Oficial do Exército argentino, Juan Domingos Perón era o líder de um grupo de coronéis que assumiu posição de destaque após a derrubada do governo Ramón Castillo, em 1943, um grupo que manifestava simpatia aos movimentos fascistas e nazistas da Itália e da Alemanha.
Como ministro do Trabalho e do Bem Estar Social, e mais tarde ministro da Guerra e vice-presidente, Perón exercia o poder real por detrás da administração de Edelmiro Farrell [militar, foi presidente de facto da Argentina entre 1944 e 1946]. Ao respaldar os sindicatos de trabalhadores e decretar uma extensa legislação de benefícios trabalhistas, conquistou a fidelidade dos trabalhadores argentinos, que passaram a constituir a coluna vertebral de sua sustentação política e social.
Preso em 1945, após tentativa de golpe de Estado, foi libertado após manifestações públicas de trabalhadores, tendo sido eleito presidente por expressiva maioria em 1946.
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O programa político de Perón – chamado por ele de terceira via entre o capitalismo e o comunismo – tinha forte apelo nacionalista, anti-imperialista e anti-Estados Unidos. Baseava-se em uma rápida industrialização e auto-suficiência econômica.
No exercício do poder, Perón tornou-se paulatinamente autoritário: oponentes foram encarcerados, a imprensa foi amordaçada ou simplesmente fechada e a educação era estritamente controlada.
Com a ajuda de sua carismática segunda mulher, Eva Duarte de Perón, Evita, converteu os sindicatos em organizações militantes, conhecidos como descamisados, contando também com esquadrões de inspiração fascista.
O apoio ao governo peronista se debilitou nos primeiros anos da década de 1950, após o encerramento da Segunda Guerra Mundial, quando caiu o preço do trigo e da carne, produtos exportados em larga escala aos países em conflito.
A morte, em 1952, de Evita Perón, que liderava imensas massas da população, também contribuiu para o declínio do presidente. Uma campanha anticlerical lançada por Perón levou-o à excomunhão, em junho de 1955. Uma pouco usual coalizão da Igreja, comandantes militares, empresários, setores reacionários e conservadores, que antes apoiavam Perón, dele se afastaram.
Os militares assumiram o poder em 19 de setembro, forçando-o a fugir, primeiro ao Paraguai e, finalmente, à Espanha (1960).
Às vésperas daquela data, a emissora rebelde LV2 pedia ao chefe de polícia para se render e recomendava aos habitantes que não saíssem de casa. Era a ameaça mais grave que Perón sofrera desde que chegou ao poder. O governo proclamou estado de sítio em todo o país e a polícia cercou a Casa Rosada (Palácio do Governo). As forças golpistas investiram em quatro frentes e, depois de 18 horas de luta intermitente, ocuparam a cidade portuária de Bahia Blanca, no sul da Argentina, depois Rosário, Córdoba e, finalmente, Buenos Aires.
Juan Perón havia decretado a imediata aplicação do “Plano Conintes”, elaborado pelo Conselho de Segurança Nacional. O general Franklin Lucero, nomeado chefe das forças de repressão, autorizou o toque de recolher das 20 às 6 horas e o Banco Central determinou a suspensão de todas as atividades bancárias na capital.
Quatro dias após a eclosão do movimento golpista, o presidente Perón renunciou depois de exercer o governo por nove anos. Uma junta militar assumiu o poder. Os chefes do golpe designaram um governo provisório, comandado pelo general reformado Eduardo Lonardi, católico devoto e adversário do governo peronista desde 1950.
Perón voltaria ao poder, em eleições diretas, em setembro de 1973. Governaria menos de um ano, vindo a falecer em 1º de julho de 1974. Quem assumiu o poder foi sua terceira mulher, eleita vice-presidente na chapa peronista, Maria Estela Martinez de Perón, conhecida pelo pseudônimo artístico de Isabelita.
Passado tanto tempo, e após duras reviravoltas políticas, o peronismo permanece como a mais poderosa força política na Argentina.
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