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Jaqueline Brizola - Movimentos antivacina: Uma história de ameaça à vida

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Qualquer ideia sem base científica que advogue contra o preventivo deve ser rechaçada, sob pena de revivermos um passado sombrio

Jaqueline Brizola

Valência (Espanha)
2020-11-27T20:04:00.000Z

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A terrível pandemia de covid-19, que vivemos em tempo real, já levou a óbito mais de um milhão de pessoas ao redor do planeta, desestabilizou a economia de muitos países e gera uma crise social sem precedentes no último século. Trata-se de uma doença agressiva que, segundo as estimativas mais recentes da Organização Mundial de Saúde, pode deixar sequelas graves nos sobreviventes. Diante deste cenário, seria natural que estivéssemos ansiosos pela chegada da vacina e que desejássemos a imunização para finalmente respirarmos aliviados, mas, ao contrário disto, o que assistimos é o fortalecimento de movimentos antivacina, algo que não é novo na história do Brasil, mas que apresenta outros contornos neste início de século. Apoiados pelo próprio presidente da República, que afirmou que a vacina não será obrigatória e ponto final, ideias contrárias à vacinação ameaçam à vida, ao mesmo tempo que colocam em xeque as conquistas da ciência nos últimos 200 anos, no desenvolvimento de imunizantes mais práticos e seguros.

A descoberta da vacina pelo médico inglês, Edward Jenner, no final do século 18, revolucionou a história da saúde. Pela primeira vez, um método de imunização em massa prometia livrar os sujeitos da infecção por varíola, uma doença que poderia se apresentar em formato epidêmico em ciclos de 20 ou 30 anos, como nos lembra o historiador Alfred Crosby em Imperialismo ecológico. A varíola ceifava a vida de jovens e crianças, poupando os mais velhos, em muitos casos, por estes já terem estado em contato com a doença em algum momento da vida. Com base no que mais tarde chamaríamos de método experimental, as observações de Jenner levaram ao desenvolvimento de um preventivo capaz de elevar a expectativa de vida na Europa Ocidental em princípios do século 19.

Polêmico para uma época ainda bastante dominada pelo discurso religioso quanto a identificação das doenças, o método Jenneriano rapidamente ganhou o mundo, da Europa. A vacina produzida a partir de pústulas de vacas infectadas com um vírus similar ao que acometia os humanos rapidamente desembarcou na África e na América. Pelos domínios do Rei de Espanha, uma espetacular campanha coordenada pelo médico espanhol Francisco Balmis cruzou o continente vacinando e prometendo sobrevida aos grupos que enfrentavam a varíola há séculos em terras coloniais. No Brasil, foi a própria Corte portuguesa que se empenhou em difundir a vacina, principalmente após a chegada de Dom João VI, em 1808. Este senhor estivera especialmente interessado no preventivo, dado que havia perdido o irmão mais velho com apenas 27 anos por varíola. O príncipe, Dom José, teria sido o herdeiro do trono português, inclusive, caso não tivesse morrido precocemente em um período que ainda não existia vacina.

Ao longo do século 19, inúmeras tentativas de resistência à vacinação foram protagonizadas no Brasil. Grupos de populares, mas também médicos e jornalistas se levantavam contra o preventivo, e as razões para isso foram variadas. Havia desconfiança e, claro, muito pouco interesse por parte dos defensores do método em esclarecer os benefícios à população. Alguns acreditavam que era uma estratégia do governo para inocular em seus corpos a doença, outros garantiam que as pessoas vacinadas poderiam apresentar as feições bovinas, dado que o pus era originalmente extraído das vacas. Além disso, o chamado “método de braço a braço” que passou a ser utilizado no Brasil, devido a falta do liquido original, que por ser importado da Inglaterra era caro e demorado, poderia provocar a transmissão de outras doenças, como a sífilis por exemplo.

