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Análise

O vagabundo e seus muitos patrões

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Parece incongruente o escarnio e a indiferença de quem ocupa a Presidência ante a tragédia que assola mais de 140 municípios do Estado da Bahia

Carlos Ferreira Martins

São Carlos (Brasil)
2022-01-02T13:54:00.000Z

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A hashtag #Bolsonarovagabundo atingiu rapidamente a condição de trending topics no jargão das redes sociais. Em princípio nada a estranhar frente à desfaçatez com que o capitão exibe, no litoral de Santa Catarina, a sua indiferença à tragédia que assola mais de 140 municípios do Estado da Bahia. 

De fato, parece incongruente o escarnio de quem ocupe a Presidência da República ante o sofrimento dos 40 mil desabrigados, de mais de meio milhão de pessoas diretamente afetadas e de prejuízos econômicos ainda difíceis de calcular. 

As redes sociais e a grande mídia têm explorado cada imagem e cada declaração do capitão reformado, não se furtando a destacar a bizarrice de suas fotos em jet-ski, a expressão sempre triste da filha Laura ou suas declarações quanto à expectativa de gozar das férias até o final. 

A ausência ou a presença de Michelle nas fotos mostra que, longe de indiferença, há um permanente e cuidado “diálogo” com as redes sociais.   

E não apenas com as redes bolsonaristas, que já não parecem gozar da expressiva hegemonia dos bons tempos. A contra hashtag #Bolsonaroorgulhodobrasil não conseguiu empatar o jogo, apesar do já denunciado uso de mais de 60 robôs.

Vários analistas chamam a atenção para a estranheza desse comportamento, não apenas de indiferença, mas de boicote ativo, como mostram a negativa de autorização diplomática para a ajuda da Argentina ou o valor ridículo da ajuda federal aprovada. 

Afinal, o colégio eleitoral da Bahia é o maior do Nordeste, região em que Bolsonaro já colhe os seus piores resultados e essa indiferença não faria muito sentido para alguém que está, desde que assumiu, em campanha aberta e declarada à reeleição. 

Para a maioria, não há senão reiteração da falta de empatia que sabidamente beira o perfil dos psicopatas. Afinal, se 620 mil mortos da pandemia, alguns milhares dos quais com requintes de sadismo frente à falta de oxigênio, não comoveram, por que poucas dezenas de nordestinos o fariam?   

Alan Santos/PR
Hashtag #Bolsonarovagabundo atingiu rapidamente a condição de trending topics no jargão das redes sociais

Para alguns, haveria até um certo cálculo nessa exibição de indiferença, na medida que o eleitorado bolsonarista raiz do sul se identifica com o preconceito antinordestino do entorno do capitão.

A minha desconfiança é que os volteios de análises em torno do caráter do capitão – ou das suas deformações, psiquiátricas ou não - constituem a mordida, deliberada ou não, numa isca muito bem plantada pelos seus patrões, sejam os que atualmente exercem o poder (militares, executivos do setor financeiro e hierarcas do centrão) sejam os verdadeiros donos de tudo o que ainda não foi vendido e do que já foi comprado.

É espantoso que, frente aos mais de 7.000 militares no governo federal (e alguns também no Judiciário), o caráter militar do regime ainda seja matéria exclusiva de alguns analistas de exceção como Piero Lerner ou João Roberto Martins. Ou que as pergunta pelos CPFs e CNPJs dos responsáveis pelo projeto fazendão, de que a monocultura de eucaliptos no sul da Bahia é só um exemplo, seja quase exclusivamente de Alceu Castilho e seu De Olho nos Ruralistas. 

Parece que já esquecemos do Sete de Setembro, menos de quatro meses atrás, quando o capitão e seus milicianos amestrados pareceram atuar fora do script e a velha política e os quadros militares atuaram de forma cirúrgica e rápida para reconduzir a Presidência “à normalidade”, sob o aplauso aliviado dos donos do país.

Talvez as esquerdas devessem se preocupar menos com a hipótese – de resto remota – de um "xuxu na vice-Presidência" do que com os indícios cada vez mais gritantes de que Bolsonaro não pretende ganhar o próximo mandato por meio de eleições legítimas. Ou, para honrar os nossos poucos analistas da questão militar, de que o capitão já não seja, saiba ele ou não, o nome da vez para dar continuidade ao golpe contra a população pobre e o patrimônio nacional.

