Num momento em que a Venezuela, Bolívia e Equador fazem duras críticas ao acordo militar entre Washington e Bogotá, os Estados Unidos entregam ao Equador o Fol (Posto de Operações Avançadas, da sigla em inglês) que havia sido instalado há 10 anos no porto pesqueiro de Manta, teoricamente para o combate as drogas.
Com a saída dos últimos 15 militares norte-americanos, as autoridades equatorianas assumiram o controle do Fol ontem (18) em uma cerimônia realizada na própria instalação, expressando rejeição às bases estrangeiras em território nacional.
“Nunca mais bases estrangeiras em território equatoriano, nunca mais uma venda da bandeira”, afirmou o ministro das relações exteriores Fander Falconí, que insistiu nas críticas do governo à concessão em 1999 de parte da base da FAE (Força Aérea Equatoriana) em Manta a Washington para atividades aéreas para controlar o narcotráfico.
“Não tiveram escrúpulos em subordinar a soberania do Equador”, disse Falconí fazendo referência a assinatura do convênio, em 1999. Segundo ele, o assunto não foi debatido ou aprovado em plenário pelo Parlamento do Equador, apenas pela Comissão de Assuntos Internacionais e pelo então chanceler, Heinz Moeller. Na época, o então presidente equatoriano, Jamil Mahuad, previa o uso da base até novembro de 2009.
A Procuradoria equatoriana investiga supostos abusos das tropas norte-americanas, que são acusadas pelo afundamento de barcos e pelo desaparecimento de pessoas sob o pretexto do combate às drogas.
No Fol, que ocupou 5% dos 755 hectares da base da FAE, Washington podia manter no máximo 450 militares e utilizar até oito aviões para o rastreamento de aeronaves e submarinos do narcotráfico, que cobriam uma área de 6.400 quilômetros sobre o Pacífico, do Peru até a América Central.
Os Estados Unidos realizaram mais de 5.500 missões a partir do Equador e participaram de operações coordenadas com os postos de Curaçao e de El Salvador nas quais foram apreendidas cerca de 1.700 toneladas de drogas avaliadas em cerca de 35,1 bilhões de dólares, segundo os dados norte-americanos.
Super tucanos
O comandante de operações aéreas e de defesa da Força Aérea do Equador, Alonso Espinosa, disse que, a partir de agora, a base, situada a 260 quilômetros da capital Quito, dará assistência às forças de combate que trabalham na fronteira e continuará na luta contra o narcotráfico.
Segundo Espinosa, o Equador receberá a partir de janeiro dois aviões Super Tucano, da Embraer, por mês, de um total de 24 aeronaves. Esse contingente será dividido em dois esquadrões, um de ação antecipada e outro de ataque.
O Fol foi devolvido depois que o presidente Rafael Correa anunciou em julho de 2008 que não renovaria o convênio firmado em novembro de 1999. Além disso, a nova Constituição do Equador, aprovada no ano passado, proíbe bases militares estrangeiras em território nacional. Não renovar o convênio com Washington foi uma das promessas da campanha eleitoral de Correa em 2006.
Há pouco mais de um mês, a Colômbia anunciou que aceitará a instalação de sete bases militares norte-americanas em seu território. A decisão do presidente Álvaro Uribe incomodou a maioria dos líderes latino-americanos, pois esse plano militar é visto como um fator de desestabilização a soberania regional.
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