Devido ao insucesso da vacinação no Brasil, as populações que viveram os séculos passados enfrentaram severas epidemias de varíola, como a que ocorrera entre os anos de 1873 e 1874, que afetou as principais capitais do Império e que levou à óbito 1% da população de Porto Alegre. No alvorecer da República, em 1904, a capital federal assistiu uma Revolta contra a vacina que, em boa medida, era resultado da insatisfação popular com as medidas higiênicas levadas a cabo à época, já que os pobres e as populações negras foram alvo de políticas que visavam desestabilizar seus costumes e, mais, arrancá-los a qualquer custo do centro da cidade. Finda a batalha no Rio de Janeiro, o presidente Rodrigues Alves cede aos apelos populares e declara que a vacina não seria obrigatória. Quatro anos depois, em 1908, a capital carioca presenciou uma das mais terríveis epidemias de varíola de sua história.

O caso da varíola é emblemático porque foi contra esta doença terrível, que matava um terço dos infectados e desfigurava ou cegava os sobreviventes, que a primeira vacina da história da humanidade foi implementada. Mais de duzentos anos depois da primeira vacina, a varíola se encontra extinta em todo o planeta. Graças às inúmeras campanhas de vacinação, os mais jovens não conheceram os perigos que o “smollpox” humano representava. Da vacina antivariólica, muitos outros imunizantes foram desenvolvidos ao longo do século 20, doenças como o sarampo, a poliomielite, a febre amarela, entre outras, foram contidas no Brasil devido a um empenho digno de nota da população, dos (as) cientistas, médicos (as) e governos, de diferentes orientações ideológicas inclusive.

Flickr/CC Emmer
Qualquer ideia sem base científica que advogue contra o preventivo deve ser rechaçada, sob pena de revivermos um passado sombrio

O Brasil, neste contexto, passou a ser referência em imunização, tendo uma das carteiras mais completas do mundo. Por meio do Sistema Único de Saúde e de inúmeras pesquisas levadas a cabo por prestigiadas instituições, como a Fiocruz e o Instituto Butatan, alcançamos um lugar de respeito no cenário internacional quanto as taxas de vacinação da população, reduzimos a mortalidade infantil em muitos Estados e asseguramos uma ampliação significativa em nossa expectativa de vida, que entre outros fatores, é medida pelo acesso à vacinação. Tais conquistas, entretanto, se encontram ameaçadas, justamente quando vivemos uma pandemia de ordem global, e as razões que concorrem para isso são muito diferentes daquelas verificadas durante a Revolta da Vacina em 1904. 

Passados cento e dezesseis anos do final da famosa contenda no Rio de Janeiro, parte da população brasileira afirma que não pretende receber o imunizante contra o coronavírus, caso ele esteja disponível em breve. Influenciados por grupos como “O lado obscuro das vacinas” ou “Vacinas, o maior crime da história”, ambos com centenas de seguidores nas redes sociais, segundo os resultados recentes de uma pesquisa realizada na USP, que levou em consideração as postagens desses grupos, os indivíduos contrários à vacina argumentam que o imunizante nada mais é que uma ferramenta para instituir uma nova ordem global e que a China estaria por trás de um plano de dominação em massa, por supostamente ter espalhado o vírus ao redor do planeta. Outros argumentos, como o de que após receber a vacina, as pessoas passariam a ser controladas por um chip também aparecem entre os seguidores de tais grupos.

O problema deste tipo de paranoia está no perigo que todos nós, sem exceções, corremos quando uma parte da população afirma que não deseja se vacinar, ou quando o presidente do país, que deveria zelar pelo bem comum, apoia este tipo de movimentação. Neste caso, talvez seja interessante lembrar aos leitores(as) que os vírus e bactérias, causadores de adoecimento, vêm mutando há milênios, que é preciso imunizar, pelo menos, 80% da população para que vejamos os resultados do investimento. Em outras palavras, ao deixarmos que as pessoas não se vacinem, aquelas que se vacinaram correm o risco de contraírem o mesmo vírus com uma nova mutação, já que os patógenos seguem se reproduzindo dentro dos corpos dos indivíduos.

