O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, advertiu hoje (3) na Conferência Mundial sobre o Clima, em Genebra, que “o Ártico está aquecendo mais rápido do que qualquer outro lugar na Terra” e “poderia ficar sem gelo até 2030”.
O secretário veio de uma visita à base de Ny Alesund (Noruega), no Ártico, onde observou in loco o impacto da mudança climática.
Em discurso para mais de mil participantes, Ki-Moon pediu que os governos participantes da Conferência Internacional sobre Mudança Climática, que será realizada em dezembro, em Copenhague, façam um acordo que permita “profundos cortes nas emissões” de gases poluentes. Um novo tratado climático, que irá substituir o Protocolo de Kyoto após 2012, está sendo negociado em várias reuniões, para ser aprovado no encontro ministerial de dezembro.
Martial Trezzini/EFE
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, discursa sobre o problema do Ártico durante Conferência Mundial sobre o Clima
O secretário-geral da ONU revelou que cenários que só deveriam ocorrer futuramente, segundo estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, estão “ocorrendo agora”. “Em vez de refletir o calor, [o Ártico] está absorvendo, enquanto o gelo diminui. Isso acelera o aquecimento global”.
A consequência é que um gás de efeito estufa 20 vezes mais poderoso que o dióxido de carbono, atualmente preso no subsolo e no leito das geleiras, está sendo liberado para a atmosfera conforme o Ártico derrete. Ki-Moon também advertiu que o aumento do degelo da Groenlândia ameaça elevar o nível do mar e esfriar a corrente do Golfo, que leva calor à Europa. “Estamos pisando no acelerador e estamos nos dirigindo ao abismo”, alertou.
O secretário-geral da ONU também disse que já se observa um aumento do nível do mar, que pode subir entre 50 centímetros e dois metros até o final do século 21, colocando em risco às populações que vivem em ilhas, em áreas litorâneas e deltas, entre outros lugares.
Falta de ação
Ki-Moon lamentou que, apesar da situação preocupante, continue a “inércia” na luta contra a mudança climática, o que fica evidente nos “limitados progressos nas negociações” de Copenhague.
Ele disse ser necessário um rápido financiamento internacional para que os países com mais risco de sofrerem a mudança climática se adaptem. Além disso, mencionou a necessidade dos países em desenvolvimento reduzirem suas emissões, precisando, para tanto, de apoio econômico e tecnológico dos mais ricos.
Segundo cálculos revelados na terça-feira, especialistas da ONU estimam que o mundo precisa investir entre 500 bilhões e 600 bilhões de dólares anuais – 1% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial – em medidas de mitigação e adaptação à mudança climática, para evitar as consequências mais nefastas deste fenômeno sem prejudicar o crescimento dos países em desenvolvimento.
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