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Análise

Eleição na França mostra que política neoliberal não é capaz de conter o fascismo

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Ao evitar apoio direto a Macron, mas se posicionar como anti-Le Pen, Mélenchon se coloca como candidato a liderar base significativa no Parlamento após eleições legislativas de 12 e 19 de junho

Haroldo Ceravolo Sereza

São Paulo (Brasil)
2022-04-24T22:05:00.000Z

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A votação de Emmanuel Macron (A República em Marcha) na disputa presidencial francesa, em vitória sobre Marine Le Pen (Reagrupamento Nacional), relativamente apertada em relação a outras vezes em que a extrema-direita foi ao segundo turno, mostra que o fascismo segue avançando nos escombros do neoliberalismo. É possível, assim, comemorar a derrota de Le Pen, mas estamos longe de poder festejar a vitória de Macron. 

O terceiro lugar de Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), por sua vez, e a correta estratégia de defender que não se votasse em Le Pen sem tentar transformar seus eleitores em apoiadores incondicionais de Macron, aponta para um caminho a ser bem compreendido pela esquerda.

O crescimento do discurso neofascista, na França e em outros países, incluindo, claro, o Brasil, já governado por Jair Bolsonaro, é resultado do esgarçamento dos discursos e das políticas de igualdade. Entregues à própria sorte sob sucessivas gestões neoliberais, os franceses buscam em Le Pen um freio imaginário para a deterioração dos laços de solidariedade no país. 

Evidentemente é um discurso falacioso, mas isso não significa que o discurso e a prática neoliberais apontem qualquer solução para os trabalhadores, franceses ou imigrantes, cada vez mais explorados, enquanto uma classe de desocupados por opção vive uma vida cada vez mais luxuosa e improdutiva.

Em outras palavras, a deriva à direita que a política francesa viveu nos anos 2000, com a direita tradicional e o Partido Socialista aplicando políticas neoliberais reiteradamente, pariu o crescimento da extrema direita – antes azarões na corrida eleitoral, agora força recorrente na disputa pelos principais cargos do país.

A divisão da esquerda no primeiro turno, que tirou Mélenchon do segundo, e a postura firme na segunda volta colocam, no entanto, uma nova possibilidade no jogo. Mélenchon não é favorito, mas é forte candidato na disputa por liderar uma base parlamentar significativa e eventualmente até ser eleito primeiro-ministro, caso a esquerda encontre um mínimo de unidade nas eleições para deputado e consiga transformar as legislativas num debate sério sobre como mudar o rumo da história. 

O sistema político francês é bastante diferente do brasileiro. As eleições para a Assembleia Nacional, também para mandatos de cinco anos, coincidem no ano com as eleições presidenciais, mas não na dia exato, como no Brasil. Os franceses que votaram hoje em segundo turno para presidente voltam às urnas nos dias 12 e 19 de junho para escolher os deputados da Assembleia Nacional. E o Parlamento tem o poder de colocar o presidente francês numa situação de redução de poderes, caso eleja um primeiro-ministro de oposição – o que os franceses chamam de “coabitação” e ocorreu em alguns períodos sob as presidências de François Mitterrand (1981-1995) e Jacques Chirac (1995-2007).

Reprodução/Facebook
Le Pen, Macron e Mélenchon: atenções se voltam agora para as eleições legislativas de 12 e 19 de junho

Cada um dos 577 distritos (539 na França continental, 27 nos territórios ultramarinos e 11 para eleitores fora do país) elege um deputado. Para que um candidato vença no primeiro turno, é preciso que ele obtenha a maioria absoluta de votos e um número de sufrágios equivalente, no mínimo, a 25% do eleitorado registrado no distrito. Caso estas condições não sejam atendidas, disputa-se um segundo turno entre os candidatos que conseguiram pelo menos 12,5% dos votos do eleitorado registrado. Daí, basta ser o mais votado para conquistar a cadeira na segunda volta.

Macron governou, até agora, com maioria própria. Para ter maioria na Assembleia e, portanto, eleger o primeiro-ministro, são necessários 289 votos. Macron conta, até a eleição que se aproxima, com 346. Mas isso não precisa se repetir. 

Assim, o eleitorado pode usar as eleições parlamentares para “corrigir” o voto nas presidenciais. Essa foi a aposta de Mélenchon e de sua nova União Popular. Ao evitar o apoio, mas também a hostilidade aberta, a Macron, ele colocou os partidos de esquerda em condições de serem anti-Le Pen sem serem pró-Macron. Assim, dependendo das conjunturas locais, o voto dado a Macron pode se converter em voto pró-esquerda, enquanto o voto pró-esquerda tende a ser mantido. A esquerda, assim, pode concorrer em cada distrito buscando unidade em torno da resistência ao fascismo – o que, de fato, pode fazer na prática bem melhor do que a direita macronista.

Ao se recusar a uma aliança de subordinação a Macron, o que o Partido Socialista fez outras vezes e que explica, em alguma medida, seu enfraquecimento no cenário nacional, Mélenchon manteve a esquerda atenta e votando taticamente no segundo turno. Cerca de 60% de seus eleitores não votaram em Macron, muitos por rejeição absoluta, outros por rejeição tática: se sua vitória já se mostrava possível sem os votos da esquerda, não era necessário “queimar” a força adquirida para evitar um mal maior.