Mas, como explicar isso aos fundamentalistas da terra plana? Ou aos ideólogos de uma verdadeira cruzada contra a China, que é a maior inimiga imaginária do presidente, seus filhos e outros tantos que creem viver em um filme americano de quinta categoria, com direito a vilões vermelhos, heróis azuis, teorias da conspiração, invasões comunistas, chips e o que mais a imaginação puder alcançar? Depois de inúmeras batalhas e conquistas deste feito secular da ciência chamado vacina, nos vemos novamente às portas da barbárie, com riscos de investirmos milhões de reais no imunizante contra a covid-19 e não estarmos, de fato, protegidos. E mais, diante desta investida fundamentalista contra os preventivos, quem nos garante que não veremos doenças extintas ou controladas retornarem com força no próximo período? 

Os eventos que nossos antepassados protagonizaram, no combate à vacina e às medidas de higiene, resultaram em mais epidemias e mais mortes. Mesmo que possamos questionar a abordagem dos governos ao apresentarem os meios de prevenção das enfermidades às populações, é inegável que os benefícios das descobertas científicas na área da saúde revolucionaram nosso modo de vida e que a falta de vacina é um risco que não precisamos correr no século 21. Por isso defender a vacina, neste momento, é defender o conhecimento científico e suas conquistas, é garantir que pais e mães possam criar seus filhos com segurança, é manter nossa expectativa de vida. Qualquer ideia sem base científica que advogue contra o preventivo deve ser rechaçada pela população, sob pena de revivermos um passado sombrio, onde as doenças frequentemente faziam a sua própria história.

*Jaqueline Brizola é mestra em História pela UFRGS. Doutoranda em Estudos Históricos da Ciência, medicina e comunicação científica. Universidade de Valência, na Espanha.

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Coronavírus

Por que a variante mutante de coronavírus do Amazonas intriga cientistas

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Em entrevista, pesquisador da Fiocruz Amazônia explica importância do sequenciamento genético para conter epidemia

Nádia Pontes

São Paulo (Brasil)
2021-01-15T15:32:00.000Z

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Depois de o Japão identificar uma nova variante de coronavírus em viajantes que estiveram no Amazonas, o estado confirmou nesta quarta-feira (13/01) que a mesma cepa é responsável pelo primeiro caso de reinfecção em seu território.

Foram pesquisadores da Fiocruz Amazônia, em Manaus, que fizeram o sequenciamento genético do vírus coletado no paciente brasileiro. Após a comparação com o resultado do teste feito na primeira ocorrência da doença na mesma pessoa, os cientistas concluíram que a nova linhagem era responsável pela reinfecção.

Numa corrida contra o tempo e com recursos financeiros limitados, a instituição tenta identificar o momento exato em que o vírus sofreu as novas mutações e se essas características são responsáveis pelo recrudescimento da pandemia no estado. Com hospitais e cemitérios em colapso e relatos de falta de oxigênio, o Amazonas registrou mais de 5.800 mortes por covid-19 até esta quarta-feira.

Em entrevista à DW, o pesquisador Felipe Naveca, virologista e pesquisador do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fiocruz Amazônia, explica por que o sequenciamento genético constante do vírus é uma importante ferramenta para conter a pandemia. "Se a gente identificar uma variante que escape da vacina, isso aconteceu em outras situações, a vacina terá que ser modificada pra poder conter. Mas se a gente barrar a circulação do vírus, a gente aumenta as chances de isso não acontecer", alerta.

Sem respostas claras, algumas medidas para barrar a circulação no vírus mutante foram tomadas em diversos locais. O estado vizinho, Pará, proibiu circulação de barcos vindos do Amazonas e o Reino Unido proibiu voos procedentes do Brasil.

