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Carrascos, vítimas e mandantes

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Para nós, simples mortais, a morte de um pai ou mãe, esposa ou marido, sobrinha ou filho, é um 'preço razoável'?

Carlos Ferreira Martins

São Carlos (Brasil)
2021-01-24T19:10:00.000Z

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Diante do festival de atrocidades e ridículos em que se converteu o suposto combate à pandemia, o debate público patina entre a denúncia da incompetência logística e do oportunismo político dos governos, a reafirmação negacionista dos “cloroquiners” e o expressivo silêncio dos muito-muito ricos.

Esse espetáculo, de mau gosto atroz, atingiu limites insuspeitos até para quem está acostumado a acompanhar com atenção este país, outrora alegre e falsamente cordial.

O general da ativa encarregado de desmantelar o SUS, tinha conhecimento prévio de que a população de Manaus seria asfixiada pela falta de oxigênio e nada fez. A ajuda emergencial do governo venezuelano teria sido uma vergonha, se esse sentimento ainda existisse. 

A pergunta sobre os limites da incompetência dos generais e dos 4.000 oficiais do exército em cargos federais recebe como resposta a imposição de censura à imprensa, a perseguição judicial constante aos jornalistas independentes e a ameaça de estado de sítio por parte do Procurador Geral da União. 

Mas agora pesquisa realizada por equipe da Faculdade de Saúde Pública da USP e pela ONG Conectas oferece uma resposta alternativa. Ao analisar mais de 3.000 normas federais de 2020, os pesquisadores concluem que "há uma estratégia deliberada para apressar a contaminação da população brasileira". 

Márcio James/Amazônia Real
Esse espetáculo atingiu limites insuspeitos até para quem está acostumado a acompanhar com atenção este país

O extenso relatório deixa de lado adjetivações como crueldade ou ignorância para verificar a coerência interna das ações, planejadas e executadas, para acelerar o contágio com o objetivo de atingir o estágio que os técnicos chamam de “imunização populacional” e a sabedoria popular de “imunização de rebanho”.

A ideia básica do governo é que o número de mortos seria um preço razoável a pagar pela antecipação da recuperação econômica. E para nós, simples mortais, a morte de um pai ou mãe, esposa ou marido, sobrinha ou filho, é um “preço razoável”?

Mas a pergunta fundamental é: além do genocida mor e de seus (in)competentes militares, quem mais endossa essa estratégia? Se o silêncio for índice de conivência, a lista é extensa. Entidades empresariais, conselhos de medicina, a grande mídia tão atenta aos detalhes que não enxerga o todo e, sobretudo, os donos de tudo.

Ou o leitor já viu alguma manifestação dos brasileiros muito-muito ricos, aqueles da lista Forbes, que moram em Zurique e financiam universidades norte-americanas?

Um deles, recentemente, entregou o jogo ao declarar que, na crise, “quase todo mundo se deu bem”. Quase todo mundo, na linguagem da grana, significa a maioria dos 0,01% da população que concentram cada vez mais a riqueza do país. 

Você e eu, nossas famílias, não importa se defendemos o impeachment ou ainda louvamos o mito, simplesmente não contamos. Em termos militares somos danos colaterais ou bucha de canhão.

(*) Carlos Ferreira Martins é professor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos.

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Sociedade

Número de vítimas de pedofilia dentro da Igreja pode chegar a 10 mil na França

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Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-03-02T22:41:00.000Z

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Desde 1950, 10.000 crianças e adolescentes podem ter sido vítimas de violências sexuais cometidas por membros da Igreja Católica na França. Essa é a estimativa do presidente da comissão independente que investiga a pedofilia dentro da maior instituição religiosa no país. 

A comissão foi criada em 2018 pelo episcopado francês e institutos religiosos após diversos escândalos no país. Em parceria com o Ministério da Justiça, uma linha telefônica foi colocada à disposição em 2019 para receber testemunhos de vítimas de todo o país. A estimativa foi feita a partir dos relatos recolhidos.

O número de crianças e adolescentes sexualmente abusados, no entanto, ainda pode mudar. “Nossa campanha está pedindo testemunhos, certamente não reuniu a totalidade [de vítimas]”, afirmou o presidente da comissão Jean-Marc Sauvé nesta terça-feira (02/03). “A grande pergunta neste momento é qual o percentual de vítimas que atingimos. 25%? 10%? 5%?”, completou.

O presidente da comissão não informou quantos são os possíveis agressores envolvidos. Segundo ele, no entanto, "em várias instituições católicas ou comunidades religiosas, tem havido um verdadeiro sistema de abuso, mas esta situação representa uma minoria muito pequena dos casos de que ouvimos falar".

Pxhere
Cerca de 10.000 possíveis vítimas de pedofilia cometida por membros da Igreja Católica na França foram identificadas desde 1950

O relatório final com recomendações de práticas de combate à pedofilia na Igreja deve ser divulgado em setembro. 

Responsabilidade pelo passado

Em fevereiro, a Conferência de Bispos da França reuniu 120 representantes ao longo de três dias para discutir a responsabilidade nos casos de pedofilia do passado. A discussão terminou sem nenhuma decisão prática.

"Nós concordamos todos que, no passado, houve falhas na gestão das coisas, sem falar dos crimes cometidos", afirmou o Monsenhor Luc Ravel. "Mas ainda estamos divididos sobre a noção de responsabilidade coletiva em relação ao passado. Alguns acreditam que é preciso solidariedade em relação às gerações precedentes", disse na ocasião da conferência.

Os 120 bispos devem se encontrar novamente no final deste mês para votar um dispositivo de reconhecimento do sofrimento vivido pelas vítimas que, se aprovado, pode prever medidas financeiras, criação de monumentos e políticas de prevenção à pedofilia.

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