Israel autorizou hoje (7) a construção de 455 novas casas nas colônias que abriu na Cisjordânia ocupada, uma decisão que os palestinos qualificaram de “desafio” aos esforços internacionais para reativar o processo de paz na região.
A autorização foi assinada pelo ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, e dá sinal verde para construir 455 casas em colônias que o Estado judeu pretende anexar caso retornem as negociações para a criação do futuro Estado palestino.
Cerca de 160 casas serão construídas no bloco de Gush Etzion, no distrito de Belém e ao sudoeste de Jerusalém; outras 190 em assentamentos que ao redor da cidade santa; e cerca de uma centena na localidade de Modiin e no vale do Jordão.
O governo israelense afirmou que os projetos se localizam ao lado da Linha Verde, mas o secretário-geral do movimento Paz Agora, Yariv Oppenheimer, assegurou que “alguns estão a dezenas de quilômetros” desse traçado que separa Israel e Cisjordânia. “Os colonos receberam do governo um bom presente de Ano Novo”, disse Oppenheimer, em alusão à celebração próxima dessa festividade, de acordo com o calendário tradicional judeu.
Críticas de palestinos e israelenses
A medida foi criticada negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, que a considerou “um sério desafio” aos esforços da comunidade internacional para pôr fim ao conflito regional. Ele ressaltou que vários dos projetos serão erguidos “em assentamentos em volta de Jerusalém Oriental”, onde os palestinos exigem estabelecer a capital de seu futuro Estado.
“Representa um sério desafio à comunidade internacional, que durante os últimos oito meses exigiu com clareza das duas partes o respeito do direito internacional para criar um ambiente que permita o reatamento de negociações sérias”, disse.
A decisão não satisfez os colonos, cujo representante Daniel Dayan, presidente do Conselho de Assentamentos Judaicos Yesha, considerou de “pouco benefício”. Ele afirmou que uma posterior suspensão da construção nas colônias “prejudicará politicamente” o Estado judeu.
“Rejeitamos qualquer paralisação (da edificação nas colônias) e acreditamos que a maioria dos ministros do governo e do Parlamento nos apóia”, disse Dayan.
Kobi Gideon/EFE
Operários palestinos trabalham no assentamento judeu de Har Gilo
Aproximadamente 300 mil colonos judeus residem em mais de uma centena de assentamentos distribuídos pela Cisjordânia, e outros 200 mil vivem em Jerusalém Oriental, os dois territórios onde, junto à Faixa de Gaza, seria estabelecido o futuro Estado independente palestino.
Retomar o caminho para atingir essa meta é o objetivo que levará de volta ao Oriente Médio no próximo fim de semana o enviado especial dos Estados Unidos, George Mitchell. O presidente norte-americano, Barack Obama, exige uma paralisação do crescimento das colônias em território palestino para retomar o processo de paz, e oferece em troca uma ajuda para que os países árabes realizem gestos em favor do reconhecimento da existência de Israel.
Obama trabalha há meses para colocar o plano em prática. A tentativa deve acontecer em uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente palestino, Mahmud Abbas, durante a Assembleia Geral da ONU, neste mês, em Nova York.
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