Mais do que tática eleitoral, no entanto, Mélenchon deixou claro que é preciso encontrar um caminho em que os partidos e ideais socialistas não se subordinem à lógica e à força eleitoral de neoliberais como Macron. É preciso manter, mesmo nas condições mais adversas, uma posição clara de rejeição dupla: ao fascismo e a seus obstetras neoliberais. Macron pode, individualmente, rejeitar o fascismo de Le Pen, mas sua política tem levado (e tende a continuar levando) o poder para as mãos da extrema-direita.

Vencer Macron agora deve ser a palavra de ordem dos diferentes partidos de esquerda da França. Porque só sua derrota pela esquerda pode frear a política inumana da extrema-direita francesa – que no primeiro turno já contou com um extremista mais radical que Le Pen, Éric Zemmour, do partido Reconquista.

Talvez não por acaso, noticiou-se neste fim de semana que Michel Temer deve apoiar Jair Bolsonaro num eventual segundo turno contra Lula. E recentemente vimos que as movimentações de um fisicamente quase irreconhecível Aécio Neves têm favorecido a candidatura Bolsonaro. Não são poucos os políticos neoliberais que, entre sua verdadeira oposição e o neofascismo, escolhem aqueles que os fizeram vir ao mundo.

Eleições 2022 na França

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Guerra na Ucrânia

Rússia diz que assumiu o controle total de Lugansk

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Ministério da Defesa da Rússia afirma que suas tropas tomaram a cidade estratégica de Lysychansk, assegurando o controle da região de Lugansk, no leste da Ucrânia

Redação

Deutsche Welle Deutsche Welle

Bonn (Alemanha)
2022-07-03T20:53:00.000Z

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A Rússia reivindicou neste domingo (03/07) o controle de toda a região de Lugansk, no leste da Ucrânia, após a conquista da cidade estratégica de Lysychansk, que foi palco de intensos combates.

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, o titular da pasta, Serguei Shoigu, informou oficialmente "o comandante em chefe das Forças Armadas russas, Vladimir Putin, sobre a libertação da República Popular de Lugansk".

Mais tarde, o Estado-Maior da Ucrânia confirmou em um comunicado publicado no Facebook que as tropas ucranianas foram forçadas a se retirar de Lysychansk,

"Depois de intensos combates por Lysychansk, as Forças de Defesa da Ucrânia foram forçadas a se retirar de suas posições e linhas ocupadas", disse o comunicado.

"Continuamos a luta. Infelizmente, a vontade de aço e o patriotismo não são suficientes para o sucesso - são necessários recursos materiais e técnicos", disseram os militares.

Lysychansk era a última grande cidade sob controle ucraniano na região de Lugansk.

Na manhã deste domingo, o governador ucraniano da região de Lugansk, Serguei Gaidai, já havia sinalziado que as forças da Ucrânia estavam perdendo terreno em Lysychansk, uma cidade de 100.000 habitantes antes da guerra. "Os russos estão se entrincheirando em um distrito de Lysychansk, a cidade está em chamas", disse Gaidai no Telegram. "Eles estão atacando a cidade com táticas inexplicavelmente brutais", acrescentou.

A conquista de Lysychansk - se confirmada - pode permitir que as tropas russas avancem em direção a Sloviansk e Kramatorsk, mais a oeste, praticamente garantindo o controle da região, que já estava parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

Militärverwaltung der Region Luhansk/AP/dpa/picture alliance
Lysychansk está em ruínas após combates entre as forças russas e ucranianas

No sábado, um representante da "milícia popular de Lugansk" havia afirmado que os separatistas e as tropas russas haviam cercado completamente Lysychansk, algo que foi inicialmente negado pela Ucrânia

Explosões em cidade russa

Ainda neste domingo, a Rússia acusou Kiev de lançar mísseis na cidade de Belgorod, perto da fronteira entre os dois países.

"As defesas antiaéreas russas derrubaram três mísseis Totchka-U lançados por nacionalistas ucranianos contra Belgorod. Após a destruição dos mísseis ucranianos, os restos de um deles caíram sobre uma casa", informou o porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.

O governador da região, Viacheslav Gladkov, já havia anunciado anteriormente a morte de pelo menos três pessoas em explosões naquela cidade.

As acusações levantadas por Moscou foram divulgadas um dia depois de a Ucrânia denunciar o que chamou de "terror russo deliberado" em ataques na região da cidade ucraniana de Odessa.

Segundo autoridades militares e civis ucranianas, pelo menos 21 pessoas, incluindo um menino de 12 anos, foram mortas na sexta-feira por três mísseis russos que destruíram "um grande edifício" e "um complexo turístico" em Serhiivka, uma cidade na costa do Mar Negro, a cerca de 80 km de Odessa, no sul da Ucrânia.

"Isso é terror russo deliberado e não erros ou um ataque acidental com mísseis", denunciou o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, na noite de sexta-feira, enquanto as autoridades locais asseguraram que "não havia qualquer alvo militar" no local dos ataques.

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