Sábado, 17 de maio de 2025
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O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) se reúne nesta segunda-feira (28/10) para discutir a situação do Sudão, que vive hoje a maior crise humanitária do mundo.

Segundo a ONU, cerca de 25 milhões de pessoas — metade da população do país –necessitam de assistência humanitária urgente e 750 mil sudaneses enfrentam insegurança alimentar em Darfur, do norte.

A situação é resultado da guerra civil que o Sudão vive há um ano e meio, tendo as Forças Armadas Sudanesas, de um lado,  e o grupo paramilitar Forças de Suporte Rápido (RSF). Milhões de sudaneses foram obrigados a abandonar seus lares pela guerra.

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Com a crescente violência contra civis. Antonio Guterrez, secretário-geral da entidade, alerta que a crise no país, o terceiro maior da África, pode levar à instabilidade regional na África.

Execuções em massa

Nesta quinta-feira (24/10), no bairro de Halfaya, no norte da capital, o exército teria executado sumariamente cerca de 70 jovens, sob a  suspeita de afiliação ou colaboração com as Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo paramilitar que está em confronto com o exército sudanês.

O outro lado não é menos brutal. Em junho, milicianos do RSF invadiram o vilarejo de Wad al Nourah e mataram ao menos 100 agricultores, saqueando veículos, produtos agrícolas e objetos de valor. O episódio representa o maior número de vítimas civis em poucas horas desde o início do conflito. Mas eles mataram em outras ocasiões e há estupros em larga escala atribuídos ao RSF.

Oxfam
A insegurança alimentar afeta 750 mil pessoas no Sudão, sobretudo crianças.

Guterres se diz horrorizado com a brutalidade dos ataques de ambos os lados a civis em El Fasher e na capital, Cartum.

Além da violência direta, o conflito criou crises de saúde com brotes de cólera, malária, dengue, sarampo e rubéola que vitimam sobretudo as crianças sudanesas.

3 milhões de refugiados

Guterres classificou de brutais os combates  Os dois grupos eram aliados até abril de 2023, quando os generais que os lideram se desentenderam e iniciaram a guerra. O problema é que a violência de ambos vem se dirigindo cada vez mais a civis.

Nesses 18 meses de conflito, mais de 11 milhões de sudaneses fugiram de suas casas. Desses, 3 milhões cruzaram as fronteiras com países vizinhos, na maior crise de refugiados do mundo.

O conflito já gerou assassinatos em massa e estupros em larga escala, entre outras formas de violência de gênero.

A ONU tentou várias vezes, sem sucesso, que ambas as partes se sentassem para negociar. Agora, Guterres alerta que a atual escalada do conflito pode levar à instabilidade regional do Sahel ao Chifre da África e até ao Mar Vermelho.

Guterrez pede um cessar-fogo temporário ou pausas humanitárias que levem ao diálogo e apoia a mediação de parceiros regionais como a União Africana e a Liga Árabe. Mas também diz que não há condições para que as Forças de Paz da ONU se desloquem para o país.

Armas vem de fora

O secretário geral da ONU também denuncia que o conflito vem sendo alimentado de fora. No dia 11 de setembro, o Conselho de Segurança da ONU prolongou o embargo de armas ao país. Entretanto, um relatório da Amnistia Internacional publicado em julho denuncia que ambos os lados estão bem armados e, num país muito pobre, lutam com equipamentos sofisticados como drones.

Segundo a ONG, grandes quantidades de armas e munições “recentemente fabricadas ou transferidas de países como a China, os Emirados Árabes Unidos, Rússia, Sérvia, Turquia e Iêmen vem sendo exportadas para o Sudão e, em alguns casos, desviadas para Darfur”, epicentro do conflito, no oeste do Sudão. O Chade é acusado de servir de trânsito para as armas enviadas às RSF.

Em maio, o Sudão só havia recebido 12% dos dos 2,7 mil milhões de dólares de ajuda humanitárias que tinham sido prometidos pela comunidade internacional. As Nações Unidas já pediam mais aporte para o país.

*com Nações Unidas