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Achados da pandemia: a necessária revolução na promoção e prevenção da saúde

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Precisamos revolucionar nossos hábitos e resgatar o papel da atenção básica no Sistema Único de Saúde, redimensionando as ações de promoção, prevenção e cuidado de forma intensa

Renata Martins Domingos

Conde (Brasil)
2020-05-31T14:12:00.000Z

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Momentos de crise são momentos ricos. Quando estamos no meio do olho do furacão de uma situação muito complexa, identificamos muitos aspectos de nossas vidas que nos passavam desapercebidos ou estavam acobertados pela rotina, pela cegueira que o corre-corre diário nos traz, ou mesmo por conveniência. Não estou aqui querendo dar uma de Polyana, personagem de dois livros de Eleanor H. Porter, que li na adolescência, uma moça que identifica pontos positivos em tudo o que nos acontece. Quero mesmo é indicar alguns achados que a pandemia da covid-19 nos ressaltou e que devem ser objeto de avaliação coletiva.

O primeiro deles, que me saltou aos olhos, foi a quantidade expressiva de pessoas que estão nos grupos de risco em função de comorbidades e doenças crônicas. Afastá-los do trabalho presencial, como forma de sua proteção, foi nossa primeira atitude na Prefeitura de Conde, e com isso pude identificar quantos de nós são doentes. Diabetes e hipertensão foram os carros-chefe dos afastamento na Secretaria de Saúde, muitas vezes associadas à obesidade. São essas pessoas, pelos dados oficiais, que têm sofrido e morrido mais com a covid-19.

Mesmo sabendo que parte dessas doenças decorre de condições genéticas e fisiológicas específicas, há parte significativa que nasce dos maus hábitos da vida contemporânea, da falta de tempo, dos enlatados. Isso demonstra o quanto de nossas vidas precisa ser mudada. A alimentação saudável, os orgânicos, a atividade física regular, a diminuição do stress decorrente da vida em grandes centros urbanos devem deixar os papéis e textos das orientações do Ministério da Saúde e ir para a prática diária de cada um, com o fortalecimento, no âmbito da atenção básica da política de saúde, das ações de prevenção. Esse traço cultural construído ao longo dos anos de só procurar a política de saúde para resolver um problema de saúde específico, de procurar a assistência, o medicamento, o procedimento, o exame, tem que mudar. Em vez de procurar medicação no posto de saúde, a gente deveria mesmo é procurar a informação, o cuidado, a orientação para mudança de hábitos que nos trazem o adoecimento.

Fazer essa mudança não é nada simples. Ela mexe com formas de viver, com hábitos, com condutas repetidas cujo esforço para alteração exige mudança interna, familiar e comunitária. A mudança do pensamento dos profissionais de saúde no geral, Agentes Comunitárias de Saúde, Agentes de Combate às Endemias, Enfermeiras, Odontólogas, Médicas, Fisioterapeutas, dentre outras, é muitíssimo importante nesse processo. Em Conde, já havíamos iniciado esse caminho com várias ações, como as oficinas promovidas pela Equipe Multiprofissional de alimentação saudável com as usuárias das Unidades Básicas de Saúde, as campanhas do Agosto Dourado sobre aleitamento materno, o curso da Farmácia Viva para elaboração de fitoterápicos do Projeto “Semeando Cuidado, Colhendo Saúde”, as falas de profissionais nas salas de espera das Unidades Básicas de Saúde, no Centro Especializado em Reabilitação física e auditiva, as oficinas terapêuticas, de práticas integrativas e rodas de conversa da Casa de Maria, no Centro de Especialidades Odontológicas, as caminhadas que as profissionais da UBS de Jacumã começaram a promover com as usuárias, dentre outras ações da Secretaria Municipal de Saúde.

Fotos Públicas
Precisamos revolucionar nossos hábitos e resgatar o papel da atenção básica no Sistema Único de Saúde

Houve também ações no âmbito de outras secretarias que reforçaram a visão holística da Prefeita Márcia Lucena de que a saúde abrange vários aspectos da nossa vida, como a Feirinha de Orgânicos (alimentação saudável), que acontece todo sábado em Jacumã, ação da Secretaria de Agropecuária e Pesca, a Zumba para mulheres (fortalecimento da autoestima), ação da Secretaria de Assistência Social e Trabalho, além das ações para melhoria das condições de moradia do Escritório Público de Assistência Técnica (EPA) da Secretaria de Planejamento, as ações culturais (fortalecimento da identidade cultural, lazer, conhecimento de novas expressões culturais) como o festival Verão Mares de Conde, o festival Jacumã Jazz Festival, o Ocupa Flit, dentre tantas outras ações.

Mas no âmbito do Sistema Único de Saúde, é preciso que a política de saúde promova uma revolução nesse sentido, revolução mesmo, que provoque a mudança de hábitos, que mude o enfoque da carta de serviços disponíveis, transformando o acesso à saúde, sempre que possível, menos doloroso e invasivo, tornando-nos mais fortes.