Assim, só resta desejar um bom 2022, que certamente será muito próspero para cada vez menos gente, muito duro para cada vez mais gente e seguramente não terá muito lugar para o tédio.

(*) Carlos Ferreira Martins ´é professor titular do IAU USP São Carlos.

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Constituinte no Chile

'Base de um Chile mais justo', diz presidente da Constituinte na entrega de texto final

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Ao cumprir um ano de debate, Convenção Constitucional encerra trabalhos com entrega de nova Carta Magna a voto popular

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-07-04T21:39:54.000Z

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Aconteceu a última sessão da Constituinte chilena nesta segunda-feira (04/07) com a entrega de uma nova proposta de Constituição para o país. 

"Esta proposta que entregamos hoje tem o propósito de ser a base de um país mais justo com o qual todos e todas sonhamos", declarou a presidente da Convenção Constitucional, María Elisa Quinteros. 

Após um ano de debates, os 155 constituintes divulgaram o novo texto constitucional com 178 páginas, 388 artigos e 57 normas transitórias.

O presidente Gabriel Boric participou do ato final da Constituinte e assinou o decreto que convoca o plebiscito constitucional do dia 4 de setembro, quando os chilenos deverão aprovar ou rechaçar a nova Carta Magna.

"Hoje é um dia que ficará marcado na história da nossa Pátria. O texto que hoje é entregue ao povo marca o tamanho da nossa República. É meu dever como mandatário convocar um plebiscito constitucional, e por isso estou aqui. Será novamente o povo que terá a palavra final sobre o seu destino", disse.

No último mês, os constituintes realizaram sessões abertas em distintas regiões do país para apresentar as versões finais do novo texto constitucional. A partir do dia 4 de agosto inicia-se a campanha televisiva prévia ao plebiscito, que ocorre em 4 de setembro. 

Embora todo o processo tenha contado com ampla participação popular, as últimas pesquisas de opinião apontam que a nova proposta de constituição poderia ser rejeitada. Segundo a pesquisa de junho da empresa Cadem, 45% disse que votaria "não", enquanto 42% dos entrevistados votaria "sim" para a nova Carta Magna. No entanto, 50% disse que acredita que vencerá o "aprovo" no plebiscito de setembro. Cerca de 13% dos entrevistados disse que não sabia opinar.

Reprodução/ @gabrielboric
Presidente da Convenção Constitucional, María Elisa Quinteros, e seu vice, Gaspar Domínguez, ao lado de Gabriel Boric

"Além das legítimas divergências que possam existir sobre o conteúdo do novo texto que será debatido nos próximos meses, há algo que devemos estar orgulhosos: no momento de crise institucional e social mais profunda que atravessou o nosso país em décadas, chilenos e chilenas, optamos por mais democracia", declarou o chefe do Executivo. 

Em 2019, Boric foi um dos representantes da esquerda que assinou um acordo com o então governo de Sebastián Piñera para por fim às manifestações iniciadas em outubro daquele ano e, com isso, dar início ao processo constituinte chileno.

Em outubro de 2020 foi realizado o plebiscito que decidiu pela escrita de uma nova constituição a partir de uma Convenção Constitucional que seria eleita com representação dos povos indígenas e paridade de gênero.

"Que momento histórico e emocionante estamos vivendo. Meu agradecimento à Convenção que cumpriu com seu mandato e a partir de hoje podemos ler o texto final da Nova Constituição. Agora o povo tem a palavra e decidirá o futuro do país", declarou a porta-voz do Executivo e representante do Partido Comunista, Camila Vallejo.

A composição da Constituinte também foi majoritariamente de deputados independentes ou do campo progressista. Todo o conteúdo presente na versão entregue hoje ao voto público teve de ser aprovado por 2/3 do pleno da Convenção para ser incluído na redação final.

Com minoria numérica, a direita iniciou uma campanha midiática de desprestígio do organismo, afirmando que os deputados não estariam aptos a redigir o novo texto constitucional. Diante dos ataques, o presidente Boric convocou os cidadãos a conhecer a fundo a nova proposta, discutir de maneira respeitosa as diferenças e votar pela coesão do país, afirmando não tratar-se de uma avaliação do atual governo, mas uma proposta para as próximas décadas. 

"Não devemos pensar somente nas vantagens que cada um pode ter, mas na concordância, na paz entre chilenos e chilenas e pela dignidade que merecem todos os habitantes da nossa pátria", concluiu o chefe de Estado.

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