A Justiça argentina anunciou hoje (19) a sentença de um dos piores desastres da história recente do país. No dia 30 de dezembro de 2004, 194 pessoas morreram e cerca de 1.400 ficaram feridas em um incêndio ocorrido numa casa noturna chamada República Cromañón, em Buenos Aires.
O empresário Emir Omar Chabán, ex-gerente da casa, foi condenado a 20 anos de prisão. Os integrantes da banda de rock Callejeros, que fazia um show na noite da tragédia, foram absolvidos. O então empresário do grupo, Diego Argañaraz, pegou 18 anos de prisão.
O Ministério Público havia pedido 23 anos de reclusão para Chabán, que foi considerado o responsável direto pelo incêndio e condenado também por pagar propina a policiais.
Fabiana Fiszbin e Ana María Fernández, funcionárias do governo de Buenos Aires, foram condenadas a dois anos de prisão por “descumprimento de funções”.
O próprio governo da província de Buenos Aires, o governo federal e todos os 15 indiciados no caso devem ainda pagar uma indenização de 121,6 mil pesos (o equivalente a 58 mil reais) dentro do prazo de dez dias. O presidente do tribunal, Marcelo Alvero, afirmou que o veredicto foi unânime.
Superlotação
O incêndio começou quando fogos de artifício lançados pela banda atingiram um material inflamável no teto da casa noturna. A promotoria calcula que o local, que tem capacidade para mil pessoas, tenha recebido o triplo de ocupação naquela noite.
No momento em que as pessoas tentavam deixar a discoteca, a luz foi cortada. Em meio à fumaça e à escuridão, muitos foram pisoteados. Além disso, uma das saídas de emergência estava trancada.
O episódio provocou várias investigações sobre irregularidades cometidas no funcionamento de discotecas da capital. Como consequência, o prefeito da cidade, Aníbal Ibarra, acabou destituído.
Indignação
Durante a leitura da sentença, hoje à tarde, houve tumulto entre familiares das vítimas que estavam presentes. A sessão foi interrompida logo após o anúncio da absolvição da banda.
Pais das vítimas montaram um serviço de informação radiofônica para ler os nomes das 194 vítimas e convidar as pessoas a protestar. Algumas pessoas começaram a insultar os músicos, que estavam presentes, e foram contidas pelos policiais. Do lado de fora, familiares protestaram contra a sentença e tentaram empurrar e agredir os músicos. Eles chegaram a entrar em choque com os 100 policiais que estavam dentro e fora do prédio, desde as 10h da manhã. Depois, os manifestantes fizeram marcha de protesto nas imediações da boate.
Do lado de fora do Palácio de Justiça, fãs da banda comemoraram a decisão da Justiça. Os integrantes do Callejeros são Patricio Fontanet, Juan Carbone, Cristian Torrejón, Elio Delgado, Daniel Cardell, Eduardo Vázquez, Maximiliano Djerfy.
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