Em vez de medicamentos, que a população procure vaga em grupos que promovam exercícios físicos regulares, em grupos de caminhada, de dança, de exercícios físicos direcionados. Em vez de medicamentos controlados para diminuir a ansiedade, que os moradores de Conde recebam da nossa Farmácia o Acalma Vida, fitoterápico produzido pelo grupo que fez a primeira etapa do curso de Farmácia Viva, supervisionado pelo Professor Emmanuel Fernandes Falcão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e realizado em parceria com Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Liga Canábica da Paraíba, Associação Conde Orgânico, Associação do Povo Indígena Tabajara do Litoral Sul da Paraíba, Associação da Comunidade Negra do Ipiranga e a Cooperativa e Comércio Atacadista de Cereais e Legumes Ltda.

A pandemia da covid-19, que pressiona os sistemas públicos e o privado de saúde por vagas de enfermaria com oxigenoterapia e de Unidades de Terapias Intensivas, demonstra-nos que a lição de casa que estava sendo feita de forma gradual precisa de reforço: precisamos revolucionar nossos hábitos e resgatar o papel da atenção básica no Sistema Único de Saúde, redimensionando as ações de promoção, prevenção e cuidado de forma intensa, com repercussão nas nossas cartas de serviço de saúde.

Esse é um desafio imenso, que exige coragem. Trata-se também de processo, portanto, exige articulação, tempo, foco e continuidade.

*Renata Martins Domingos é secretária de Saúde da Prefeitura de Conde, na Paraíba.

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Política e Economia

Economia e ecologia: os dois principais desafios do segundo mandato de Macron

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Novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2022-05-28T17:06:00.000Z

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Menos de uma semana após o anúncio do novo governo francês, as principais revistas do país enumeram os desafios que esperam a equipe da primeira-ministra Élisabeth Borne. Além das questões econômicas, apresentadas como prioridade diante de uma crise de poder aquisitivo que irrita a população, essa nova gestão também promete ser marcada por pautas ambientais, mobilizando vários membros do governo. 

Com a manchete “A grande crise econômica que nos ameaça”, Le Point dá o tom do que espera o governo francês. A revista semanal traz uma grande reportagem sobre o tema da inflação e da recessão que atingem boa parte do mundo e tenta explicar o impacto desse panorama nada otimista na França.

“Nós pensávamos que 2022 seria uma continuidade de 2021, ano da retomada econômica, com um crescimento de 7% no país”, resume o texto. Mas isso foi sem contar com os aspectos geopolíticos que estremeceram um contexto menos estável do que parecia. “A guerra na Ucrânia e as sanções econômicas contra a Rússia jogaram óleo quente em um fogo que estava calmo. De uma hora para outra, os preços das matérias-primas, da energia e os alimentos se inflamaram”, aponta Le Point.

Diante desse panorama, o novo governo francês tem um duplo desafio: reduzir o desemprego e melhorar o poder de compra da população em um país com crescimento estagnado. “Élisabeth Borne vai precisar de toda a sua experiência com ex-ministra do Trabalho para navegar nas águas turvas da economia francesa”, anuncia a reportagem.

Reprodução/ @EmmanuelMacron
Após reeleição, Macron anunciou um novo governo na França

Além disso, como aponta a revista L’Express, esse novo governo ainda tem pela frente o desafio de provar que pode melhorar a economia do país e ser ecológico ao mesmo tempo. Para isso, não apenas uma, mas duas ministras vão concentrar seus esforços nas questões ambientais: Amélie de Montchalin, que assumiu a pasta da Transição Ecológica e da Planificação dos territórios, e Agnès Pannier Runacher, com à frente da Transição Energética. Para completar, a própria primeira-ministra vai dirigir o que Macron batizou de Planificação ecológica.

No entanto, nenhuma das três tem experiência concreta em assuntos ecológicos e as duas ministras tem um perfil claramente “liberal e pragmático”, o que preocupa algumas ONGs ambientais. A revista L’Obs, que também traz uma grande reportagem sobre os desafios ecológicos do segundo mandato de Macron, vai além e diz que as duas ministras, que têm um “pró-business”, nunca tiveram nenhum tipo de engajamento ambiental em suas carreiras.

Mas L’Obs lembra que mesmo se em seu discurso de vitória Macron prometeu transformar a França em uma “grande nação ecológica, o próprio chefe de Estado, durante sua primeira gestão, não esbanjou declarações ecológicas. A revista, que não cita as alfinetadas dadas pelo líder francês no presidente brasileiro Jair Bolsonaro, criticando a gestão na proteção da Amazônia, afirma que boa parte das promessas feitas por Macron sobre o meio ambiente durante seu o primeiro mandato não tiveram grandes resultados concretos.

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