DW Brasil: Como começou essa busca por vestígios da nova variante do coronavírus que teria sofrido mutação no Brasil? Vocês já estavam investigando isso ou o alerta veio das autoridades japonesas?

Felipe Naveca: Desde março de 2020 a gente fazia o sequenciamento genético das linhagens do coronavírus no Amazonas. Nós fizemos a primeira identificação no Norte do país, que foi um caso que veio da Espanha.

No último domingo, quando os pesquisadores japoneses notificaram o governo brasileiro desses casos que chegaram lá, nós fomos investigar as sequências genéticas japonesas e comparamos com as sequências genéticas de amostras de pacientes do Amazonas feitas em novembro, e que havíamos acabado de fazer.

Quando comparamos, tomamos um susto ao ver que, sim, comprovava que a sequência encontrada no Japão tinha um ancestral no Amazonas. Fechava todo o vínculo epidemiológico e genético.

Como tínhamos sequências genéticas de pacientes até novembro, não tínhamos no nosso banco de dados as mutações específicas que eles encontraram e que chamaram muito a atenção. Temos um buraco entre final de novembro e início de janeiro, que é de quando as sequências japonesas são.

Independente disso, a gente já estava programando o sequenciamento genético de amostras recolhidas de pacientes de dezembro. Por conta dessa situação urgente, a gente começou a preparar no laboratório o sequenciamento de janeiro pra sabermos com que frequência essa variante está circulando.

O que mais chamou a atenção nessas variante e que está causando preocupação?

Muito interessante e preocupante ao mesmo é que essa variante identificada no Japão, que vem da linha que já circulava aqui, tem mutações em regiões muito importantes do vírus. É uma região chamada de 484 e 501 da proteína Spike (ela tem forma de coroa, que dá nome à família dos coronavírus).

Essas duas mutações identificadas no Japão já foram associadas, em outros estudos na África do Sul e na Inglaterra, a um aumento de transmissão.

A mutação acontece porque o vírus está sendo replicado milhões de vezes dentro do corpo de uma pessoa. E os erros nessa replicação acontecem. Só que esse processo ocorre em milhões de pessoas ao mesmo tempo, as chances de mutações aumentam exponencialmente. Quanto mais pessoas infectadas, mais o vírus evolui.

Um estudo recente da USP conseguiu mostrar que a mutação identificada no Reino Unido deu ao vírus uma capacidade de se "ligar” com maior eficácia na célula humana. Isso também valeria para essa cepa do Amazonas?

Isso. Toda a mutação na proteína Spike chama bastante atenção, ainda mais se for no domínio de ligação com o receptor da célula humana. E foi justamente onde aconteceram as mutações.

Na linhagem japonesa, além dessas duas mutações, existem outras. Na verdade, essa cepa tem muitas mutações. A gente ainda precisa entender como essa variante acumulou tantas mutações em tão pouco tempo.

Qual a provável explicação pra isso? Com quais hipóteses vocês estão trabalhando?

Há algumas hipóteses. Tudo indica que se trata de um fenômeno chamado de convergência evolutiva. Isso quer dizer que não foi necessariamente a linhagem inglesa ou africana que vieram pra cá: elas evoluíram aparentemente de forma independente. E evoluíram nos mesmos pontos. Isso chama muito a atenção.

As hipóteses lançadas é de que a mutação pode ser sido fruto de infecção de pessoas imunossuprimidas, como, por exemplo, pessoas com HIV, ou em tratamento de câncer… Quando o sistema imune não consegue combater a infecção, o corpo acumula mais ciclos de replicação do vírus, o que dá a ele mais chances de mutar. A gente já viu isso em outros vírus.

De qualquer maneira, o que a gente está vendo é o vírus circular de uma maneira quase que incontrolável. Quanto mais pessoas ele infecta, maiores as chances de mutações.

Já se sabe se a mutação do Amazonas é mais contagiosa que o vírus original, ou se causa casos mais graves de covid-19?

