Só exercícios físicos, que pratico com regularidade agora.
21. Desenvolveu, voltou a praticar ou abandonou algum vício durante a pandemia?
Não.
22. Tem realizado atividades para cuidar da saúde mental durante a pandemia?
Pratico ioga.
23. A pandemia fez com que você mudasse seu posicionamento político?
Não. No caso do Brasil, só reforçou a minha posição contrária ao atual governo de Bolsonaro.
24. Se pudesse dar um conselho a você mesmo antes de entrar em quarentena, qual seria?
Respira fundo, pois isso tudo vai passar’.
25. Você tem lido mais ou menos notícias durante a pandemia? Como é sua relação com o noticiário?
Eu tinha o costume de ler mais no início, e percebi que isto me causava mais ansiedade. Então, evito abrir muitas notícias agora, sobretudo aquelas que aparecem no meu feed das redes sociais.
26. Como está a questão do abastecimento de insumos no país em que você está?
Está normal, não ouvi nenhum problema relacionado a isso.
27. Como está o relacionamento com sua família? Melhorou? Piorou?
Talvez eu tenha mais contato com eles atualmente, já que, morando fora, fico mais preocupada. Sobretudo com meus pais, que são idosos. Então, nos falamos com mais frequência.