Sobre causar um quadro mais grave da doença nenhum resultado ainda apontou isso, em nenhum país. Mas as evidências que temos em laboratório e também por conta do vínculo epidemiológico no Reino Unido e na África do Sul é que a transmissão é maior, sim.

Às vezes, quando o vírus assume essa característica de ser mais transmissível, ele acaba diminuindo vantagens pra ele em outra circunstância. Por exemplo, ele pode ser até mais infeccioso, mas não ser mais letal.

picture-alliance/dpa/Prefeitura Manaus/I. Anne
Em entrevista, pesquisador da Fiocruz Amazônia explica importância do sequenciamento genético para conter epidemia

Já dá pra saber se é essa cepa que está provocando esse aumento vertiginoso de casos no Amazonas que temos visto nos primeiros dias de 2021?

Ainda não dá. É por isso que a gente precisa sequenciar as coletas de vírus dos pacientes nesse intervalo, de dezembro e janeiro. E sequenciar muitas vezes pra saber em que momento isso aconteceu e qual é a frequência disso agora.

Foi decido em várias reuniões aqui, com autoridades da vigilância sanitária, que temos que sequenciar as amostras dos casos mais graves. Assim a gente vai conseguir ver se a essa variante está circulando e se a frequência é maior em casos graves, ou não.

Vocês vão receber algum apoio pra fazer esse trabalho? Como está a rotina do trabalho?

Não sabemos, mas esperamos receber um apoio financeiro pra podermos fazer mais. Comigo, somos dez pessoas trabalhando no laboratório na Fiocruz. Só que esse mesmo grupo faz o diagnóstico dos pacientes e o sequenciamento genético. Há dias em que só conseguimos fazer diagnósticos, que é a prioridade, a gente tem que dar essa resposta para o paciente, se ele está ou não infectado.

No ano passado, quando estávamos na pior época, abril e maio, interrompemos todas as pesquisas e ficamos mais de três meses só fazendo diagnóstico. Ficamos sobrecarregados. Nós não somos um laboratório de rotina de exames, isso trouxe um impacto muito grande. Viramos noites, fizemos escalas, mas aquilo era prioridade.

Por que, nesse momento crítico da pandemia, é tão importante fazer sequenciamento genético do vírus coletado dos pacientes infectados?

Há um ponto que é muito imediato. Quando foram feitos os primeiros protocolos de PCR em tempo real, que é exame padrão ouro feito para dar o diagnóstico de covid-19, ele foi baseado na sequência genética gerada incialmente no vírus coletado em Wuhan, na China, onde começou a epidemia.

Mas o vírus foi acumulando mutações, e a gente não sabe onde essas mutações vão se fixar ao longo do tempo. Pode acontecer de uma mutação dessa ocorrer justamente no local de reconhecimento do PCR em tempo real. Se isso acontecer, o exame que a gente faz não funciona mais, o resultado será um falso negativo.

Então a gente precisa estar sempre sequenciando pra ver onde acontecem as mutações e ver se esse protocolo precisa ser reajustado. A gente já viu isso acontecer.

O segundo ponto: com informação genética, informação epidemiológica, data e local de coleta, a gente consegue rastrear a trajetória do vírus com muita precisão. Se você não faz o sequenciamento genético, você só sabe o número de casos.

De qualquer maneira, seja um vírus mutante ou vírus original, se as pessoas tomarem os cuidados de distanciamento, máscara, lavagem das mãos e uso de álcool em gel, elas se previnem do mesmo jeito. E se a gente toma os cuidados, a gente desacelera a velocidade de evolução do vírus. E a população pode nos ajudar num momento como esse.

Essas mutações podem ser um obstáculo para que as vacinas já desenvolvidas funcionem?

Se a gente identificar uma variante que escape da vacina, isso aconteceu em outras situações, a vacina terá que ser modificada pra poder conter a epidemia. Mas se a gente barrar a circulação do vírus, a gente aumenta as chances de isso não acontecer.

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